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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Tuberculose


(Marcos Henrique)


De todos os futuros possíveis, por que fui escolher logo esse?

Minha alma chora não me alegro mais, já me falta forças para escrever e isso me mantém vivo, quero queimar todos os livros, todos meus vícios.

Em que lugar devo me encaixar?
Minha dor de cabeça amiga, nunca me deixa, nunca me deixa relaxar.

Correntes fortes poderiam me socorrer. Minha casa, meu lar, minha solidão, meu coração.

Não a mais o que pensar de mim, não a mais o que esperar de mim, não a mais nada em mim.



terça-feira, 28 de setembro de 2010

M para lembrar

(Marcos Henrique)


Mesmo sem poder te ver, sem nunca ter podido tocar teu rosto sei que você está lá, não quero essas lembranças mas eles me querem, me desejam como a lepra. Teus olhos; ainda posso ver se distanciando de minha dor, como queria um abraço teu naquela noite fria e solitária, espero até hoje por teu abraço e em toda noite fria, fico a esperar, olhando para o nada, olhando para mim. Não sou ninguém e consegui esse mérito sozinho...

Nunca senti teus lábios, teu toque, tuas carícias, teu sorriso sempre longe de meu alcance, meu mundo é tão só e tão amplo, você está tão perto e eu não posso te sentir em mim, nunca pude, nunca... Minha doce, minha doce...

...Nunca foste minha...

Escrevi nossa estória faltando partes porque nunca foram preenchidas, porque nunca tiveram felicidade, só essa tristeza que me invade, me consome, me mastiga, me cospe, me joga para longe. Não há mais como voltar... Vou ficar bem se você ficar bem. é o mínimo que posso suportar é o mínimo, sou mínimo sem você.

Meu..amor...perdido...

domingo, 26 de setembro de 2010

Carcaça


(Marcos Henrique)


Carcaça de cachorro pelo chão, soluço, choro perdido, perdão, uma criança ri inocentemente sentada na calçada de uma rua sem horizonte -pecados fazem parte da vida.

Minha doce menina de olhos claros, tão bonita e sozinha, espera por mim todas ás amanhãs, vem...

... espera só mais um pouco. Cores lindas irão se apresentar para você que sorrir, meu retrato no chão, meu corpo se levanta e não mais vacila, cores lindas pairam por aqui só você não percebe, feixe os olhos e veja o que eu vejo, faça parte de meu mundo, não tenha medo de entrar, entre sem bater, meu coração é todo ilusão só para você.

Vou num vôo desenfreado, corro louco feito andarilho desavisado que não paga seus impostos.

Os uivos dos lobos me acompanham, abra os braços e feixe os olhos, sinta esse mundo invisível que nos cerca, como é mágico; doces sonhos, nada de pesadelos, olhos abertos manda para fora todo o desespero, amanhã vai chegar, sente-se aqui, bem longe, mais perto de mim.

Quantos sapos já beijei só para ter uma noite como essas? Meu retrato envelhece sem alma, tudo está como deveria estar e esta noite quente nos acolhera bem, dormiremos com os pássaros e voaremos o mais alto que pudermos, tudo será um conto de fadas e todos viveremos de verdade como deve ser, risos ao longe, alegria de perto, tudo até mesmo o incerto se curvara perante nós, é agora que tudo começa e o fim não termina mais nossas vidas, a faca foi tirada de meu coração, posso ser quem eu quiser ser, quem eu quiser viver.



sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Alma


(Marcos Henrique)


Escrever e adoecer a alma; será uma dádiva? Será uma benção?

Quem sabe ao certo esses fatos só são rotina crua, crua é minha vida, my life. Sempre me sentindo um prisioneiro de mim mesmo.

A dádiva me foi dada e junto me veio a magoa, o medo e o eu sozinho, não me importo como serei lembrado, se como um gênio, ou um retardado, só ouçam minhas poesias doentia, meu desabafo, chorem, riam, sejam o que não fui, sejam livres, sem cortes nos pulsos, sem veneno nas veias, sem saudade de um lugar que nunca é visto por meus olhos, não posso descrevê-lo, mais o sinto desde menino, desde a época clara, antes das trevas reinarem em meu pensar.

Fazer-me vida;

Fazer-me paz;

Fazer-me o que não sou, alegria...

