acompanhar

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Poesia para espíritos livres



O que posso te dar


Não espere de mim o que não posso te dar;

Não construa castelos de areia, junto ao mar revolto, para que façamos vida e criemos nossos filhos;

Não sorria para mim, pois não é um sorriso que vejo de tua boca brotar – apenas dentes -.

Não sonhe com o futuro que posso te dar – sou só muros, trancas e grades -.

Não negue, se negue, me negue tudo, dessa forma sem ter que se explicar.

Conheci um homem mais velho, porém, nem por isso, mais sábio;

Conheci uma criança de 6 anos que me falava coisas que poucos conseguem enxergar. Nunca conheci alguém tão verdadeiro e honesto.

Não me espere à noite para jantar, apenas se alimente e não tenha expectativas sobre nosso amanhã, sobre mais um dia nebuloso.

Não, não posso fazer uma poesia para você porque se assim a fizer seriam palavras mortas e em todo o meu poetar saem pedaços de mim que não mais voltam, dá forma que deve ser; que escolhi dar a luz aos versos - Poesia incauta que me faz sentir-se desprendido de todo medo em mim incutido - que se dissipam em linhas vivas, quando escrevo em dias mortos.

O que posso te dar? Meu espírito, pois esse, ninguém pode aprisionar.


Marcos Martins.

sábado, 27 de abril de 2013

Vamos ler poesia?




Sobras

Gosto dos poemas que sobram no papel, simetria é para arquitetos conservadores, não para mim; 

Gosto de escrever poemas para se ensopar a alma, não suporto métricas ou rimas – isso me castra o cérebro -.

Adoro as frases soltas porque elas percorrem todo o corpo, passando por terminações nervosas e excitando todo o ser.

Não pertenço a nenhuma escola poética, prefiro a poesia das ruas, o ritmo dos passos – sempre apresados -, os olhos que não me notam, dessa forma posso criar meu poetar ensandecido, – poetar desvairado -, sempre pronto para percorrer desnudo por estradas dos saberes e não saberes.

Podem até não me entendere, mas me sinto dentro de vocês com os versos que crio para deleite de quem os devora, para a ira dos que os desdenham, para ó acalmar de todo meu ser.

Marcos Martins.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Entrevista com o Poeta Fábio de Carvalho


Poeta Fábio de Carvalho


O poeta, escritor, cantor, compositor e professor, são tantos adjetivos para uma só pessoa, filho cativo da cidade de cortês, zona da Mata Pernambucana, a 112 quilômetros da Capital, como ele mesmo costuma falar, Fábio de Carvalho, 29 anos, conversou conosco e nos revelou um pouco de seu mundo. Entre livros de gigantes da literatura nacional e mundial, o professor de histórias que leciona na Escola Municipal Senador Antônio Farias, lá mesmo em cortês, além de artista é um educador, mas todo professor tem um pouco de artista, e com o Fábio não seria diferente.
Este multiartista nos falou de seus projetos, de quantos poetas faz nascer e de seu amor pela literatura. Ás vezes parece ser ligado em 220 e ao falar de suas incursões no mundo das letras, seus olhos brilham como se fosse uma criança que acabara de ganhar o melhor presente do mundo. Com vocês um artista de muitas facetas.           

Marcos Martins - Para você qual a importância de Representar a Mata Sul na área de literatura?

Fábio de Carvalho - Na REALIDADE, a minha expectativa ao ser eleito no Fórum em Gameleira-PE, promovido pela Secretaria Estadual de Cultura do meu querido Estado, foi a de poder ser ouvido por meio de contatos frequentes com relação à realização de ações concretas que viabilizassem a valorização da Literatura de modo prático. Hoje, infelizmente, a minha figura de Representante da Mata Sul não está significando praticamente nada, haja vista, o modo como os órgãos de intercâmbio vem conduzindo os processos de encontros e discussões, não passam de faíscas sem pólvora, onde muitas vezes, aquilo que foi planejado, não sai do papel nem resulta positivamente ao foco comum que é a valorização da Literatura. Creio e temo isto, que este planejamento voltado para as linguagens artísticas não passe apenas de no mínimo teoria, e no máximo, planejamentos e ações que apenas sirva para valorizar cidades como Gravatá, Garanhuns, Caruaru e Recife, já que são cidades-polo. Enquanto isso, ficamos como diz o matuto: - Cum zói arregalado e o bofe inchando. De apenas esperar e nada alcançar. Em uma palavra, ser representante da Literatura da Zona da Mata Sul de Pernambuco hoje, é uma ficção, para não dizer, uma fantasia...

MM - Como você consegue desenvolver tantas atividades, ligadas as artes em geral, porque você é escritor, poeta, músico, compositor e professor de Histórias? Esqueci de mais alguma coisa?

FB - Eu costumo falar que a arte é algo tão natural quanto respirar. Em algumas situações, desenvolvo cada linguagem artística de acordo com meu estado de espírito. Aprendi a escrever e a ler aos cinco anos, talvez isto tenha me influenciado nas áreas da literatura. Quanto à música, me interessei por instrumentos musicais aos 14 anos de idade. Logo, não tardou, eu ao concorrer em um festival de música na Escola Professora Abigail Guerra, promovido por minha professora de Português Márcia Chrystiane, consegui me destacar em segundo lugar com uma música da minha autoria, apresentada em voz e violão, com o título “Momentos e Solidão”. Com relação à área acadêmica, posso afirmar que devido minha veia de cidadão crítico, interessado em política, filosofia, me identifiquei com a área de história ao ponto de hoje me sentir muito a vontade em lecionar esta disciplina que me da o direito de contribuir na formação do cidadão da minha terra. Para resumir a pergunta, o que posso dizer é que em cada momento, aplico minhas aptidões sem esquecer aquelas, que deixo de molho, cada qual no seu devido momento.

