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sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Não me sinto mais

Não me sinto mais
(Marcos Henrique)



Não caibo mais em mim;


Não há mais “o eu";

Os dias só me servem para envelhecer.

Para que pensar no futuro se o futuro é estéril, para que pensar no amanhã se ele é tão cinza, é tão estranho imaginar que estamos sós e que todas nossas guerras foram em vão, porque ainda há guerras? A paz se matou de tanta tristeza e não deixou uma carta de despedida, estava muito cansada para escrever, mas ela não poderia morrer assim sem uma carta de despedida, então, os poderosos forjaram uma carta que era mais ou menos assim:

Olá eu sou a paz, vivi entre vocês todos esses séculos e vejo que aprenderam muito comigo e com nossas guerras, hoje seus filhos estão mais seguros e nossos ideais protegidos, todo o sangue derramado não foi em vão, graças ao nosso bom Deus vamos vencer no final, mas só se vence com sangue dos impuros lavando nossos pés e refrescando nossas almas, não morri em vão, estou bem, estou feliz...
Fiquem em paz.

Não caibo mais em mim;

Não vejo mais meu rosto;

Não me sinto mais protegido pelo invisível.

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