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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Picadeiro doentio

Picadeiro doentio
(Marcos Henrique)

Poetar! Poetar em mim.

Que triste fim, que triste fim para um palhaço fosco que nunca se fez rir. Hora chora em demasia pelo circo, pelo arlequim, outrora chora lágrimas claras pelo amor que nunca se fez sentir, pois a mulher barbada não o quis mais como homem. Pobre palhaço do soluçar ofegante.

Pobreza em amar quem não lhe quer. Tortura em amar quem tanto lhe quer e não o pode ver, tristeza em amar quem nunca amou. Chorar por quem nunca se vez merecer.

Ó! pobre homem de calças largas e gravata engraçada.

O amor é isso, um circo com homens se ceroulas a mostra, leões castros, domadores sem bigodes e mulheres flexíveis quem não sabem fazer café.

O amor é um picadeiro doentio e desordenado, com uma platéia que aplaude os infortúnios da vida alheia.

Esse poema é dedicado ao garoto que nasceu sem dons.



sábado, 24 de setembro de 2011

O mundo



O mundo

(Marcos Henrique)


O mundo está louco, e eu sóbrio esta noite;

O mundo está morto, e eu vivo como um bebê;

O mundo está morto, e eu tão só;

O mundo está morto, e eu perdido em esquinas cinza;

O mundo está morto, e eu buscando humildade;

O mundo está morto, e eu estou morto e sem alma.
Que dia é esse?

À hora teima em não chegar. A vida vai embora e não volta, sempre em minha hora de acordar.

Os dias já foram mais claros, meus olhos viam bem mais. E agora?

O mundo está morto, e eu, eu estou preso num turbilhão de dúvidas existencialistas e perguntas feitas.

O mundo está morto. Não. O mundo está triste e eu vagando por lembranças mortas.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Versos perdidos ao vento


Versos perdidos ao vento
(Marcos Henrique)

O Fogo não queima mais em meu peito;

Meu peito não bate mais um coração;

Meu coração é músculo com defeito, nessa vida cinza cheia de mórbidos desejos e doce alusão.

O tom de meu poetar, são diatônicas imprecisas, acordes desafinados, uma dissonante imperfeita que segue a risca as regras dos acordes fracos que toco em um violão desafinado. No fim do jogo me deito e canto canções desprovidas de tom, de voz, melodia, das lembranças de outras vidas vividas, ou dores que não senti em mim. E agora a hora me chega, me parte, me torce, deflora. E o tom que agora me consola me lembra que hoje não sou nada, nem ontem fui se quer.

Meus versos se perdem, não apertam as mãos. Coerência não é bem vida. Já existe civilidade e racionalidade de mais, mesmo que de forma tão burocrática.

O fogo não queima mais em meu peito porque acordei de meu longo sonho, onde só sonhava e não via nada além da beleza frágil que teimava em consertar, mas a cola acabou, e hoje, só vejo o que me faz pensar nessa triste sina que é a miséria humana, contada ao longo dos séculos, sofrida todos os dias que me sinto menos nesse não tão perfeito mundo perfeito.

domingo, 18 de setembro de 2011

DIEGO...

(Por Diego El Khouri)


Final do dia:

um abraço sem abraço

o beijo sem lábios

um olhar sem olhar

o café frio sem provar

o gosto amargo de amar

a noite fria sem esquentar

um jeito simples de falar.


Depois vem a madrugada:


a poesia a gritar

a melancolia a chorar

a música triste a cantar

o beijo amargo a saciar

a mente farta de pensar

a rima pra rimar

a saia justa a levantar

o corpo febril a gozar

a solidão ímpar a gargalhar.


