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segunda-feira, 28 de julho de 2014

Coisa que não se explica


Coisa que não se explica



Chorei porque não pude comprar um livro, disseram-me, me repreendendo: “É apenas um livro!”. Eles não entendem o que é um livro. Nunca vou chorar pela perda de um celular. N-U-N-C-A! Mas quem vai entender isso? Quem vai entender que não me importa se não consigo atualizar meu perfil na rede social do momento. Só porque não coloquei aquela foto, daquele lugar que fui, mas não vi nada, mas fotografei tudo, em um cd, no meu notebook devo ser infeliz?

Chorei que meus olhos incharam por não ter conseguido comprar aquele livro. Outro dia um amigo veio me visitar, me mostrou seu tablet, não achei graça, perguntei o que ele queria com um tablet, não soube me responder. Não! Sei que você está achando que eu só um saudosista, um retrógrado, um homem de neardental, não, não, só queria comprar um livro, apenas isso. É crime?

Acho que nunca vão entender o que estou sentido, porque choro toda vez que vejo aquele livro, lá no canto da estante esquecido, doido, mas doido mesmo, para por mim ser lido.   


Marcos Martins.

sábado, 26 de julho de 2014

Oficio II


Oficio II



Antes, escrevia versos no papel com uma caneta vermelha.
Hoje, utilizo as teclas de meu computador, mas os sentimentos tempestivos não se foram, ficaram até mais rápidos.

Que bom é poder criar e não vendar a alma;
Que bom é poder criar e sentir-se realizado;
Que bom é poder criar, é poder voar, é poder cair e levantar;
Que bom é poder criar e poder lutar pela melhoria do seu texto, buscar a perfeição que nunca vem, nunca chegara. E isso é maravilhoso, pois nos motiva a seguir, a andar, andar, andar, até nossos pés ficarem inchados.

Não se pode parar, se não se afunda e se morre.

Quem escreve não deve temer a morte;
Que escreve não deve temer a vida;
Quem escreve não deve fugir de si.



Marcos Martins.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Vai em paz, Ariano, vai em paz



Deixou nosso plano astral o paraibano mais pernambucano que já conheci. Estamos triste aqui, mas o céu está uma festa só. Todos os escritores que já se foram estão recebendo Ariano Suassuna com honras. Foi-se o homem, ficou a excelente obra.

Faz-me um bem


Faz-me um bem


Não se explicam poemas;
Se sentem poemas; 
Se sente a poesia.

Se você tem que explica-los, o poema não fez sua função social, que é a de virar poesia, que é a de transmutar-se em sentimentos, em palpitações, em lágrimas cristalizadas nas íris, num respirar quebrado de tanta emoção contida dentro do peito, dentro da alma.

Não se explica uma poesia;
Não se explica os caminhos que levaram o poeta a escrever – externar – sua poesia, pois a poesia faz parte da alma do poeta, que ele deixa partir de si, para dentro de ti.

Não, não se pode explicar o que faz um homem escrever e sentir-se livre; escrever e sentir-se vivo, mesmo que o poema ou poesia seja triste – Há vida neles –. 

Há coisas que não se explicam; 
Há coisas que não se devem explicar. Sinta... Sinta... Sinta!

Poesia vem, vem e me salvar.          

Marcos Martins.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Reflexões de um homem que apenas olha

Imagem Google do poeta  Walt Whitman 

Reflexões de um homem que apenas olha


Ontem, vi um poeta bêbado que se equilibrava em sua poesia, ele sorria, chorava, ele soluçava, grita aos quatro cantos que queria voar; jogava pedaços de papeis no ar, eram partes de uma poesia que acabara de parir.

Vi esse poeta solto, mas solto mesmo, nenhuma rima lhe prendia, nenhuma tentativa de simetria lhe agarrava, ele realmente era livre, como homem, ser humano, como todo poeta deveria ser.

Vi aquele poeta, ali, serelepe, a se equilibrar em sua poesia e pensei comigo mesmo: - Quem dera ser poeta, quem dera poder transformar as sensações da vida, que adentram meus poros, minhas vísceras, em versos imortais. Ah! Os deuses homens morreriam de inveja, os anjos, que não sabem falar, morreram de inveja – venderiam até as asas para poderem conceber uma única linha -. Mas essa não é a função do poeta, não é a soberba que lhe move, nem o dinheiro, porque poesia não dá dinheiro, a menos que você esteja morto é tenha sorte.

Vi o poeta, vi o poeta que não precisava de mais nada na vida, apenas de suas rimas e suas narrativas livres, como o Marcelino bem explicou. E aquilo me vez um bem, me fez achar que há lugar no mundo para mim - para os tolos sonhadores -, além dos pessimistas que escondem seus sonhos de baixo do travesseiro, torcendo que Morfeus não venha busca-los.


Marcos Martins.   
11/08/13.        

P.S.: Poema feito após a leitura do blog do escritor Marcelino Freire, do texto: POR UMA NARRATIVA LIVRE.

Blog: http://marcelinofreire.wordpress.com/2013/08/06/por-uma-narrativa-livre/  

sábado, 19 de julho de 2014

QUANDO DESCOBRI QUE ESTAVA VELHO


QUANDO DESCOBRI QUE ESTAVA VELHO


Como descobri que estava velho? Não foi com o cair de meus cabelos grisalhos, que brilhavam e sorriam de forma debochada para mim. Não.

Não foi o espelho mostrando as rugas das experiências - sempre esnobadas pelos mais jovens -, nem os passos que não conseguia dar para alcançar o dia a dia. – Tive que criar meus próprios dias para conseguir caminhar.

