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terça-feira, 26 de maio de 2009

2012 Depois do Fim do Mundo (ainda escrevendo)





Um som agudo cresce na sala, parece só afetar os homens que estão ali os guarde ou carrascos com seus rostos encobertos nada sente, os bastões começam a ser usados e a colheita iniciasse com vigor, alguns gritam, outros apenas ficam a sangrar os ouvidos, um a um são escolhidos e marcados feito gado, à medida que caem no chão por causa da corrente elétrica que recebem são cercados por dois ou três guardas e recebem no pescoço uma dose de uma substância seus pescoços são marcados por uma tatuagem com suas numerações. Alguns recebem apenas uma dosagem outros recebem duas e apenas poucos recebem três, todas de cores distintas algumas são verdes outras azuis, mas os que recebem as três dosagens recebem uma de cor negra, Gael faz parte dessa minoria que recebe três doses, quando todos já estão devidamente vacinados e os guardas já não estão mais no salão no canto das paredes são abertas pequena portas parecida com casas de ratos de desenho animado, mas dali não vai sair nenhum Jerry, pequenos robôs parecidos com aranhas, mas do tamanho de formigas saem em disparada na direção dos homens já exaustos caído no chão. O terror recomeça dessa fez com aquelas estranhas nano criaturas lutando para entrar pelas bocas daqueles pobres diabos deixados a sorte, alguns se perguntam se não seria melhor ter lavado aquele tiro no lugar daquele homem desconhecido, o ritual dura tanto tempo que alguns nem reagem mais apenas aguardam o fim de toda aquela tortura.

- Bom dia meu amor - fala Deyse beijando a boca de Gael.

- Que dia é hoje? – pergunta Gael se espreguiçando vagarosamente na cama.

- O que importa, os dias as horas não importam mais meu amor, o que importa mesmo é que eu te amo e que vamos ficar juntos para sempre – responde Deyse carinhosamente.

- Como eu me chamo Deyse? – pergunta Gael segurando-a delicadamente pelo braço.

- Você se chama...

- Acorda cara! – fala uma voz rouca e um tanto quanto bruta.

Gael acorda meio que perdido, assustado, era apenas um sonho, talvez ele nunca descubra seu verdadeiro nome, talvez ele tenha que ser chamado pelo resto da vida de MHX77.

- Não se preocupe é normal se sentir assim, você deve ter sonhado, são lembranças de sua outra vida antes de toda essa merda aqui, vai voltar a se lembras das coisas, se viver o suficiente para isso – continua falando o homem de voz rouca que coça seu pescoço passado à mão em sua cicatriz.

Gael começa a tremer e a sentir dores no estomago.

- Isso vai passar, são efeitos colaterais de toda aquela merda que colocaram em você, essa dor de estomago que você está sentindo são os novos moradores de seu corpo, você deve se lembra do que comeu a contra gosto - continua falando o homem e sorrir sarcasticamente – são nano robôs eles agora fazem parte de você, estão te moldando entende, para você se tornar um super soldado, assim como todos que estão nesse alojamento, nós nos autodenominamos A Sociedade do Coelho Branco, somos a elite da elite sacou? – continua falando o homem sem cessar.

Gael fica olhando em volta e percebe que ali tem mais pessoas, alguns estão deitados, outros jogam, alguns parecem tranqüilos riem, um verdadeiro clima de amizade reina na quele lugar, tudo parece normal, mas o que é normal agora na vida de Gael na vida de MHX77.

- Quem é você? – pergunta Gael com um pouco de dificuldade.

- Meu nome verdadeiro é Hugo, mas para eles eu sou o SP12, soldado especial do esquadrão BU, esse será o seu esquadrão também, vou ser seu guia aqui – responde Hugo dessa vez menos rude.

- O que está acontecendo aqui? O que aconteceu com a terra? Eu só me lembro de... , não consigo me lembrar de nada, parece que eu acabei de nascer – continua a perguntar Gael agora com menos dores e já sem tremer.

- É só mais uma guerra, só mudaram os personagens e a cor do sangue, mas no final é só mais uma luta por poder, por interesses implícitos – fala Hugo com uma serenidade de filósofo.

- Você está aqui há quanto tempo? – continua perguntando Gael.

- A última vez que pensei nisso fazia seis anos, depois de um tempo, de ver tantas pessoas morrem os dias não importam mais sabe, o que importa é sobreviver, coloque isso em sua cabeça, “SOBREVIVER” é o que importa – fala Hugo olhando seriamente para Gael.Aqui

- Você se lembra de alguma coisa? – torna a pergunta Gael, meio que para se achar também ali naquele lugar estranho.

- O suficiente para querer ficar morto, mas eles não deixam, então é melhor sobreviver, renascer doem tento – responde Hugo com os olhos marejados.

Gael fica sem entender acha que Hugo ficou louco com a guerra, um poeta do caos, um filósofo da guerra.

- Eu não entendo Hugo, como assim renascer? Como você sabe de tudo isso e eu não me lembro de nada, parece que minha vida começou agora, mas com você é diferente - fala Gael cada fez mais confuso, cada fez mais perdido com toda aquela situação.

- É a terceira vez que eu volto MHX77 – fala Hugo com um sorriso no canto da boca e balançando a cabeça como se soubesse todas as respostas do mundo.

Gael não sabe o que dizer, sua cabeça gira, suas idéias se perdem, a senhora razão está morta.

- Não entendo nada Hugo, como assim três vezes? - fala Gael.

- É ele! É ele! he,he,he! – fala um outro homem que chega eufórico apontando para Gael.

- O que você está dizendo Wil?! – pergunta Hugo demonstrando surpresa.

- He, he é ele Hugo!! Ele é o guia! – continua Wil ainda mais descontrolado.

Todos se param o que estão fazendo e olha curiosos para Gael, aquela atitude de Will deixa todos inquietos naquele alojamento, os homens conversão entre se, Hugo nota que o clima começa a ficar pesado e misterioso ao mesmo tempo.

- Cala a boca Wil! Cala boca seu retardado! – diz Hugo tampando a boca de Wil.

Nesse momento uma sirene ensurdecedora começa a soar, uma luz verde começa a piscar no alojamento, todos começam a correr, vestem seus trajes de combate e partem para o combate.

- O que é isso Hugo?! – diz Gael atônito com tudo o que está acontecendo.
- É a guerra irmão! Estamos sendo atacados, a guerra te chama MHX77, ah!ah! é hora de matar ou morrer cara! – grita Hugo loucamente e puxando Gael para se vestir para o combate.

Gael instintivamente se levante corre para um armário que para sua surpresa tem seu nome de combate MHX77 e ainda mais surpreso ele digita os códigos num painel digital que abrem o armário, ele se veste rapidamente, coloca sua roupa de combate, pode ser a primeira e ultima que ele veste aquela roupa, pode ser a ultima vez que ele consiga olha a terra depois de todos esses anos.

- Não se preocupe vou ser teu anjo da guarda ta ok, no início você vai ficar meio perdido, mas é só começar a atirar que tudo vai se resolver, acredite em mim você vai lembrar de tudo o que é preciso para sobreviver aqui sacou? – diz Hugo arrastando Gael pelo braço enquanto ele coloca seu capacete.


(continua...)

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Você sabe quem é Lula Côrtes?

Lula Côtes e eu só de tietagem


Trechos da entrevista feita com Lula Côrtes por Cristiano Jerônimo
Especial para INTERPOÉTICA com colaboração de Meri Rezende estudante de jornalismo.

Fonte Site: http://www.interpoetica.com/entrevista_lula.htm

Minha homenagem ao cara mais Rock and roll de Pernambuco, e o melhor, assite em Candeias – Jaboatão dos Guararapes – PE.

Faço a corte para Lula Côrtes!



Vida longa para você nessa dimensão meu chapa!

Marcos Henrique.

Lula Côrtes
“Eu pinto as cenas que eu imagino.
E pinto com palavras”

por Cristiano Jerônimo Especial para INTERPOÉTICA Colaborou Meri Rezende

Sem alardes, Luiz Augusto Martins Côrtes, 60 anos, o pernambucano Lula Côrtes, canaliza toda a sua hiperatividade (e haja Ritalina) para produzir, diariamente, pinturas de óleo sobre telas, gravuras de lápis dermatográfico sobre papéis canson e vergê, contos, poemas e músicas. Ainda sobra tempo para dar aulas de pintura gratuita, como faz há mais de oito anos. Seu enraizamento com o litoral do município de Jaboatão dos Guararapes – onde há 16 anos reside de forma itinerante no triângulo Piedade/Candeias/Barra de Jangada – e a sua referência artística no município (Lula já recebeu várias homenagens, entre elas o título de Cidadão Jaboatonense) fez com o prefeito eleito Elias Gomes o nomeasse para o cargo de Gerente de Cultura da Prefeitura, onde trabalha ao lado de Ivan Lima Filho. Mas, engana-se quem pensa que Lula Côrtes se resume a Jaboatão, Recife, Pernambuco. Há pouco tempo, ele foi capa e figurou nas páginas centrais da maior revista mundial do show business: a Rolling Stone (ver fotos). Ao lançar o luxuoso e arrojado livro-conto O Lobo e a Lagoa, em João Pessoa (PB), foi capa de todos os jornais e matéria de página inteira dos cadernos de cultura (ver fotos). Em reconhecimento ao seu trabalho literário, no final do ano passado, ainda sob a presidência do poeta Vital Correia de Araújo, a União Brasileira dos Escritores de Pernambuco (UBE/PE) deu-lhe a carteira de sócio efetivo, retroagindo a ano de admissão a 1972, quando o multiartista lançou o Livro das Transformações. Na ocasião, foi homenageado. Em 2008, ficou no topo das paradas de sucesso de World Music nos Estados Unidos, com o relançamento mundial (por gravadoras da Inglaterra e dos EUA) dos discos Paêbiru, Satwa e No Sub Reino dos Metazoários (com homenagem a Marconii Notaro). Atualmente, divide-se e desdobra-se nas muitas tarefas que escolheu e em outras que o mundo lhe deu como incumbência. Canta com os Bluestamontes Blues Band e a Má Companhia (sua fiel escudeira há 18 anos) e está gravando o CD triplo Tarja Preta, o qual define como “um tratado sociológico sobre a juventude atual, divido em três comprimidos (discos) à base da substância ativa lula córtex”, brinca. Confira, na íntegra, a longa e polêmica, só pra variar, entrevista concedida por Lula Côrtes ao jornalista e escritor Cristiano Jerônimo, em seu apartamento, na beira mar da Barra de Jangada, quase dentro do mar. Não poderia faltar neste bate-bola, os clássicos episódios psicodélicos e surrealistas da vida do cantor, artista plástico e escritor. E mais, revelações surpreendentes da época do regime militar e a mais completa recapitulação biográfica da sua ampla carreira artística.

Cristiano Jerônimo: Como foi o lançamento do seu livro o Lobo e a lagoa em João Pessoa, na Paraíba?

Lula Côrtes: O lançamento foi maravilhoso, numa fundação maravilhosa, na praia do Cabo Branco. O auditório tinha 250 lugares e os 250 estavam ocupados. Até os corredores estavam cheios.

Aonde foi, Lula Côrtes, o lançamento?

Na Fundação Casa de José Américo, na Paraíba, dia 12 de novembro.

Você foi capa de todos os jornais da Paraíba. Na sua opinião, será que aqui em Pernambuco, este mesmo lançamento, renderia uma capa de cultura?

Não, não renderia nada não. Ninguém dá nada não.

Nem pela importância cultural que você tem, de ser pernambucano e de ter várias vertentes artísticas?

Eu acho que isso não interessa muito a Pernambuco não. Eu acho que o “Movimento Cultural” de Pernambuco está voltado pra um monte de caras que vivem trabalhando com as secretarias de cultura, com as leis de incentivo à cultura, que dizem que incentivam a cultura (Nesta entrevista, Lula ainda não tinha começado a trabalhar com Elias Gomes e atualmente, com o prefeito eleito, acredita que é possível oxigenar a cultura de Jaboatão dos Guararapes). Então eles (produtores) vivem mais pra incutir falsas idéias na cabeça dessas pobres pessoas que estão começando aqui. Entendeu? De que eles não são nada. De que eles que estão ligados à prefeitura é que podem. De coisas desse tipo: que são tudo e que vão dar todos os canais pra ele, desde que eles dêem a alma, o trabalho e o dinheiro pra eles. Entendeu? Então Recife anda pra trás por isso. Você chega em qualquer lugar e as coisas tem outra conotação. Entendeu? Isso eu já falei em tantas vezes, em tantas entrevistas que eu acho que é por isso, talvez, que eu não toque nos lugares e que eu nem precise mais disso. Porque é uma coisa tão clara, tão notória, que eu não sei como é que essas pessoas não caem. É um tipo de crime isso. É um crime contra a inocência dos artistas daqui. É um crime contra a idoneidade moral.

Você se refere a quê? Claro que não precisa citar nomes...

Me refiro à obrigatoriedade de qualquer coisa que se faça aqui ter que se fazer através de esmolas da prefeitura, de esmola de leis de incentivo à cultura que pertencem a uma panela que nós todos sabemos dos nomes.

Então, o que precisava mudar aqui, com base nesta sua opinião?

Eu acho que precisava de uma limpeza, precisava de Ajax, um furacão branco, se é que existe. São pessoas viciadas que mudam de governo pra governo, sem ideologia, sem coisa nenhuma. Mas que estão ali agregadas à prefeitura, usurpando os direitos das pessoas de fazerem arte, são sub-seres. Entendeu? São os produtores que não produzem nada, os arquitetos que não arquitetam nada, os escritores que não escrevem. Todos eles estão na prefeitura do Recife. Essa merda vai ficar assim o tempo todo.

Tem um tom de desabafo também nisso aí?

O desabafo é eterno. Tem cinco anos que eu falo isso. Aliás, desde o começo dessas leis. Você veja: em todos os meus trabalhos, eu nunca procurei um apoio de uma lei dessas de incentivo, porque você vai lá e é a mesma coisa de você estar conversando com um poder de traficante. O cara vai te dar oficialmente, você manda seu projeto elaboradíssimo para lá. Se for um projeto pouco rentável, ele diz que não: “Esse projeto é muito pobre, você precisa fazer um projeto mais aprimorado pra gente dar uma carga nele”. Eles chamam de “projeto do caralho” o que vende mais. Eles querem que seja uma média aprovável. Eles fazem isso, eu não.

Fazem o quê?

Por exemplo, meu livro custa 20 mil reais. O cara diz: - eu te libero vinte mil, mas se você me der cinco. Entendeu? O cara vai se virar num livro que custa vinte mil com apenas quinze mil. Pensando que está lucrando alguma coisa, vai ficar endividado. Não vai fazer no nível que ele quer, a coisa que ele queria. E esse alguém vai colocar cinco mil no bolso sem fazer absolutamente nada. Esses são os representantes da nossa cultura. Isso é um negócio.

Você convive com essas dificuldades há muito tempo?

Eu não convivo porque eu não me envolvo com eles. Eu vejo isso acontecer. Eu não entro porque meus trabalhos como você vê, são autofinanciados. A alternativa sou eu mesmo. Eu vendo meus quadros, pego meu dinheiro e invisto no que eu quero pra fazer a coisa no nível que eu acho que o povo de Pernambuco merece.

É por isso que tu não para de pensar e produzir de forma inquieta?

