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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O Beijo da Alamoa (conto)


Quando tinha 10 anos, fui com meus pais para Fernando de Noronha, um dos paraísos na terra. Nunca imaginei que aquela viagem seria tão traumática para minha família, pois foi lá em Fernando de Noronha que, meu pai desapareceu para sempre. Minha mãe não gostava de falar sobre o assunto, dizia que meu velho tinha sofrido um acidente ao tentar subir no pico, uma elevação rochosa com 321 metros de altura lá na ilha, sempre desconfiei que houvesse mais coisas ali que, minha mãe se recusar a mim contar.

- Mãe como o papai morreu? – eu não me cansava de perguntar isso a ela.

Minha Mãe sempre me respondia – Por estupidez, queria dar uma de garotão, acabou caindo do pico, quebrou o pescoço e morreu.

Mas como meu pai caiu do penhasco e quebrou o pescoço se, nunca acharam seu corpo?

Cresci sem saber o que tinha acontecido de verdade naquele dia em Fernando de Noronha e, não iria saber da verdade por muito, muito tempo. Minha mãe tinha pavor só em pronunciar o nome – Fernando de Noronha – e me fez jurar que eu nunca iria voltar aquela ilha.

Em seu leito de morte, minha mãe me chamou e disse – Franco, por favor, não vá até aquela ilha, seu pai morreu e você não pode mudar isso. Me prometa! Me prometa que não vai voltar aquela ilha!

Não queria mentir para minha mãe, mas sabia que não iria conseguir viver em paz, sem saber o que tinha acontecido naquele passeio fatídico, minha mãe também sabia que eu não teria paz.

- Não vá! Não vá até a Alamoa! – disse minha mãe enquanto delirava antes de morreu em meus braços.

Alamoa? Mais o que será uma Alamoa – minha mente não parava de pensar naquele nome. Providenciei o enterro de minha mãe, fiz as malas e parti para Fernando de Noronha – Ela tinha que me perdoar – pensava enquanto viajava, minha mãe tinha que me perdoar, não podia viver assim, não mais, agora tinha um nome e iria até o fim para descobrir o que aconteceu com meu pai. Era o inverno de 1987 e não sabia o que me aguardava aquele inverno.

Cheguei a Fernando de Noronha, disposto a descobrir toda a verdade, procurei por pescadores nos bares da ilha, para saber mais sobre essa Alamoa.

- Garoto vá para casa – me disse um pescador.

- Vim do Recife para saber a verdade meu amigo e, só saio daqui com respostas.

- Você vai sair daqui em um caixão se, tiver sorte, se não, nem um corpo para chorarem vão ter.

(continua...)

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