Depois vem a manhã:


a roupa a enforcar

os dentes a escovar

o pão a alimentar

o ônibus a pegar

o cochilo a cochilar

o ponto a parar

a porta a arrombar

na loja a trabalhar

o telefone a tocar

o patrão a falar

o funcionário a xingar

e o diego a roubar

diego a roubar

diego a roubar

diego a roubar

diego a roubar

diego a roubar

diego a roubar

diego a roubar

diego a roubar

diego a falar

diego a esbanjar

diego a fustigar

diego a usurpar

diego a peidar

diego a sondar

diego a trepar

diego a chorar

diego a cagar

diego a vomitar

diego a menosprezar

diego a trancafiar
diego a roubar

diego a enganar

diego a esbanjar

diego a roubar
diego a roubar
diego a roubar

diego a fumar

DIEGO PAU NO CÚ!!!!!!!!!!!!!!!

Diego

a

calar.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Quando tudo for dor


Quando tudo for dor
(Marcos Henrique)

Quando a dor parecer mais puras, vou encontrar o arco-íris em tons de cinza que sempre busquei e nunca pude tocar;

Quando a dor parecer mais pura, serei todo seu acaso. Todo seu, de coração e lagrimas;

Quando a dor parecer mais pura, mais terna, quero leite morno e torradas de alho;

Quando a dor parecer mais pura, meu rosto desfigurado será visto por todos e me servirá de orgulho, um orgulho heróico;

Quando a dor parecer mais pura, de nada mais me servira à maturidade;

Vou ter que lutar pela dor que teima em querer me abandonar, pois preciso de meus medos e demônios para ser um homem completo.

Quando a dor se for, serei só. Todo solidão, um drogado em abstinência, um eu sozinho, bandeira sem haste;

Quando a dor se for, não terei mais motivos para ser um ser vivo, pois de que adianta ter dentes e não se ter carne para mastigar e regurgitar;

Quando a dor se for e o paraíso vier, não terei para aonde ir, não terei para quem viver mais, pois todos os contos de fadas não me serviram mais de nada.

Quando tudo se for, só me restará à ironia de ter visto o quão pequenino, perdido e vão eu sou.

Obrigado a mamãe, papai e a todos os seres do invisível que me cercam. Até os que me sufocam.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

À alegria do poeta (I parte)


D
(Marcos Henrique)

Talvez seja uma esperança tola, eu temo, mas, quando olho nos teus olhos, me vejo. Nada de precisão, nada de demasia, mas eu a vejo e ela a mim, mesmo no meu mundo tão pequeno. Ela me vê?


Quem se lançará primeiro - A emoção ou o medo?


Ficarão os sentimentos reprimidos?

Ficara a vontade adormecida? Não sei, sou tão pequeno.


Se você pudesse me tocar e me curar, por mais que tenha medo, tenho saudade do terno.

Temo gostar, amar, mas tenho mais medo desse único olhar, temo que todo esse sentimento se perca no esquecimento, se perca nos teus olhos.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Um dia



Um dia
(Marcos Henrique)


Um dia a mais e eu me fiz menos;
Um dia a mais. Nuvens borradas e falsos segredos;
Um dia a mais. Tudo é o nada em vidas curtas. Vidas. Nossos tolos pensamentos;
Um dia a mais. Segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sempre;
Um dia a mais. Meus sonhos, sonhos pequenos;
Um dia a mais, menos fome, mais vida, menos vida, mais fome;
Um dia a mais, para que eu possa ter todos, absolutamente, todos os entendimentos que não vão me servir para nada quando meu dia se fizer menos.
Um dia a mais, só um dia qualquer com versos de efeito, métrica imperfeita, esperanças renovadas, ilusões refeitas, apenas um dia a menos.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Qual a razão

Qual a razão
(Marcos Henrique)


Há terra - o mar - há vida. Meu bem estar;
Há dores - o medo - há agonia. Meu mal estar;
Noites! Noites frias, versos quentes. Versos sem sentido, razão do existir, se é que existo, se é que me toco. Me sinto?

