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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

A última poesia de 2012!




Que as utopias me preencham
(Marcos Henrique Martins)

Ao amanhecer vou ver, com os mesmos olhos, a nova esperança que se forma.

Ao contemplar o sol, em todo o seu esplendor, me banharei em seus raios e me sentirei mais vivo do que nunca.

Mais um ano, novas esperanças, novos por fazer, novas conquistas a serem buscadas. Novos desafios, novas promessas. Tudo se renova.

O ano novo chega, entra em nossos lares de uma só vez. Mas antes, pega pelas mãos o velho ano que já fez a sua parte, mesmo que não tenhamos feito a nossa, e o leva para junto do fazedor de sonhos, para que o ano que se vai possa repousar por todo o sempre, com o sentimento de dever cumprido, mesmo que não tenhamos cumprindo o nosso.

Encheremos nossas cestas com mais esperanças, promessas e aspirações. É assim que caminha a humanidade, com passos largos que vão se encurtando ao longo do ano, mas que voltam a se enlanguescer junto com nossos desejos e a esperança do por vir.

Sonhos com um mundo melhor;
Sonhos com pessoas melhores;
Sonhos, utopias, paz nascida da consciência.

Vem ano novo!
Chega logo! Sendo convidado ou não.
Nos te receberemos com todo afinco.
Receberemos tua vicissitude da forma que recebemos entes queridos em nosso lar.

O novo se apresenta, preenche o vazio que tenta se formar em nossos peitos fadigados. 

Promessas serão feitas e muitas não serão realizadas, mas não é isso o que nós somos? Sonhadores de um mundo melhor.

Vem novo ano, me acalenta com a fé que deposito em ti.

Início 30.12.12 / Fim 31.13.12

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Conto:O rei está morto



O rei está morto
(Marcos Henrique Martins)

Quando levantei logo cedo e pude ouvir o galo me dar bom dia sorrindo percebi que algo faltava, não sabia ao certo o que era não tinha a profundidade das coisas pequenas embrenhadas em mim. A única coisa que me vinha à cabeça era que - O rei estava morto. 

Fui até a copa, tomei um pouco de água, aquela água descerá como vidro, pois meu estômago, ainda adormecido, não aceitava tomar banho logo cedo. E aquele pensamento voltava a minha razão - O rei está morto -.  Como não planejei meu dia, fiquei meio perdido neste momento inquietante de meu saber das coisas, logo eu, um cético assumido, não poderia acreditar em crendices supersticiosas, ora bolas. Se o rei estivesse mesmo morto como eu poderia saber? Mas a voz aguda e renitente ecoava no fundo de meus pormenores “O rei está morto”.

Cuidei de tomar um bom copo de leite morno, depois do total despertar de meu estômago, que a senhora Vangruber preparara para mim. A senhora Vangruber era uma imigrante que não teve sorte de enriquecer em terras brasileiras, o azar acometera sua vida. Mas que fique claro que eu não acredito em azar ou sorte, acredito nos fatos, em coisas palpáveis e na santa razão dos filósofos iluministas. Apenas citei a apalavra “azar” para replicar as palavras da senhora Vangruber, pois, acho engraçado entregar a vida a coisas de cunho sobrenatural. 

Sempre iniciava meu desjejum com um pouco de leite morno, poderia passar dias falando sobre os benefícios de se tomar leite morno. Todos os males físicos e da alma que essa lactose poderia curar. Nem o mais sábio dos alquimistas poderia dispor de tamanha sapiência das virtudes do leite e no deleitar de suas teorias, a respeitos das coisas da natureza, haveria de concordar comigo que o leite morno é e sempre será a cura para todos os males, físicos, morais, perturbadores de cunho assaz para tudo. Isso sem mencionar as moléstias da alma que tal bebida poderia curar. 

Como falei antes, sou um cético para certos pormenores, porém, estou vivo e suscetível às influências folclóricas que todo ser civilizado está. Farei um dia uma ode a tal bebida pura e simples de se preparar. Um dia farei um ensaio. É isso! Farei um ensaio sobre bom leite morno. 

Mas a voz volte e meia me perseguia “O rei está morto!”. Não me interesso por assuntos das nobrezas, não sou nobre, não por titulação, sou apenas um capataz das coisas burocráticas que ninguém mais ousa fazer. Se ao menos tivesse ouvido os conselhos de minha genitora, mas não. Parentes só nos dão conselhos para nos atrasar a vida, era assim que eu pensava em minha insolente burra e fugaz juventude.

Peguei as ferramentas de meu oficio, coloquei tudo em minha pasta e fui para minha labuta burocrática, que me fazia refém a mais de 10 anos. Minha labuta! Escravidão remunerada, soldo de minha juventude e outros adjetivos não tão nobres que não ouso mencionar. Logo eu, que sonhava em viver no meio do mundo, fui me acorrentar justamente em uma repartição pública, onde o público e o pessoal nunca podem se misturar. 

Com o desembaraçar das horas fui concluindo as etapas tediosas de meu ofício, mas sem que percebesse, soltei em alto e bom tom “O rei está morto!” Todos me olharam espantados, como eu poderia dizer tamanha sandice. Que rei? Que morte? Para que um rei se vivemos numa república? Sorri com rubor e me pus a trabalhar com a cabeça quase tocando a escrivaninha, mas os olhares, ah! Os olhares repúdiosos me incomodavam. Estava refém daqueles olhares que ansiavam em me caluniar, em me achar “doidivanas”. Podia ler os olhos de cada um.

No relógio, marcavam meio dia. A hora que todos esperam no âmago de seu ser, mas para mim não, não naquele dia, não podia me deliciar com os alimentos que repousavam em minha marmita. Não. Não até resolver aquele impasse “O rei está morto”.

Quanto mais lutava para me despistar de meus pensamentos irritantes, mas tinha a certeza que não conseguiria ir muito longe, pois era carcerário de meus pensares e, não conheço uma única alma viva que tenha conseguido fugir de seus demônios internos. Foi quando de súbito levantei da cadeira, fui até uma janela - ao menos não haviam nos privado de ar puro -, e gritei a plenos pulmões. 

– O rei está morto! 

Todos pararam. A cidade me olhara de baixo para cima e meu espírito atormentado pode enfim ficar em paz por alguns minutos, mas tamanha era a curiosidades dos olhos transeuntes lá de baixo que me senti como uma rapariga de saias que recebe uma rajada de vento malicioso e lhe deixa exposta em missa de sétimo dia.

As pessoas de minha repartição não gostaram de minha revelação, me chamaram “Anarquista!”. E logo tive que ir vê a autoridade máxima, O chefe. Um senhor de cabelos ralos, bigode bem cuidado e uma vaidade descomunal, mas qual chefe não é vaidoso? Para se chegar à chefia de algo o homem tem que ser vaidoso, se olhar no espelho e se ver em mil.

- Porque gritou aos quatro cantos que o rei estava morto?

- Não sei senhor.

- Como não sabe, por acaso você é algum piadista?

- Não, não sou.

- Então o que o levou a gritar daquela forma, essas palavras sem sentido? Por acaso não sabes que somos uma república?

- Sei, mas....

Todas as frases que se finalizam com um “MAS” são motivos para que todas as terminações nervosas comecem a incomodar o corpo. Um comichão que percorre da parte mais significante a menos insignificante de nosso corpo se inícia, num ciclo mais forte que cotrações de uma mulher prestes a dar a luz quando um “MAS” é proferido dos lábios de alguém.

- Mas... O que?  - perguntou meu algoz.

Pus-me a explicar.

- Acordei logo cedo, como sempre o faço. Tomei meu banho, escovei meus destes, me vesti, calcei meus sapatos, mas antes pus as meias, fui até a cozinha, tomei meu leite morno. O senhor conhece todos os benefícios que o leite pode nos proporciona?

Ele apenas me olhou, incrédulo, e não me respondeu a pergunta, talvez achasse que fosse uma pergunta retórica. Ele passou a mão em seus cabelos ralos e me fitando, perguntou.

- O que isso tudo tem haver com seu delírio na janela?

- Não foi delírio, senhor, foi uma forma de externar o que estava me dilacerando o peito e a cabeça.

- Que rei é esse, você o matou?

Tomei um susto! Aquela pergunta repentina. Queria ele me acusar de assassinato? Queria ele me condenar ao ostracismo das grades de aço e roupas xadrez? Não poderia cair naquele truque, não, ele não iria me incriminar por saber o que todos não sabiam, ou não queriam saber. O rei estava morto, era fato, agora querer me acusar de tamanha barbárie, isso sim, era uma loucura.  

- Não matei rei nenhum, não sou um assassino, meu senhor.

- Então que rei é esse? 

Não sabia o que dizer, então, mais uma vez, gritei a plenos pulmões.

- O rei está morto!