Marcos Henrique

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Mosquitos chupadores de vida


(Marco Henrique)


Quantos mosquitos você matou hoje?

Quantas vidas minúsculas há nosso egoísmo se foram? Quem segurou tua mão hoje?

Quantos anos com as mãos frias...?

Será que você sabe o quanto sangro para te fazer feliz? Quem conhece o amor verdadeiro poderia me dar um pouco, um simples gesto já me seria o bastante, já saciara meu egoísmo.

Eu sinto frio mesmo no deserto, me descobri e não estava preparado para perder...

Assim como a dor do parto da lua, ao dar a luz ao sol, meu trauma não tem cura, minha mente não tem cura, escrever não tem cura, mas isso me acalma e me entristece, me torna um homem, me torna mais calmo, me torna mais morto, me torna mais vivo, minha vida paradoxal...

...Faz-me chorar, me faz chorar por favor, essa é a única coisa que ainda me faz sentir-se; humano.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Poema 77




Prefiro sentir a verdade, a fingir;

Prefiro mentir, a omitir a verdade;

A cortina é de sangue e a fumaça respirável.
Eu sou tão feio por dentro e tão falso por fora. Não sei quem sou agora. Se penso logo exílio, existo para o exílio.

Sou tão nada e nada posso fazer, a não ser, mentir como você.

A esperança é tão sofrida e a vida às vezes tão mentira e a mentira nos acolhe tão bem.

A luz me machuca os olhos, então porque continuo a olhar? Eu sei, são tantas farpas. A quem recorrer para tirar? A voz é minha arma e a dúvida a pedra de tropeço e, ainda hoje, não sei por que teimo em levantar.

Tenham uma boa vida falsa, mas não desistam de tentar se achar, mesmo que nada faça sento como esse falso poema.

sábado, 18 de setembro de 2010

III ato




III ato.


Nessa noite louca e confusa vejo estrelas pairarem sobre minha sombra desolada, essas loucas estrelas que clareiam a densa madrugada.
Oh! Por de sol que sucumbi meu fardo, me queima com voracidade, me lança nessa densa camada de magma, fúria incontrolável de meu eu, loucos nus, estrelas sem luz, anjos castros, sede, fome insaciável...

Louco! Pobre de te;

Tolo! pobre de mim, que me encho com o enjôo matinal, minha clara evidência de que em mim às vezes abita seres inimagináveis.

Poema tirado de meu livro "Inspiração de Terceiros".

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Saudade de quem


Saudade de quem
(Marcos Henrique)


Quando seu cordão umbilical tocou meus lábios e me acordou de meu sono leve, não pude ver com a claridade o sorriso que se formava de tua boca murcha. Teu hálito podre depois de dias de óbito tocou minhas narinas com o cheiro da morte e a brisa de um novo dia de luz.

Não tenho o privilegio de sentir saudade, de sentir liberdade que sempre me deixa de fora de suas festas.

Quando tuas vestes úmidas tocaram meu braço, todo o embaraço que era ser culpado sem nunca ter sido julgado...

...E o que mais me dói no peito aberto em carne viva e sangue morto é essa espera que nunca termina, feito o eclipse de minha rotina, sorrateira e equívoca.

E quando o sol morre e a lua ressuscita, me sinto distante tão perto de duvidas infinitas, mas o que mais me impressiona nessa vida torta é que sempre sinto saudades de quem nunca conheci em vida.


“os anos não importam porque os cigarros acabaram”.
Dedicado a Kurt Cobain.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Osculo


Osculo
(Marcos Henrique)


Tentei e tentei, mas o fracasso teima em me persuadir;

Corri o mais lento que pude, só para tentar ser notado;
Morri por mil vezes e deixei-me enfeitiçar;

Pedi ajuda a anões que só enxergavam trabalho;

Furei-me numa roseira;

Deixei os cabelo crescerem e me tranquei na torre mais alta;

Tudo foi tão em vão que quase me esqueci de mim, esqueci o quanto me desvalorizei, tudo por isso e agora que o tenho não o quero mais.

Quantas línguas, quanta saliva, quanta facilidade, vejo que hoje não foi só a lua que perdeu seu brilho, que perdeu sua mágica, espero que os tempos que estão porvir melhorem isso, acho que não, mas a fé ainda continua forte e nisso me apoio, até quando?

