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domingo, 29 de março de 2009

Despertar



A vida me mutila e os sonhos me entristecem por não se realizarem, às vezes não quero mais sonhar, mas é só o que me resta.


Os sonhos são difíceis de serem concretizados, a vida é difícil de ser suportada, o que nos resta? Quais são as brechas? Digam-me! Quais são as brechas?!


Meu corpo nunca repousou por inteiro, meu fardo é pequeno, mas de peso descomunal, sou um proscrito – o filho há muito tempo esquecido. Minhas lágrimas caem e enchem o chão com poças de sangue sem vida, vejo como são felizes as pessoas realizadas e penso: como gostaria de sentir esse sabor.


Não lembro como foi meu ontem, não me sinto bem no meu hoje, e agora? Estou dentro e me sinto por fora, com frio, vejo vários cobertores, nenhum me serve, deixa meus pés a mostra; está frio por dentro, estou dentro do vazio e logo percebo que sou eu, seu eu! Sou eu me Deus! Tenho tanto medo do que sou agora e o que serei quando chegar minha hora.


Dê-me paz, eu ti suplico meu pai!

sexta-feira, 27 de março de 2009

Enterrado com os sentidos ativos


Não consigo mexer meus ombros, está tudo escuro, tão escuro...

Não posso respirar ou me levantar, o que está havendo? E todos esse vermes que me devoram e vomitam em mim.


Aqui é frio e úmido; quanto excremento repousa em mim;


O que eu fiz meu Deus?!

O que eu fiz para ficar assim?!


Vejo uma luz lá longe, sinto que posso ir até lá, mas temo, temo que lúcifer esteja guardando a porta, guardando meu lugar, talvez tenham demônios esquentando meu lugar e a imundice de seus corpos irão me tocar e me devorar.


Filosofia de cemitério, maldita filosofia! Já posso enxergar, vejo um rosto tão belo, um semblante triste e ao mesmo tempo belo, quero lhe tocar mais que tudo; quero senti-lo.


Quando clamo pelo nome de Deus ele chora sangue, sinto pena e desejo em lhe consolar, é tão mitológica a face de lúcifer, a forma que nos é ensinada, quando o vejo só me vem pena no pensamento, expulso de casa, agora vaga livre e ao mesmo tempo prezo, eu lhe sinto, mais percebo que não sou como ele, não minto como ele, nem faço tentações, não sou um servo fiel, mas mesmo andando, mesmo que de longe de cristo eu o sigo.


Lúcifer me perdoe, mas não posso atravessar as portas que guardas para mim, continuo aqui, prezo, continuo aqui em meu sepulcro esquecido, te desejo do fundo de minhas víceras paz de espírito.

terça-feira, 17 de março de 2009

Parte dois



Dor!
II Se gritar me servisse para curar a alma, seria um louco aos berros, estouraria minhas costas como as cigarras estouram de tanto cantar. Sabedoria é não se sentir sábio, é ser um simples homem com sonhos fáceis de serem concretizados, mas os grandes homens, esses são sempre lembrados e quanto aos simples, aqueles que só andam e mais nada, esses nunca são lembrados. Tantas palavras tolas foram ditas por mim, por toda a humanidade, são tantas palavras e só bastaria ser dita uma, só uma, mas a língua é tão áspera e seu veneno mortal, só uma palavra bastaria, nem duas ou três, só uma maldita palavra que nunca será dita, nunca será ouvida. Por hoje já basta, voltarei a escrever só amanhã, se o amanhã se apresentar há mim, por hoje fico aqui em meu quarto escuro, rezando para que minhas palavras me contrariem menos.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Primeira parte




Dor!

I

A estória de minha vã vida, poderia ser contada em pequenos fragmentos, pequenas porções de sofrimento, não há heróis ou bandidos, só um homem que grita e nada pode fazer, só o grito lhe é confidente de toda dor, toda solidão de seu ser.


Os passos agora curtos, a fala cansada, respiração ofegante o escuro por muito tempo foi sua morada, já não lembra da luz, só de um sonho que teve um dia, em dia claro, um sonho escuro...


Segunda era, segundo dia, segundos, horas, nada mais importa, se a luz não entra mais, se os dias são nublados e as nuvens na cor de sangue me enchem de cansaço. Minha vitória, que nunca me foi dada, só perdas, clareza?

Sementes de desespero fazem nascer arvores fortes em minha porta, não me deixam sair, nem os que acho que me amam entrar.


O saber já foi doce, eu já fui doce, uma maçã açucarada; boas risadas nunca mais foram dadas, choro, lágrimas, soluçar em noites intermináveis; o que é tudo isso?

O coração é um órgão bom que sofre tanto desnecessariamente, nunca notamos como é fácil ser gente, ser humano, as pequenas coisas são tão importantes e tão fáceis de serem esquecidas em armários empoeirados, como o guarda-chuva, sempre esquecido em dias nublados.

segunda-feira, 9 de março de 2009


Sentado aqui do teu lado posso sentir tua dor, teus olhos estão fechados, entretanto posso ver como são belos e quando olham para mim sinto-me em casa, não me deixes meu amor, não faça sentir-se só, estou aqui e você não toca minha mão... A escuridão é densa e não podemos nos tocar, não importa, sinto teu espírito a buscar meu afago. Como lembranças de um sonho bom, você já me confortou tanto e agora não sei o que fazer a não ser, pedir para que você não se vá, esse é o pedido de meu egoísmo, você não pode me ver, talvez só me sinta, então; não se vá, nossas vidas estão eternamente cruzadas, nem a escuridão, por mais forte que seja poderá nos afastar por muito tempo, onde você estiver serei sempre tua, sempre tua... Que caia a chuva, não me importo, ela não pode apagar tudo o que somos, segure minha alma com delicadeza, sinta o que eu sinto, quando estou contigo tua presença me faz tão bem. Noite vespertina me abre os olhos, sei que o tempo está por acabar e todos os momentos pedem socorro, sufocados num canto, eles lutam por você e por mim. Meu espírito se sente livre, não há corrente que possa nos fazer mal... A enfermidade não teme nosso amor, isso; levara-la a ruína. Longas vidas, longa jornada, o dia nasce e outro termina só para me tentar fazer infeliz, amar é deixar ir, do fundo de meu egoísmo; vá... Marcos Henrique