Não foram os remédios que me dão uma sobrevida;
Não foram as idas ao geriatra, nem a elasticidade petrificante que meu corpo começou a revelar, nada disso.

Não foram os adolescentes que não queriam saber de meus saberes, não foram eles que me fizeram enxergar a velhice.

Meus órgãos estão cansados, mas prosseguem a labutar;
Meus olhos estão cansados, no entanto continuam a me guiar por modernas e seculares paisagens.

Descobri que estava velho quando deixei de sonhar e, para tal fato, a idade foi à peça que menos importou.


Marcos Martins.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Técnica



"A técnica é necessária, não existe inspiração que consiga preencher um livro com mais de cem páginas, porém há momentos inspiradores que podem tornar o livro único ao longo dos séculos".

Marcos Martins.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Saberes



Saberes


Aqui, componho uma serenata triste - sentando num catre e só;
Aqui, componho uma valsa áspera - deitado em uma cama fria e áspera;
Aqui, me torno grande aos olhos de ninguém - o tamanho varia com o passar das horas e curvo-me com o passar dos anos.

Um gole de vinho para alegrar a alma - mas não pode ser vinho seco;

Um copo d’água para me afogar a impotência - mas não pode ser suja;

Um pouco de cólera para me manter vivo - que não venha fria;

Um pouco de sono sem sonhos molhados - insônia vem e me dá motivos para sorrir.

Corações não devem ser guardados em caixas;
Poesia não tem que ser métrica;
Estradas não deveriam ter pedágio; 
Mulher não e um ser assim tão frágil.

Aqui, coloco meu pesar tão triste, em linhas que o tempo me concedeu.

Sorrisos - ouço em demasia, por um amor que nunca se vez meu.

Aqui, escrevo minhas verdades que de verdade só tem sua falta de serventia.

A vida é uma eterna metafísica - poesia sem rima é poesia.
Saber que nada sei, um dia deve ter algum sentido; 

Saber que nada sei me dá motivos para continuar seguindo.



Marcos Martins.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Dicas muito boas para escritores

O escritor e consultor editorial, Anderson Fonseca, tem dado dicas muito boas sobre o universo literário no linkedin e além disso tem um site onde ele presta seus serviços para as pessoas que estão tentando ingressar no mercado editorial.

Esse é o site dele: http://www.afconsultoriaeditorial.com/

E aqui o site do linkedin: https://www.linkedin.com/groupAnswers?viewQuestionAndAnswers=&gid=1836815&discussionID=5890112131495383044&trk=eml-group_discussion_new_comment-respond-btn&fromEmail=fromEmail&ut=0nTZUMz1_PiSk1  

Valei a pena dar um ciber pulo lá.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

MEU ÚLTIMO DESEJO


MEU ÚLTIMO DESEJO


Quantas vidas uma pessoa pode ter em um único dia? – Milhares ou nenhuma.

Minhas pernas não chegaram aonde eu queria, mas é preciso continuar a caminhar, assim como é preciso respirar, alimentar-se, fingir sorrir, fingir se alegrar, sonhar e ter medo.

Mais um ano que se esvai e a poeira do tempo incomodam-me os olhos, que antes estavam tão abertos e agora lutam para não fecharem.

Lembro-me do tempo em que enchia o peito com esperanças por um ano novo melhor, com menos mortes e ódio, com menos dor e mais altruísmo, mais amor ao que não é o meu umbigo.

Agora que mais um ano se esfarela, e logo, logo, todas as rádios entoarão cânticos momescos – para esconder, para por embaixo do tapete todas as coisas não concretizadas, todas as promessas não cumpridas, toda força em vão, tudo o que ficou apenas idealizado em plantas baixas... Eu sei, eu sei, eu sei do outro lado do mundo há algo bom e altivo para todos os que pronunciaram poucas vezes a palavra “Não”.  

Meu último desejo, antes do badalar da aurora que logo vai se apresentar, é não ter mais desejos para meu corpo todo dilacerar.


Marcos Martins. 

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Escrito a ti, meu doce espírito perdido


Escrito a ti, meu doce espírito perdido


Tenho algo a dizer;
Tenho algo a escrever;
Tenho algo para balbuciar;
Tenho mãos e não sei tocar.

Os pássaros não migram mais;
Os homens não me matam mais;
Os filhos não enterram os pais;
Tenho mãos e só sei quebrar.


Cada linha preenchida é menos um dia;
Cada casa por mais limpa, tem sujeiras bem escondidas;
Cada pedaço de pão, de migalha jogada ao chão, é vista como alimento por pombos que não sabem agradecer – apenas devoram sem mastigar.

Tenho todo o tempo do mundo;
Tenho todos os dias guardados;
Tenho todas as chaves que abrem gavetas que guardam segredos mortificados; 
Tenho todos os devaneios do poeta louco que pulou da ponte, rumo ao espaço sem fim; 
Tenho todos os saberes escondidos dentro de livros velhos e sábios;
Tenho tudo, tudo o que preciso para iluminar a obscuridade que chega sorrateiramente e me apalpa.

Um soneto é só disso que preciso para preencher meu mundo descolorido;
Uma poesia mórbida, escrita pelas mãos de um ingênuo estoico, é só disso que preciso para sentir que ao me tocar continuo vivo.

Poesia que me completa, não se faça sentido, apenas se faça sentir, é só disso que precisa meu velho espírito carcomido, de lê-la e preencher esse vazio que me toca, me sufoca, maltrata, me queima a vontade de estar vivo – mesmo com esse lindo sol a me sorrir e a dizer-me que – sim – tudo, absolutamente tudo faz sentindo, por mais que olhe as estradas e me sinta um proscrito.


Marcos Martins.