MM - Porque escolheu ser professor de história e não cursar letras?

FB - Quando analisei o currículo das disciplinas antes de fazer minha inscrição no vestibular em janeiro de 2002, percebi que mesmo tendo a Literatura como correndo em minhas veias, não poderia optar pelo curso de Letras devido ao curto período de tempo que o curso oferecia na área de Literatura. Neste caso, optei por uma área que também me possibilitaria compreender a Literatura nos dados momentos históricos, além de também poder concluir um período de História da Arte, que também muito me atrai. Ao perceber o peso de ambas, para mim seria e ainda é de maior valia a formação em História.

MM - Como é trabalhar com cultura em uma cidade do interior do estado, não desmerecendo o interior, mas eu suponho que deve ser um pouco complicado.

FB - Creio que a expressão não é trabalhar com Cultura, pelo menos na minha terra, pois em se tratando de um lugar onde a falta de apoio cultural é gritante, o que fazemos é o que todo artista faz: cumprir a sua missão. No meu caso, a minha missão é o fazer cultural. Como disse Dominguinhos, “Se o artista abandonar o seu oficio ele adoece”. Este é meu lema, pois diante de tantos covardes que não cumprem com o dever que é valorizar garantindo o desenvolvimento cultural, não serei mais um me omitindo em realizar minhas ações voltadas para a cultura. Minha semente, com certeza, já está plantada. Essa é uma das minhas missões.

MM - Você idealizou o Boletim Cultural “Gazeta Revolucionaria”, foram 7 edições. Você poderia nos dizer quais foram os motivos que te fizeram parar com o boletim? (qual foi o ano que você lançou esses boletins)

FB - Idealizei o Boletim Cultural “Gazeta Revolucionaria no ano de 2006. O objetivo inicial foi criar algo de novo para a minha terra, meu lugar, que é muito carente com relação ao registro cultural escrito. Nas sete edições, publiquei ensaios sobre alguns eventos culturais que promovemos na época, como encontro de poetas, lançamentos de CD’s e livros, movimentos de dança, publicávamos poemas nossos (de artistas locais), fizemos entrevistas com pessoas de importância histórica para a cidade como ex-prefeitos, cidadãos que prestaram serviço social, enfim, visávamos o registro de situações e figuras que ajudaram no crescimento da nossa cidade tanto economicamente quanto culturalmente. As temáticas abordadas no boletim variavam de História a Cidadania, Economia a Política, Literatura a Cultura Popular, e ainda tínhamos colunistas que escreviam sobre temas propostos dentro de cada área afim, além do espaço filosófico que garantia escritos sobre a história da Filosofia. Parei com as edições por falta de apoio dos órgãos competentes, visto que eu custeava toda elaboração, produção e distribuição, que por sinal, foi gratuita.

MM - Você é professor, foi diretor de escola pública, gerente de planejamento, participou de projetos e ações especiais, tudo pela Secretaria Municipal de Educação, isso de 2005 a 2008. Então você começou com 21 anos. É difícil motivar o jovem, hoje, a querer estudar?

FB - Sim. O jovem de hoje, e já de alguns anos atrás, sente-se mais atraído pelo mundo lá fora do que pela escola pública, que infelizmente, ainda é uma vergonha nacional. Quando o aluno no seu dia a dia se depara com a internet e cursos de informáticas das mais diversas áreas, por exemplo, e ao chegar na escola se depara com um quadro ainda de giz, carteiras desconfortáveis, livros didáticos incompatíveis com a realidade “regional” a qual ele faz parte, ocorre o que eu chamo de “conflito de realidade e de interesses”. Eu me pergunto como fazer para motivar o jovem de hoje a querer estudar se seus próprios professores não são incentivados pelo Estado a ensinar-educar com no mínimo as ferramentas de trabalho necessárias, e isto sem falar no salário que é outro absurdo e vergonha mundial. A escola integral é um dos caminhos e a valorização do profissional da educação nos aspectos econômicos e de bolsas é outro. Reconheço que alguns avanços vêm sendo alcançados, mas ainda são irrisórias as ações ditas plausíveis. Não quero aqui desmerecer a classe de médicos, mas talvez o médico que salva-vidas valha mais do que o professor quando orienta que a vida deve ser preservada. Lamento muito, mas é preocupante saber que é muito difícil orientar a querer estudar quando as escolas brasileiras, que aparecem na televisão, que é outro meio tendencioso de informação, são as mais limpas, a mais, visivelmente, ideal. Deveriam mostrar algumas da zona rural do município que resido, logo, saberiam por que é tão difícil motivar o sujeito a querer estudar. Outro problema é que os governos talvez não necessitem de cidadãos que pensem diferentes, pois assim, as fabricas de votos passariam por crises irremediáveis.

MM - Recentemente saiu os resultados da 3ª Edição da Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgado pelo site da Pro Livro, onde mostra a diminuição pela leitura. Crianças entre 5 e 10 anos, a média de leitura registrada foi de 5,4 livros por criança. Em 2007, porém, a mesma marca era de 6,9 livros por leitores nessa faixa etária. Os pré-adolescentes de 11 a 13 anos passaram de 8,5 livros em 2007 para 6,9 livros em 2011. