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quinta-feira, 30 de julho de 2009

Poema tirado do livro "Clamor"






Doce sonho

Ah! Se a vida ficasse doce para mim, sem nenhum corante ou conservante.

Sempre que vejo mais um homem morto por seu veneno, me sinto menos homem, me sinto menos digno.

Ah! Se a vida ficasse doce para mim e todas as flores dos campos exalassem seu perfume por todo o ano.

Ah! Se a vida ficasse doce para mim, teria válido a pena tua morte, tuas dores não seriam sentidas tão forte.

Ah! Se a vida ficasse doce para mim e tudo o que sinto pudesse ser dito em um único poema, único verso em um único registro.

Ah! Se a vida ficasse doce para mim e me jogasse fora todas as dores, poupando o homem, tirando dele o dom de dar sofrimento.

Ah! Se a vida ficasse doce e ao fixarmos os olhos, enxergaríamos nossos defeitos e transformaríamos em doces nossos defeitos; se a vida fosse doce, não seriamos tão veneno.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Vergonha



Estou triste e com vergonha por estar triste, porque estou triste com meu criador, com meu Deus; eu o chamo tanto – nunca ouço resposta.

Não faço tudo certo e quando acho que acertei, erro com mais força.

Estou triste por meus pedidos serem insignificantes, enquanto todos sofrem por males como: A fome ou o preconceito humano, eu sofro por não se realizarem meus sonhos pequenos.

Estou triste e com vergonha por mostrar essa tristeza egoísta a Deus; Deus que tudo nos deu e estragamos; meu Deus! Perdoe-me os pedidos pequenos, perdoe-me a descrença que às vezes sinto, perdoe-me por achar que meu umbigo é tudo nesse mundo de egoísmo.

Tenho tanta vergonha de minhas preces, meus pedidos. Disperso-me te pedindo perdão por minhas falhas, por meu umbigo.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Verbo

Jesus olha os homens de bom coração e nunca me enxerga, me olha só uma fez, me toca só por uns segundos, eu não posso ser vazio, não quero ser vazio, eu te peço pai! Eu suplico! Você que é seu filho não se sente só como eu me sinto.
Grandes feitos nunca fiz, não levantei montanhas ou curei enfermos, mas nunca te tentei e em ti acredito.

Jesus me olha só uma vez, não nos olhos no espírito. Ando em caminhos e sinto que não te sigo, é difícil seguir o invisível quando não se têm sentidos, quando não ti sinto.

Jesus! Olha-me! Enxerga-me só uma vez! Fala-me, não ti cala, não quero mais ouvir esses sons sombrios que me arrepiam os sentidos, só tua voz me aquece o espírito.

Deus é verbo e minha língua é tão adjetivo.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Obriagado


Gostaria de agradecer a todos que copiaram e estão lendo ou já leram meu livro Poemas Suicidas – Diários de um Moribundo, amanhã voltaremos a nossas postagens normais.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Deus e o diabo me odeiam (mais um poema)



Sofrer em ti


Sofrer não foi minha escolha, a mim foi dada como a um golpe de enxada, enxadadas e soluçar sem lágrimas, escolha mórbida, escolha sem opinar.

Deixastes aqui à rosa morta com uma gota de teu sangue.

Desejo me embriagar em tuas dores, em teus temores, amar é compartilhar, mas tu me foste negado e tuas lágrimas o mar ira secar, quanto a mim; fico aqui, ali, sou onipotente na dor, sou impotente no amar.


Recife 15 de novembro de 1932.