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sexta-feira, 31 de julho de 2015

FATOS ISOLADOS QUE SE COMPLETAM DENTRO DE MIM


FATOS ISOLADOS QUE SE COMPLETAM DENTRO DE MIM



Uma lágrima caiu e evaporou antes de tocar ao chão.
Uma criança chora dentro de uma caçamba com lixo.
O sol deixou de brilhar hoje ao meio dia. 
Um girino morreu pisoteado pelas solas das sandálias do menino.

Um grito que rasga à noite, mas que nunca encontrará ouvidos. 
Um homem santo que faz sua homília em um local lotado de gente vazia, pronta para matar pelo amor divino.

Minhas pernas doem
Meus ossos se quebram com tamanha facilidade
(O deserto que me queima é o mesmo que me invade).

Uma noite sem estrelas 
Uma casa sem graça
Uma lua sem poesia 
Essa dor que nunca passa. 

Versos, versos que me versam que me deixam vivo, que me faz sentir a luz dentro das trevas – maldição que me cerca – aflora meus sentidos, deflora minha dor. 

Assim faço meus versos tortos;
Assim escrevo minha história sem glórias;
Assim, assim me sinto um grão dentro do vasto universo que não se importa se estou com frio; fome; dor; triste; sozinho; vazio; sem amor; isolado dentro de meu corpo febril.

Marcos Martins.

sábado, 25 de julho de 2015

Hoje é o nosso dia, dia do escritor, escrevem seus versos, rasguem seus versos, dilacerem seus versos, vivam seus versos!


E o mundo se fez luz. E a treva se fez trevas. E o caos habitou no coração dos desavisados escritores, que vivem com a dualidade incrustada em suas almas – eterna luta entre o ser; existir; estar; sentir; tocar o intangível com as palavras, morrer a cada livro escrito e renascer para voltar a morrer, escrevendo o que nem todos conseguem enxergar.

Marcos Martins. 


quinta-feira, 9 de julho de 2015

SER POESIA



SER POESIA 


Quando me vi poeta, meu mundo ficou sem luz por dois segundos, depois tudo acendeu e ascendeu com tamanha força, com tanto brilho que senti que iria ficar cego para sempre, mas logo à vista foi recuperando o foco e nunca mais foi à mesma. Passei a enxergar com todos os sentidos. Passei a sentir com todos os sentidos. Passei a ouvir com todos os sentidos. Passei a viver, a morrer, a chorar, a sofrer, a sangrar, com todos os sentidos.  

Quando descobri que o bicho que comia lixo não era um simples bicho e sim o rei da cadeia evolutiva, meu chão desapareceu, meu eu foi amaldiçoado pela necessidade de parir esses versos (poesia que de mim se faz brotar).

Ser poeta é sentir tudo em demasia, é viver todo dia como se fosse o único dia – versos líricos, epifania que não se deve, nem se pode explicar.

Ser poeta é ser só, enxergar as entrelinhas, tocar a última estrela do universo indiferente, dar nomes a cada fase do luar, se dilacerar, viver tudo em demasia, conviver com o caos que sempre está lá (dentro da origem). 

A poesia contida em mim chega a machucar meu peito, como se alguém esmagasse meu tórax me privando o respirar.

Poesia é sentimento por osmose, vontade de se libertar, seja em versos milimetricamente pensados ou versos livres como o espírito humano ao chegar nesse mundo de correntes; é ser vivo todo ardente, labareda em meu eu que ninguém a de apagar.  

Marcos Martins.



sexta-feira, 3 de julho de 2015

COM AS MÃOS UNTADAS EM SANGUE, SALVO O MUNDO DE MINHA HUMANIDADE


COM AS MÃOS UNTADAS EM SANGUE, SALVO O MUNDO DE MINHA HUMANIDADE



Um rato é apenas um rato e nada mais.
Um desejo é apenas um desejo e nada mais.
Um sorriso é apenas um sorriso e nada mais (já não se ri como ontem).

Depois da curva vem à guerra, e o espantalho já não pode mais erguer os braços para afastar os corvos do milharal da indiferença.

Com o sangue em minhas mãos, salvo o mundo do mundo;
Com o sangue em minhas mãos, lavo o chão que dá para a porta dos fundos;
Com o sangue em minhas mãos, vejo apenas sangue, só sangue, sangue.

Sou homem rachado – sertão que não cai nunca água;
Sou um homem despedaçado – com os fragmentos espalhados aos quatro cantos da solidão;
Sou um homem que já não sabe mais como pisar no mundo minado.

Sou sangue;
Sou dor;
Indiferença.

Sou solidão;
Amor;
Indiferença.

Faço versos líricos para mostrar o quão mágico pode ser o homem de barro;
Faço versos líricos que sangram; que mancham a mente com questionamentos dentro do mundo sectário. Por isso, faço esses versos líricos para viver devaneios que me permitam sentir-me bem dentro desse corpo labiríntico.



Marcos Martins.