Meus medos são poderosos e fazem estragos irreversíveis.
Coma! Me salve! Me transporte para teu mundo, pois lá, é o único lugar que me sinto acolhido.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Sinopse de A Casa de Ossos

Um passado esquecido, um garoto de olhos negros e uma casa que, durante décadas, esperou um homem sem fé e sem medos para adentrar por suas portas e libertar seus pesadelos.

Bem vindo à Casa de Ossos!

Entre e ouse descobrir os segredos ocultos no silêncio de suas paredes.

Mas não esqueça: Você é inocente até ter consciência de seus próprios erros.



Conheça o blog do autor: http://adrianovilla1.blogspot.com/

Vamos dar uma força a literatura nacional

Esse é o livro do escritor Adriano Villa

Vamos dar uma força pessoal!

Amigos e amigas

Depois de muitos anos, finalmente A Casa de Ossos será lançado pelo selo: Llyr Editorial e o grande dia escolhido: 07/09/11 na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, no estande da Usina de Letras - Estande: Q12 - Pavilhão: Verde, estarei presente no estande a partir das 15h. Quem puder aparecer para compartilhar este momento único, eu agradeço, mas se não puder, por estar em outro estado, quem sabe um dia apareço por aí, mas enquanto isso não acontece, peço, encarecidamente que repassem este email para suas listas, neste momento eu preciso de toda ajuda possível, ainda tenho mais dez livros para serem lançados em casa.



Felicidades a todos
E obrigado pela atenção
Adriano Villa

sábado, 3 de setembro de 2011

Poema tirado de meu livro Segunda era

Segunda era.
29/09/2002


Não quero mais, se só essas palavras bastassem, não há mais nada a ser feito, não quero mais o dom maldito, eu tenho e não aceito, mas percebo que é só o que sei fazer.

Quantas trevas mais?!

Quantas lágrimas?!

Quanta pressão em meu corpo, meu pensar, que falta me faz ter não ter juízo, todos os sons, todos que não ouço, mas sei que gritam.

Quanto mais agüentarei?

Quanto mais afundarei?

Os apoios se foram, por quê ainda persisto?

De onde vêm essas forças?

O que me mantém vivo?

O que me mantém nesse tormento? Nesse mundo sem ar que vivo.

Malditas feridas!

Malditas cicatrizações fingidas!

Fuga pro nada, pro mundo sem solo, pro solo sem pés, só limbo, só limbo...

Nada de choro ou sorrisos.

Não acendam as velas, ainda estou vivo.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Trecho de meu livro Poemas Sucidias - Diário de um Moribundo



SOLIDÃO E RUÍNA


O que eu fiz meu Deus? Não posso viver sem ela! Não posso! Sem ela não! Tudo menos isso, me tire os sentidos, o censo do ridículo, a natureza que ainda tenho, menos Ruth, menos meu anjo!
Não sei mais o que fazer! Não tenho mais minha base, minha segurança, não tenho mais nada, agora estou só por completo, agora estou deserto, agora sou eu por inteiro.

Me olho no espelho, em pleno meio dia, não sei que face é essa, não conheço você reflexo, quem é você por trás do espelho? Me deixe entrar, me deixe fazer parte de você, ouço os mortos, eles riem, debocham de minha natureza frágil, me deixe entrar, me deixe entrar! Eu posso ser seu escravo, posso ser seu companheiro, posso ser seu amante, me deixa entrar!

Pardais mortos enfeitam minha janela, vou colocá-los numa caixa para dar-lhes um funeral mais humano, vou enterrá-los, para ter de quem lembrar, para ter motivos para orar. Faz tanto tempo, parecem séculos, eterno tormento momentâneo, voraz é teu ataque e afiada é tua língua.

Gostaria de ter uma flecha, uma bem longa, bem afiada é só o que me falta, nessas horas só uma flecha bem afiada poderia conter a hemorragia.

Quero gritar, mas não tenho forças, não tenho forças para mais nada, o que me difere de minhas fezes, é que eu fico e elas se vão, adeus; até tu me abandonas! Ingrata, te fiz e me deixaste!