E de fazer, lógico. A Casa da Praia... (um livro de ficção inédito). O povo de Recife merece um trabalho daqueles. Um monte de universitários maravilhosos interessados em artes plásticas, gente informadíssima. Eles merecem ter um livro nas mãos que seja digno que eles possam levar para a França. É uma coisa internacional que foi feito na terra deles. Então eles vão ter orgulho de mostrar aquilo. Mas se eu dependesse da “cultura”, do “negócio da cultura” daqui eu jamais faria um livro no nível que eu faço. Você está entendendo? Eu preciso de pessoas como Patrícia Lima, como pessoas da Bagaço (editora), que entram na coisa, arte pela arte, que vão ganhar o que nós ganhamos. Nós estamos ganhando. Aos trancos e barrancos, nós estamos ganhando. Mas nós estamos ganhando uma coisa de uma qualidade que Recife nunca viu.

Mas vamos voltar a falar do livro O Lobo e a Lagoa...

Eu estou falando exclusivamente sobre o Lobo e a Lagoa. Amanhã às dez horas da manhã, eu tenho uma reunião com o pessoal da Editora Coqueiro aqui em casa. Estarei editando A casa da Praia. Um livro não tão elaborado como O Lobo e a Lagoa, mas de um conteúdo fino. Um livro com um tratamento gráfico interessante, com um corpo interessante de você pegar, porque eu busco realizar muito mais do que esse povo das leis de cultura se propõem a fazer. Sou a favor da lei, mas quando ela serve para estimular a cultura, mas não enquanto estiverem esses negociantes da arte ali dentro. Você tem que se ligar, você sabe quem são. Entendeu? Eu conheço os miseráveis que vivem disso, que vivem da boquinha ali dentro. Estão fudidos, não são ninguém. Não tem nada pra dar. Só tem pra sugar de nós artistas.

E essa questão da panelinha?

A panela é eterna porque eles são impessoais, apartidários. Mudou o governo, mas eles estão lá. Eles vão lamber o ovo do próximo. Não importa a bandeira que o outro segure na mão. Importa o quanto ele tem no bolso pra dar a ele.

Com relação ao artista, existiria preconceito com determinadas pessoas?

Existe porque tem os coniventes com isso. Tem os que vivem já destes esquemas. Estão dentro dos esquemas mais caros, dos cachês mais altos. Pessoas que dão mais alto pra essa máfia. Você está entendendo? É uma máfia. Não tem outro nome. É uma máfia. É o crime organizado da cultura pernambucana. É isso que acontece dentro da cultura.

Lei de incentivo do Recife ou Funcultura do Estado de Pernambuco?

Do estado de Pernambuco. Não estou falando da Lei Rouanet. Entendeu? Não estou falando de uma coisa federal. Entendeu? Estou falando que aqui dentro existe uma manipulação, antiga e está na cara de todo mundo. Todo mundo sabe quem é quem ali. Entendeu? Então, eles não querem uma pessoa como eu. Não querem uma pessoa que diga que você não vai ficar com meu dinheiro, esse é o meu projeto e tal. Eles não vão poder insistir comigo e se sujar comigo, para ganhar dos pobres que vierem depois de mim. E por isso que eu não procuro essas pessoas. E não tenho nada a ver com essa cultura pernambucana. Eu simplesmente sou pernambucano, eu amo minha terra.

Nada disso impediu que saísse o seu audiobook O Lobo e a Lagoa, de excelente qualidade, diga-se de passagem...

Nunca me impediu desde 72, 71. Desde 1969, quando eu fiz o Ávido Vício. A primeira impressão em 69. Mas não existia esse meio de vida. De uma década pra cá, isso virou um meio de vida. Compram carro novo com isso todo ano.

A estética de O Lobo e a Lagoa, no ponto de vista do texto, tem alguma influência da escola surrealista?

Eu não sei escrever. Começa aí a história. Então eu comecei a pintar. Quando eu comecei a escrever poemas e pintar diariamente, eu lia muitas fábulas antigas, o universo infantil. Na época da minha infância não existia televisão, então o grande portal pra imaginação vinha da leitura. Como deveria ser até hoje. Então eu pinto as cenas que eu imagino. Eu pinto com palavras.

