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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O ditador sem reino



O ditador sem reino
(Marcos Martins)

Estou aqui em meu trono, posso sentir tudo com uma voracidade que machucaria até os deuses do olimpo.

Sinto tudo com a serenidade plena dos moribundos.
Vejo os lobos em seus covis, vejo as presas em suas prisões.

Meu trono é todo meu, por toda a decadência que os tempos possa me dar. Sinto prazer em me desfazer de meus desafetos, pois os bobos da corte já não me fazem rir com outrora, porém continuo imponente em meu reino, pois tenho mercenários como amigos.

Meu reino por um toque amigo! 
Meu reino por um sorriso puro!
Minha alma por uma justiça, verdadeiramente, justa.

Faço minhas leis - a executa meu carrasco -.
Faço minhas leis em meu reino decadente – ilusões de um pobre sonhador que não sonha há tempos.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Uma luz para meu ser




Uma luz para meu ser
(Marcos Martins)


Tudo o que me foi dito;
Todos os meus vícios adquiridos;
O nada, e pensei que soubesse tudo.
Homens se matam e pedem paz com a alma lavada em sangue – sangue misturado a terra –.

Frases desconexas, vida passageira;
Frases desconexas, solidão, amor, afago, rimas feitas sem sentido, vida sofrida e passageira.   

Não quis vir até aqui, mas minhas pernas não me obedeciam e escolherem o caminho menos apropriado.

O tempo passa e você evaporar em questão de minutos. Tudo bem, continue seguindo, é o mínimo de conforto que você poderia me dar em um mundo onde a polução noturna me da tanta paz, e o sentido das coisas perdem o sentido porque estamos todos perdidos e fingimos que sabemos para aonde estamos indo.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Platônico



Platônico
(Marcos Martins)

Que sentimentos são esses? 
Que vida é essa?
Quem eu sou nesse mundo?

Eu rumo sem rumo; 
Eu fujo dá dor, 
Deito-me, fecho os olhos, enxergo a beleza das rosas e todo o perigo incontido da flor. 

Deixei de me importar com quem sou, pois o que importa é que entrei em tua vida.

Adentro teu corpo, toco o âmago do teu ser, te adubo por dentro para que por fora sejas bela de ser vista; desejada por todos, porém só minha.

Não importa se o mundo me faz sangrar, se há vida me faz chorar, porque me tens, me controlas; me consomes. 

Colho teu alimento, mastigo-o para você 
Reconforto-me com teu sorriso
Preciso te sentir para dar razão a meu viver.

É triste esse amor, pois deixei de me amar para te amar, para me sentir em ti.

Deixei de me enxergar, para ser teus olhos;
Deixei de respirar, para ser teus poros; 
Troquei o meu ser, por teu bem estar.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Eu recomendo o blog: Gardenow

Lugar

nunca pisei na lua

na capadócia

na peninsula iberica

nos estados unidos da américa

nunca fitei o mediterraneo

eu só sonhei

e acordei

onde sempre fui feliz

eu já pisei no muturo

do curral

já me arranhei no laranjal

comi siriguelas no quintal

cai do pé de manga

vi o tapete rosa embaixo do pé de jambo

corri da vaca parida no campo

mergulhei no rio da estrada

busquei água na fonte

subi no monte

admirei tudo

e me bastou

Vonaldo Mota.





Quer ler mais poemas do poeta Vonaldo? click na imagem acima para ir visita o blog dele. 

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Gosto



Gosto
(Marcos Henrique Martins)

Gosto de acordar e sentir que ainda vivo;
Gosto de poder me levantar e fazer minha higiene, sozinho;
Gosto de sentir a água, molhada, em meu corpo, a me limpar às impurezas externas;
Gosto de imaginar possibilidades para minha vida enquanto tomo banho;
Gosto de pronunciar a palavra “vida”;
Gosto de ter amigos por perto, até os mais chatos;
Gosto de ter amigos por perto, dos mais falantes ao mais calado;
Gosto de poder falar o que penso;
Gosto de escrever o que sinto;
Gosto de não escrever poesias métricas;
Gosto de não parir romances metódicos;
Gosto de ler;
Gosto de ver;
Gosto de experimentar gostos;
Gosto de poder tentar amar;
Gosto de não morrer nem matar por amores;
Gosto de não me perder em minha rotina;
Gosto de poemas que me fazem chorar;
Gosto do que minha poesia te causa;
Gosto de pessoas que tentam melhorar sua natureza;
Gosto de palavras de reflexão que me fazem questionar;
Gosto de ouvir palavras falaciosas proferidas de bocas soberbas;
Gosto de fechar os olhos, dormir, e saber que vivi por mais um dia nesse mundo de perfeitos, logo eu que não sei relaxar por inteiro.
Gosto do verbo gostar.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Dor!



VI

Chove em mim lágrimas e dor. Uma forte dor corta meu peito. Não tenho lar, nem tenho para quem pedir desculpas.

Minha doce vida esta amarga, como tudo começou não lembro, nem sei como voltar - ando em círculos.
Não queria mais chorar, só voltar ao início de minha vida, só ao início, antes de tudo, de minha ruína. Estou na lama, não posso me levantar, Deus me ama eu sei, mas sofro tanto e não tenho lar. Todos meus amigos andam em círculos viciosos - não os vejo, não os toco.
Você me daria uma chance?
Quero contar minha estória, mas de dentro de um lar, não das ruas das amarguras, com meus lábios rachados, minhas mãos frias, meu peito dolorido, meu olhar sofrido.
Meus sentimentos estão confusos, meu filho esta morto e continua em meu útero apodrecendo, apodrecido, e tão só. Não posso tocá-lo, não posso ajudá-lo, não posso nada em mim.

Marcos Martins.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Onírico



Onírico
(Marcos Henrique Martins)


São dez anos a caminhar por desertos em busca de meus sonhos – não consigo vê-los, porém cinto –.

Há mais de dez anos erro por mundos, tangíveis e intangíveis, em busca de minhas epifanias. São todas proscritas.

Vejo à história de todos ganharem vida e se ramificarem - as minha dormem e roncam -. Não sei se plantei corretamente as sementes, ou se o chão é muito arenoso para aflorarem.

Quando será minha colheita?
Será quem um dia se realiza?
Quando meus sonhos deixarão de serem sombras?
(Sonhos que tardam me tocar).
Quando pararei de me perdem entre os mundos?
(Morpheus vem me ninar). 

Há mais de dez anos vago por tempestades de areias – meus olhos lutam para não permanecerem fechados –, luto para não me sentir tão perdido.

Vi um oásis
(triste ilusão)
Ouvi meu nome
(Lobos famintos a me chamar) 
Me vi no espelho
(rugas me sorriam)
Voltei a vagar.

Há mais de dez anos que busco;
Há mais de dez anos que tenho lampejos, palpitações e copos com águas, tempestivas, que não posso tocar.