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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Poesia, poetar, poema, poesia




Poesia, poetar, poema, poesia
(Marcos Henrique Martins)


O que não é meu, não é de mais ninguém. Nem de Deus ou do diabo, nem de quem se julga cético, filosófico, poeta ou ateu.

O que não é meu é desse mundo tangível, desse mundo que fede a mazelas incontáveis, obscurecidas pelos óculos escuros, comprados por dez contos de reis nas feiras populares de minha terra, pois no Recife todos andam de óculo escuro - baratos ou não –. O sol do Recife é quente; é seco e quando toca o chão queima nossas íris. 

O que não é meu, não é da burocracia, aristocracia falida do velho continente que junta dinheiro com os bolsos furados e a cueca remendada na bunda. Não é do capital ou do proletariado que surge tipificado por classes, como se fossem castas, como se fossem espécies em extinção e em ebulição, loucas por viver, loucas por estarem morrendo, ou simplesmente loucas. Loucas, apenas isso. Loucas.  

O que não é meu, não é de você que me quer sentir por dentro de teu existir que acabou de mudar para sempre, mesmo depois de não me entender, mas que sentiu, olhou, me viu refletido nos olhos de um garoto sofrido que reza com sua lata de cola nos lábios rachados da vida sofrida que vive. Vida? Não, não é vida e sim mera existência.

O que é meu me perguntam? São os vícios, verdades duvidosas, dúvidas existencialistas, falta do que fazer em noite de feriado prolongado e todas as coisas indesejáveis que deixamos debaixo dos tapetes imaginários que se formam no fim de cada ano e, na esperança do novo ano que nasce aos prantos de nos chamar pelo nome, antes mesmo de aprender a caminhar. 

O que é meu é o dom da palavra e isto nem que me roubem a alma, não vendo, não troco, nem dou.

E mesmo que a poesia não tenha mais serventia, vou continuar essa jornada, mesmo que não chegue aos Jardins Suspensos da Babilônia, pois me sinto poeta e esse fogo que queima, aqui em meu peito, nem um dilúvio pode apagar.  

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Na Praça Maciel Pinheiro, vi Deus



Na Praça Maciel Pinheiro, vi Deus
(Marcos Henrique Martins)

Quando o fim do mundo chegar, deixarei um canteiro com flores diversas para que ninguém possa aproveitar seu aroma. Parece egoísmo de minha parte, mas qual ser humano não é egoísta? Você? Eu?

Quando o fim do mundo chegar, poderei descansar a cabeça no chão duro, neste asfalto que guarda segredos, impressionistas, que ruborizam até os querubins.

Quando o fim do mundo chegar, ficarei sentando num banco, em qualquer praça do centro Recife, ou melhor, ficarei sentando na Praça da Independência, que se tornou a Praça da Desesperança, devido ao número de prostitutas, desocupados, desempregados e mendigos que por lá perambulam. Não ficarei na Maciel Pinheiro, pois lá não existe visibilidade e todos já estão mortos para sociedade.

Assistirei todo o pânico dos transeuntes, em meio ao caos, junto com os que vivem a margem da sociedade. Ficarei calmo, pois a desesperança cessará para aqueles miseráveis acostumados com um amanhã sem possibilidades. Me sentirei em casa e apertarei a mão de todos, até darei abraços efusivos em alguns, mas só nos miseráveis que por lá sempre estão.

Quando o fim do mundo chegar, vou rir; chorar, questionar Deus, culpar a ONU, negar meu fim, me reconciliar com Deus e aceitar o fim definitivamente, pois, ao reconciliar-me com Deus saberei que sou infinito. Não é isso que pregam? A negação da impossibilidade. A negação da obscuridade do “fim” com um ponto e a esperança do “fim” com reticências?

Quando o fim do mundo chegar, vou torcer para que tudo, definitivamente, acabe, pois não suporto mais esse mar revolto de possibilidades, essa calmaria que finge chegar, essa humanidade obtusa a qual faço parte, que trai com beijos, que se arrepende com lágrimas de crocodilo, que pede aos deuses que matem sem misericórdia, que pedem aos deuses que tudo acabe, que pedem, pedem e pedem, mas esquecem dos miseráveis que estão na Praça Maciel Pinheiro ao lado da igreja da Boa Vista onde já vi Deus, em um sermão cansativo, cochilar.