No caso de O Lobo e a Lagoa, você escreve as cenas que você vê, mas você pintaria?

É justamente isso. Por isso que eu ilustro também. Porque eu procuro pintar o que eu estou escrevendo e escrever o que eu pinto. Eu toco o que eu pinto, eu pinto o que eu escrevo e escrevo o que eu toco.

Por que não lançou O Lobo e a Lagoa aqui em Pernambuco?

A princípio eu pensei lançar na Livraria Cultura. Mas aí o pessoal da Cultura queria 45% do meu trabalho. O cara queria ser meu sócio sem me dar absolutamente nada. Nem um gole de vinho.

Então isso impediu o lançamento na Cultura?

Eu não estou aqui pra dar de mamar a menino grande. Eu não tenho filho barbado, que bebe todo dia em restaurante chique, para ganhar 50% do meu trabalho.

O que Lula Côrtes está fazendo neste momento, além de dar entrevista, claro?

Um novo livro chamado Retorno ao Jardim do Éden, além destas telas que você está vendo. Também ensaio várias vezes por semana e sempre estou me apresentando na noite.

E você vive da arte que você produz?

É claro. Eu sou Lula Côrtes. Eu pinto, toco e canto. Eu escrevo meus livros. Isso tem um custo. Um custo que eu tenho que pegar do que eu ganho para colocar e produzir mais. Se não, já teria parado há muito tempo. São trinta anos de trabalho, são vinte livros e eu não sei quantos discos, entendeu? Incontáveis. Mas isso não é conhecido dentro de Pernambuco. Você sabe que todo meu trabalho foi lançado na América (EUA) pela Time Lags Records e no Reino Unido pelo selo Mr. Bongo. Um reconhecimento internacional absurdo. Nos Estados Unidos ficou na parada em décimo terceiro lugar. Você está entendendo? Então aqui é incapaz de tudo. O pessoal dar uma nota nos jornais... Não pode dar uma nota nos jornais. Quando os ditos críticos, os historiadores da arte vêm falar sobre meu trabalho, eles não se dão ao trabalho de vir na minha casa e, depois, falam absurdos sobre mim. Infundados, sem nenhuma noção de nada do que estão falando. Em livros, em textos, em revistas importantes tidas como idôneas, de artes aqui. São pessoas incompetentes que vem falar sobre as coisas sem saber. Não se dispõem a pegar um ônibus e vir aqui. Eu terei que pegar um ônibus e ir lá? Eles têm carro lá do jornal. Porque não vem aqui? Dão informação inverídica, escrevendo merda, dizendo que sou historiador de arte. Não sou historiador de porra nenhuma.

A entrevista complete está no site: http://www.interpoetica.com/entrevista_lula.htm

sexta-feira, 15 de maio de 2009

02/06/03



Já escrevo sem me preocupar com os dias, com as datas, com o que o tempo pode me dar de bom. Lembro de quando era jovem e puro, hoje sou jovem com ossos que viram pó e se partem com tanta facilidade.

Não faço rimas lindas e alegres, meu punho doe quando escrevo, queima quando escrevo.

O! Doce placenta onde te escondes? Por quê foges de mim, não tenho nojo de te, vem e encobre todo meu corpo, sei que não tenho mais lanugem mais ainda sou teu garoto, sou teu garotinho que chora quando cai ao chão.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Poemas de Caverna

30/12/02



Um dia poderei voar, um dia poderei sonhar e esse sonho nunca acabara, minha imaginação não mais me pregara peças, um dia poderei voar.

Dentro do ventre flutuava, dentro, preso, era mais livre que agora, dentro ou fora faz muita diferença agora.

Nunca mais poderei visitar minha terra solitária e tão segura, nunca mais, e isso para mim é um tormento, o céu é o ventre materno e o inferno é esse chão que piso.