Uma cruz me seria útil, mas não tem anjo aqui, o que me resta? Não tem ninguém para me pregar. Uma corda seria útil, seria sutil, seria magnético. Qual será a cor da baba de um zumbi? Em breve saberei.

Se eu tivesse ouvido todos aqueles conselhos valiosos, a vida não me estupraria tanto, mesmo que ponha devagar, me incomoda ser penetrado.

Tenho que conseguir diversão, um pouco de fantasia, um pouco de ilusão, não seria tão mal, um pouco de adrenalina em minhas veias, um cheiro de pecado em minhas narinas, uma coroa de rosas, rosas murchas...

Não tenho forças para me vingar do mundo, seu puto sujo! Ou eu lhe sujei com meu transpirar imundo, quem vai me dizer? Quem vai me calar?

Já estive feliz, por mais falso que fosse, eu não ligo mais, eu não minto mais para mim, sou dejeto, detrito, sem anjo, sem espírito, que se dane!

Sinto falta do medo do amor que sentia contigo, sinto falta de sentir que até um moribundo pode se sentir vivo; sinto falta de teus mamilos, teus lábios, teu clitóris quente como o inferno e lindo como o céu, quero rasgar o céu, quero apagar o inferno, quero você por perto, quero você em mim, cansei!

Matem todas as putas! Suas imundas, sedutoras do mal, bestas a solta, perdição! Maldição! Queimem todas essas putas! Mas deixem Ruth, por favor, deixem Ruth! Não vou conseguir sem ela, sem meu anjo que chora, me desculpa e volta por essa porta, volta agora! O silêncio é minha resposta.

Minha paranóia, você é minha paranóia, você é meu medo. Sem minha metade nada sou. Um escritor sem dedos! Sem fala! Sem língua! Sem rimas boas! Sem vida!

Vou para o meu mar de impossibilidade, vou me afogar, vou nadar um pouco e depois me afogar.
Vou cuspir meu coração fora e dar a quem me pedir esmolas, não me importa mais, não o usarei mais, de que adianta um eletrodoméstico quebrado a não ser para juntar ratos e baratas.
Gostaria do abraço de meu pai, meu pai; não há mais nada a ser dito, nunca tive seu abraço - mesmo quando me entregava a ti, nunca tive uma demonstração de carinho - mesmo quando me expunha a ti, nada de afago - mesmo quando me sentia junto de ti, mesmo quando achava estar protegido.

Não culpo mais Deus, sei que a culpa foi tua, não sei se te odeio ou me odeio por achar que posso te amar, me desses um coração triste e forte para suportar toda dor, quantas cicatrizes, nem conto mais só as deixo lá, aqui em meu peito, aqui em sangue não coagulante corre um pouco de você.
Já posso sentir o efeito, já posso sentir esse calor acolhedor em meu peito. Quantas luzes lindas nesse quarto escuro, que lindo esse arco-íris de uma única cor, posso correr e atravessá-lo, o que serei do outro lado?

As fadas me dizem que estou cada dia mais perto delas, mais perto do que sei que vou ser quando perder meu juízo.

Eu perdi, eu sei que perdi, não sei como recuperar; não sei o que faço com meu coração quando ele empretecer de tanta tristeza, uma reconciliação seria bom, seria sublime, nunca vivi o sublime.
Acho que ela não volta, vou deixar a porta entreaberta, vou deixar minha última esperança de guarda. Falhas! Falhas! E mais falhas!

Esqueci algumas palavras, não me importo mais com elas, não seriam ditas de qualquer forma, anuladas de minha mente elas ficaram bem, ficaram livres.

Fiz um lixo triste hoje que não intitulei, não valia a pena intitular, é tão triste e real que me dá medo, eu sei que tenho as chaves, temo tanto usá-las, ainda mais agora, meu lixo poético, minha melancolia expiradora, minha overdose poética...