***

Ontem fiz um poema em prosa sobre a Praça Maciel Pinheiro (Recife-PE), que está sofrendo com o descaso das autoridades. É prostituição, consumo de drogas e assaltos, tudo à luz do dia, mas ninguém enxerga a Praça. o interessante é que o jornal Folha de Pernambuco também conseguiu notar a praça e fez uma ótima reportagem sobre a mesma. Esse é o poema em prosa que fiz para a Maciel, a praça de minha infância. Era raro o dia em que não passasse por lá e me deslumbrasse com aquele chafariz jorrando água e os bombos que por lá moravam.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Não me conhecem




Não me conhecem
(Marcos Henrique Martins) 

Os sentimentos escuros da alma, os gestos falsos que corta e matam. 

Emoções suicidas percorrem meu corpo que já foi puro um dia;

A quem recorrer?

Para quem gritar?

O socorro um dia vira?

A esperança um dia acabara?

E minhas lembranças, minhas meninas sem nomes, vocês são fortes e eu fraco.

Levantar já foi mais fácil, e hoje o que temos?

Apenas versos sem sentido e esperança que um dia a inocência vai regressar.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Micro-crônicas


Ofício

Criar poemas talvez só não seja mais difícil que criar filhos, pois os poemas quando nascem e viram poesia saem de casa, mas os filhos, esses ainda ficam a parasitar por um bom tempo. 

***

Pergunta incomoda 

Para que serve um poeta nesse século da Atenção Parcial continua?

***

Brasileiro II

Deixei de contar os dias, agora só me preocupo com os feriados que caem às quintas.

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Mundo

Sem assunto fico mudo e o mundo não se importa se lágrimas brotam de meus olhos cansados. Não importa, pois por um breve momento, com as lágrimas em meus cílios postiços, pude ver o mundo embaçado e isto me reconfortou por horas.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Um dia



Um dia
(Marcos Henrique)

Um dia a mais e eu me fiz menos;
Um dia a mais – Nuvens borradas e falsos segredos –;
Um dia a mais – Tudo é o nada em vidas curtas –. Vidas? Tolos pensamentos;
Um dia a mais – Segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sempre –;
Um dia a mais – Meus sonhos, sonhos pequenos –;
Um dia a mais, menos fome, mais vida, menos vida, mais fome;
Um dia a mais para que eu possa ter todos, absolutamente, todos os entendimentos que não vão me servir para nada quando meu dia se fizer menos;
Um dia a mais, só um dia qualquer com versos de efeito, métrica imperfeita, esperanças renovadas, ilusões refeitas, apenas um dia a menos para se comemorar mais um dia.

sábado, 10 de novembro de 2012

Poema 47



Poema 47
(Marcos Henrique Martins)


Sabe, é triste levantar-se de manhã bem sendo e saber que muitos dormem até tarde para enganar a fome. 

Saber que tantos morrem e, não sei se renascem para a vida eterna melhor.

É difícil ter esperança vaga quando se tem revolta como guia. 

É horrível se sentir impotente, não poder girar o mundo ao contrário, não poder salvar quem se ama, não conseguir conter as lágrimas que teimam em brotar,

Mas o que é mais triste do que tudo isso, é ver o resumo de uma vida sem rumo, é ter a bússola nas mãos e ser um errante sem norte, sem direção, sem porto, sem mãos que lhe conforte.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Algumas micro-crônicas de minha autoria. Bom dia a todos!




Politicamente correto II 

Não, obrigado, parei com as drogas.

***

Politicamente correto III

Por favo, tirem essas flores murchar de meu velório.

***

Obrigações 

Uma coisa que me entristece é ter que sair em fotos, sorridente, mesmo quando não estou sorrindo.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Algumas micro-crônicas de minhas autoria




Horas 

Tempo! Não me tire o prazer de viver. 


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Contraditório

A morte sempre me inspirou a criar personagens com vida em seus olhos


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O mundo

Sem assunto fico mudo e o mundo não se importa com meu mundo. 


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Levante-se

Sou um perdedor persistente, fazer o que eu nasci assim.

domingo, 4 de novembro de 2012

Bom dia, boa tarde ou boa noite!




Mais um trecho de meu livro: O Lado Avesso – Nornes, o Mago. Que está a venda na livraria cultura e no site da Editora Baraúna.
Para quem ainda não conhece o livro onde misturo seres do folclore brasileiro com Elfos, dragões e etc... Dá um ciber pulo aqui, aproveita e da uma curtida na página.

Obrigado e abraços virtuais!



(A grande viaje da esperança rumo ao desconhecido)


À medida que vão saindo, as tochas vão se apagando, deixando para traz apenas saudade.

Os cinco já estão do lado de fora ainda tristes por Caliel ter ficado, por incrível que pareça Eder é o mais triste, pois ninguém confiou nele como Caliel o fez. Passado um tempo Caliel já o considerava como um da família.