Ela tocou em minha face pela última vez e me fez sentir vida, os céus ainda guardam seus heróis puros, tudo o que quis foi isso por muitos anos, mas vejo que minhas pernas são mais longas, doce querida sem lábios, doce e ao mesmo tempo aguado, futilidade sem novidades sem rima para o que acabei de fazer, agora que o tenho não o quero mais, nem descreverei mais o que tento busquei em te, pois o que fizestes não se faz, era só meu assim dissestes, não é justo enganar quem tento foi sincero, não se engana lábios puros, que tua boca seque e tua língua cole em teu céu impuro, para que não possas fazer mais isso com ninguém e ninguém lhe queira mais tocar.

Agora vou para onde nunca deveria ter saído, vou para meu verdadeiro lar, o útero de minha mãe me espera e lá nunca serei enganado.

P.S: morra!

sábado, 11 de setembro de 2010

Distúrbio


Distúrbio
(Marcos Henrique)


Com o distúrbio me sento e oro por dias que não estão por vir;

Por agora sou um pedaço de mim que aflora o rosto rubro em silhueta;

O que sou? Pergunto-me mais uma vez...

Sei quem sou por agora, sou só ócio, um mandrião sem vontades;

Sou soberbo em tudo o que faço de pior, sou único e só;

Sou escravo do ofício que se apresentou a mim, sou prisão sem trancas, porque não se pode trancar o que se acostumou com o cárcere;

Sou a aberração perfeita de Deus, bobagem, sou somente...

...humanidade...

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Não me sinto mais

Não me sinto mais
(Marcos Henrique)



Não caibo mais em mim;


Não há mais “o eu";

Os dias só me servem para envelhecer.

Para que pensar no futuro se o futuro é estéril, para que pensar no amanhã se ele é tão cinza, é tão estranho imaginar que estamos sós e que todas nossas guerras foram em vão, porque ainda há guerras? A paz se matou de tanta tristeza e não deixou uma carta de despedida, estava muito cansada para escrever, mas ela não poderia morrer assim sem uma carta de despedida, então, os poderosos forjaram uma carta que era mais ou menos assim:

Olá eu sou a paz, vivi entre vocês todos esses séculos e vejo que aprenderam muito comigo e com nossas guerras, hoje seus filhos estão mais seguros e nossos ideais protegidos, todo o sangue derramado não foi em vão, graças ao nosso bom Deus vamos vencer no final, mas só se vence com sangue dos impuros lavando nossos pés e refrescando nossas almas, não morri em vão, estou bem, estou feliz...
Fiquem em paz.

Não caibo mais em mim;

Não vejo mais meu rosto;

Não me sinto mais protegido pelo invisível.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Hoje a noite eu viajo


Hoje à noite eu viajo, parto para nunca mais ser visto, minhas lembranças dolorosas são as únicas coisas que carrego, minha mala é pequena, mas minha bagagem é de peso descomunal.
Sou forasteiro da terra. Do mundo me sobrou a magoa e o choro de dor pela guerra.

A nevoa se espalha, já não posso enxergar com clareza meus sonhos, estão perdidos, estão; Não ligo.

Minha viajem já foi adiada por muito tempo, o trem não pode esperar mais, não posso esperar mais, que ansiedade brutal me corta a face, todos notam, eu não me importo, já tenho as passagens, são só de ida.
Pobre coração efêmero, pobre inferno, podre. Maldito tormento, tu se esvai agora! Não me vencestes, eu escolhi a derrota; pobre criança que chora, podre farsante, inimigo da cor que não é sua.

Eu parto e não deixo rastros, não deixo provas de minha vã existência, que dor no peito agora, e essas lágrimas que por mim rolam, me enchem de saudade desse mundo mal que me tratou tão mau, não entendo os sentimentos, o coração ou o tormento de estar vivo, se pudesse escolher, tinha nascido morto, ou melhor, não teria nem sido fecundado, no vazio a tanto espaço e eu aqui.

A viajem para o tormento me espera, tormento que ouso chamar de minha paz. Minha infância! Para te retorno, para dentro do útero de minha genitora, antes; terei que passar pelo inferno, para dar adeus a quem me acolheu por todos esses séculos.