Meu chefe tomou um susto, seus olhos se arregalaram quase que saltam para fora do rosto, se não fosse seu nariz, acho que teriam saltado. Todos correram para a sala do patrão. Uma quase algazarra se formou na porta, todos queriam ver o que estava acontecendo. Não conseguia entender o que diziam do lado de fora, falavam todos ao mesmo tempo, quanto a meu chefe ficou transtornado e me mandou embora para casa, falou que eu precisava descansar e, de um bom copo de leite morno.

Ao seguir para meu lar, via as pessoas andando, levando suas vidas nas costas, todas sem terem a informação que eu tinha “O rei estava morto”. Sorri por algumas vezes, acho que me acharam bobo, mas não ligava, pois tinha a informação que ninguém mais tinha e não deixaria que ninguém ousasse roubá-la de mim. Um homem é uma fortaleza em seu lar, e era para lá que eu estava seguindo.

Ao chegar a minha casa, tratei logo de observar quais eram os cantos mais vulneráveis de meu lar, tratei de fazer os reparos necessários para que nenhum invasor ousasse invadir minha fortaleza. Fiz barricadas, armadilhas com baldes cheios de água com sabão, mas algo faltava. Então, tive a grande ideia. Tinha que informar a todos que “O rei estava morto”. Comecei pela lista telefônica, onde pude selecionar todos os telefones de jornais, do impresso, ao radiofônico e claro a TV, minha esperança era que a TV sabendo de tamanha revelação interromperia sua grade de programação para dar um boletim extraordinário. Toda a sociedade, ou melhor, todo o país teria que saber desse fato. Deixei meu egoísmo de lado e me pus a ligar para todos os meios de comunicação, já inventados, para que a humanidade pudesse descobrir o que só eu descobrira naquela manhã reveladora “O rei estava morto”.

Findado meu dever moral e cívico, pude descansar por alguns minutos, foi então que tive a grande ideia de rever minhas economias para poder comprar um megafone e do alto de minha janela começar a informa a todo o cidadão, descente, assim como eu, que o rei estava morto. Não tardei e, logo estava com o megafone em punho a informar a todos os que passavam por minha rua, e devido ao tamanho da parafernália que adquirira quem sabe pessoas das ruas vizinhas pudessem ouvir minhas verdades.

- O rei está morto! O rei está morto!

De forma, incansável, me pus a informar a todos, alguns nem se importavam com minhas revelações - pobres diabos - outros paravam a frente de minha casa e contemplavam as verdades que ecoavam de minha voz amplificada por meu megafone. Foi então que a conspiração se formou. Uma rede ultrassecreta de agentes de algum órgão decidiu me interpelar e mesmo com toda a proteção que havia criado, minha fortaleza foi invadida, saqueada, e eu, levado como prisioneiro para ser torturado, ou sabe-se lá Deus o que fariam com minha pessoa para que a voz da verdade que saiam de minhas cordas vocais findasse.

- Que lugar é esse – perguntei, sem ter uma resposta satisfatória. Na verdade não obtive resposta alguma. 

Depois da alguns momentos de reflexão percebi um ambiente, hora hostil, hora cercado de demência e olhares vagos para um horizonte imagético. Foi então que percebi um homem se aproximar, ele me olhava com olhos da verdade, uma verdade oculta que poucos podem perceber. Como eu era astuto e grande conhecedor dos gestos humanos, sabia que ele me escutaria e talvez fosse à única pessoa na terra que me ajudaria a iniciar um movimento libertário, uma nova revolução disseminativa e decisiva, pura, que todos iriam compartilhar da verdade absoluta que entranhava em mim.

- Você fuma? – me perguntou.

- Não, mas preciso de sua ajuda – respondi.

O homem me olhou de cima a baixo e com um gesto tímido, acenou positivamente para mim. Era disso o que eu precisava, de um fiel escudeiro para me ajudar a propagar tudo o que eu sabia.

- O rei está morto, sabia? – perguntei.

Foi então que percebi que não conseguiria revelar ao mundo minhas certezas. O homem me olhou tortamente e num momento de fúria, começou a esbravejar.

- O rei está morto?! Mas isso é impossível! Quem está levantando inverdades a meu respeito?! Guardas! Guardas! Descubram quem anda inventando calunias sobre mim e cortem-lhe a cabeça!

Era óbvio eles queriam que eu caísse no descrédito, queriam me transformar num sandeu para que a verdade nunca fosse revelada. O rei estava realmente morto, porém, colocaram um impostor, um proletário para usar a coroa que só pertencia ao verdadeiro monarca. 

Que o bom Deus nos ajude-se nessa hora de conspiração.                                

Bom dia! Em primeira mão, a primeira primeira poesia de uma séria que comecei a escrever. Nessa primeira fase vou falar do tempo. Mas outros estão por vir, aguardem e confiem.



Tempo para se descobrir
(Marcos Henrique Martins)


Não nasci velho, foi o tempo que me moldou.
Não nasci taciturno, foram às castrações naturais da vida que me moldaram.
Não vivia nas sombras dos pensamentos das pessoas, foi à poesia que me fez penetrar no âmago dos seres racionais que dessecam tão bem sapos.

Não. Nem sempre fui um tolo. Sim, já fui um sonhador, um homem que aceitava tudo. Do natural ao sobrenatural e não questionava nada, mas agora já com meus cabelos agrisalhando-se e caindo em estradas da perdição, passei a ser um contestador de voz baixa que não é ouvida por ninguém. Nem por sua sombra.

Não nasci para sofrer, nasci por um plano que nunca me alcança, nem quando paro para respirar, ou assoar o nariz. 

Não. Não nasci para a vida burocrática, para ter que apertar mãos a cada dois minutos e sorrir como se estivesse tudo bem. Minha angústia não permite isso.

Não nasci com todos os fios de cabelos, é bem verdade. E os que conquistei comecei a perde-los ao longo dessa estrada cheia de postos de pedágios que cobram pedaços de nossa alma sem dor nem piedade.

Não. Não desaprendi a sorrir, apenas não quero o fazê-lo, pois sorrir, sorrir faz com que eu tenha câimbras em minha face, faz com que eu tenha pesadelos nas noites quentes do Recife.

Não. Eu não nasci sabendo andar. Na verdade nem engatinhar aprendi, então tive que começar a rastejar muito cedo, muito novo, muito puro e ter medo.

Não. Eu não nasci, fui obrigado a nascer, fui obrigado a viver, me foi imposta a grandeza e a derrota; a vaidade e a humildade; os sorrisos e a dor; o perdão, a ilusão e o ódio.

Não, não nasci velho, foi o tempo que me moldou assim, a imagem e semelhança de alguém que nunca toquei com minhas mãos pequenas.


*Dedico essa poesia ao velho safando Charles Bukowski, poeta e escritor da geração da contracultura.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Bom dia, boa tarde ou boa noite. Abraços natalinos em todos.




O conto de natal que não fiz
(Marcos Henrique Martins)


Eu só queria escrever um conto de natal para que todos pudessem se abraçar, mas nem tudo saiu como eu imaginava, pois sempre tinha alguém me lembrando de que existem pessoas falsas no mundo.

Eu só queria parar de tentar controlar minha vida por uns instantes e poder fazer um conto de natal, para que todos tivessem motivos para sorrir, mas alguém me falou que o Papai Noel era invenção de grandes corporações, no entanto eu só queria escrever esse conto para que se lembrassem dos dias felizes e de serem bons uns com os outros. Se não o ano todo, pelo menos nesse pedacinho do tempo.

Eu só queria escrever um conto de natal que pudesse fazer com que as pessoas se olhassem no espelho e notassem o que eu vejo, mas sempre tinha alguém me mandando ser rápido e deixar um recado feliz em meu mural. Mesmo quando eu estivesse triste.

Eu só queria contar essa história, mas ninguém queria ouvir, estavam ocupadas de mais perdendo tempo por entre os dedos com coisas pequenas. Por menores que sejamos sempre existirá algo menor que todos nos juntos numa forma untada que tirará nossa noite de sono, com sonhos tranquilos.

Eu só queria escrever um conto de natal para poder dizer – Eu te amo –, sem ter que explicar porque te amo sem desejo sexual, mas alguém me falou que o amor só é bom quando temos motivos para acender um cigarro entre os rins da noite.

Eu só queria escrever um conto de natal para lembrar a todos que não moramos no centro de nossos umbigos, mas todos estavam limpando seus umbigos para darem a festa em comemoração ao fim do mundo.

Eu só queria escrever um conto de natal para mostrar que somos homens de pouca fé. 

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Que bom que o mundo acabou



Que bom que o mundo acabou
(Marcos Henrique Martins)


Que bom que o mundo acabou. Agora não teremos mais que nos preocuparmos com a miséria que nos assola. Não teremos que observar pessoas sofrendo nas ruas por não terem um lar, ou porque nossos governantes fingem se emocionar com mensagens de fim de ano.

Que bom que o mundo acabou. Só assim não nos mataremos por divergirmos das crenças religiosas dos outros. Não teremos mais que jogar na cara do outro que o nosso Deus é melhor que o deles. Não precisarei temer mais Deus algum.

Que bom que o mundo acabou e com ele todo o tipo de corrupção que o ser humano possa participar.

O mundo acabou, estamos livres das amarras! Não precisamos mais fingir!

Que bom que o mundo acabou, pois não precisaremos mais nos preocupar com as drogas que arruínam vidas, não precisaremos mais fingir que gostamos de alguém, nem sorrir em fotos de família.

Que bom que o mundo acabou. Só assim não vou mais precisar desejar feliz ano novo a quem não desejo nada. Não precisarei dormir depois da meia noite cumprimentando pessoas que acho ser piores do que eu. 

Que bom que o mundo acabou, porque não precisaremos mais nos preocupar com as emissões de gases poluentes, ou com o massacre de filhotes de focas. Não precisaremos mais assistir a massacres em escolas e tentar encontrar explicações onde ela não existe.

Que bom que o mundo acabou e com ele toda nossa imaturidade, todo nosso preconceito; nossa soberba; ignorância; barbárie; nossa incompreensão do que é ser humano. E os sorrisos falsos. Detesto sorrisos falsos. 

Que bom que o mundo acabou. Agora não teremos mais que nos chatearmos em engarrafamentos quilométricos ou ficarmos irritados porque perderam nossas malas nos aeroportos lotados em época de férias na Disney.

Que bom que o mundo acabou. Não precisamos mais ter superstições, apostar em profecias fantasiosas de civilizações que nunca viram um computador, ou tiveram um perfil criado em uma rede social.  

Ah! Que bom que tudo acabou e com ele todos os problemas, dos menores aos maiores, dos insignificantes aos mais significantes para cada um de nós.

É o mundo acabou, que bom. E a vida, há vida continua.       

21.12.12            

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Lúdico



Lúdico
(Marcos Henrique Martins)




Guardado não posso quebrar
Preso em casa, na frenta da velha TV, me deparo com meu reflexo no tubo de imagem entre um canal e outro. Noto meus olhos. Que triste, que triste.

Se continuar aqui não tem como me machucar. É o que todos pensam em seus mundos.

Pássaros dormem a noite, apenas predadores observam.
Outro dia conversei com Deus e o que ele me falou continua sendo um mistério para mim até hoje.

Quero um conhaque, quero um abraço amigo e ouvir alguém afinando um violino.
Quero voltar a sentir você.
Quero voltar para dentro de um útero.
Quero sair, mas perdi o jeito. Desaprendi como caminhar por entre as nuvens.
Quero um copo d’água dada por você, cansei de tomar vinagre e de sangrar para quem não olha mais para mim.

Cansei de escrever versos sem sentido para mim. Cansei de matar, de ser morto, questionar, de ter que posar para fotos de família sorrindo.
Cansei de olhar o infinito e de sempre afinar meio tom abaixo meu violão que, de tão velho, não pega mais afinação.
Cansei de ser homem feito que anda só, de mãos dadas, com o menino destino.  


sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Quarta



Quarta
(Marcos Henrique Martins)

Quarta, hoje é quarta-feira, eu sei.
Mas de que vale uma quarta-feira quando o sol esquenta apinho um pouco do que restou de meu frágil juízo?

É, tudo bem para você que não conta os dias, mas para mim...
Hoje é sexta, duas coisas me deixam louco: perder e viver sem viver.
É, tudo bem para você que não conta os dias, mas para mim...

Vou relaxar um pouco e fumar um cigarro. Droga! Lembrei que parei de fumar depois que Deus curou meu câncer. Tudo bem as melhores promessas são aquelas que não podem ser cumpridas.

Que dia é hoje?
Que horas são?
Será que ela veio por mim ou pelas contas atrasas?

Seus olhos não me disseram absolutamente nada, logo eu que sei ler almas. 
Quarta, hoje é quarta-feira, eu sei.
É, tudo bem para você que não conta os dias, mas para mim...
Ok, tudo bem, não sou religioso, te perdoo. Tenho bom coração. 

"Dedicada a meu grande amigo e inimigo literário César Vice". rsrsrsrs. Tu sabe que te quero bem.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Algumas micro-crônicas de minha autoria




Felicidade 3.0

Troco felicidade por tablet usado. 

***

Marcas 

Minha alma tem mais marcas que os corpos mais tatuados dos homens da Yakusa.

***

Sentido 

Porque tudo tem que ter um sentido, se há dias que nem me sinto. 

***

Realização 

É no abstrato, no intangível, no incompreensível que me sinto em casa, que posso voar sem medo de cair num chão cheio de espinhos.