- Onde estão às bolas, Apuã? – pergunta Theo.

- Estão aqui – responde Apuã, tirando-as de sua mochila.

- Então é só enterrar e pronto, eles nascem? – fala Ary.

- Suponho que sim – diz Apuã.

- Então dê uma a cada um e vamos enterrar distantes umas das outras, para que eles tenham espaço – fala Mikay, todos concordam e cada um pega sua bolinha e enterra na entrada da caverna.

Nada acontece para a decepção deles e quando todos menos esperam eis que surge da escuridão Caliel

- Monjoco! – grita Caliel, todos olham para traz, Apuã toma um susto que quase da um pula.

- O que faz aqui, Caliel? – pergunta Theo, surpreso, mas feliz com a aparição repentina do hainuru.

- Não podia deixá-los ir sem mim, e além do mais Nornes esqueceu de mencionar a palavra mágica que faz com que os dragões negros dispertem. – continua Caliel – Prometi a ele que depois que salvássemos a pricensa, voltaria para começar meus estudos com ele.

- É bom que esteja aqui, senhor – fala Eder visivelmente alegre.

A terra começa a tremer e um a um os dragões começam a sair dela.

– Eles são lindos – fala Apuã – Realmente são criaturas belíssimas. Todos negros com os olhos verdes, apenas um tem os olhos de duas cores diferentes: um olho verde e outro azul; esse vai logo para perto de Theo e o toma como condutor. Apuã e Ary dividem o mesmo dragão, enquanto os outros tomam suas montarias.

- Então é isso! Vamos partir – fala Caliel.

- Caliel! – grita Mikay – Vejo dragões vindo para nossa direção, mas acho que eles estão vindo para destruir Zoltany.

- Não podemos deixar! - fala Theo.

- Mas Nornes falou que esses dragões não podem entrar na guerra, eles são os últimos – fala Apuã.

- Eles podem ficar invisíveis, não podem? - pergunta Theo.

- Não, Theo... Nem pense nisso – fala Apuã.

Theo sorri.

– Você tem flechas suficientes para matar alguns ciclopes, Mikay?

- Poderiam derrubar um exército inteiro – responde o elfo, já com o arco na mão.

- Só espero que possamos nos enxergar – fala Theo e arranca com seu dragão ficando invisível no ar.

- Droga! Ele sempre faz isso – comenta Apuã, e é o segundo a seguir Theo.

Todos partem e ficam invisíveis, porém podem se ver por eles; estão invisíveis apenas para Zoltany e os soldados de Basef.

O alarme toca em Zoltany e todos correm para seus postos. Os dragões de Basef vêm com tudo, queimando tudo que encontram pela frente, mas não contavam com os dragões negros de Apuã.

- Tentem não acertar nos dragões; eles estão sobre efeito de um encantamento! – grita Theo e o primeiro ciclope cai com uma flecha certeira de Mikay.

Os ciclopes não sabem o que está acontecendo. Um a um vão caindo os soldados sem vida; nem os soldados de zoltany entendem e ficam apenas olhando tudo.

Golpes de machado, espada, garras de dragões, mordidas e flechas invisíveis vão abatendo um apor um, ciclope por ciclope. A corneta com o toque de retira é tocando e todos fogem sem saber o que aconteceu realmente.

Mais uma batalha vencida, mais uma vez o exército de Basef sentiu o gosto da derrota. Os dragões reaparecem depois que o exército de Basef foje e todos de zoltany conseguem ver seus salvadores. Todos juntos gritam de alegria ao virem Caliel e seus amigos nas costas dos dragões dando um voo rasante pela cidade.

- Dragões negros?! – fala o mestre Wagno sem acreditar no que está vendo – Vai, Theo! – grita o elfo armeiro, sentindo o sangue ser bombeado para o seu coração com mais força, com mais calor.

Eles voltam a ficar invisíveis e partem para a Ilha dos Amaldiçoados, para salvarem a princesa Ariel e restaurar o clã dos cavaleiros.

- Preciso de mais fênixs mensageiras. Todas as milícias devem saber disso – fala o mestre Wagno e corre para escrever mensagens para todos e se apegando a um fio de esperança. A primeira fênix a ser lançada é a do general Vlamir.

(Continua....)


O lado Avesso é de fácil leitura. Optei por escrever um livro cheio de dialogo, para dar mais agilidade a trama e patriamente uma história pulp, cheia de aventura e emoção.  

Você encontra no e-book do livro por apenas R$ 17,90 nos links abaixo e o s livros físicos por R$ 38,90 na livraria cultura e R$ 34,90 no site da editora: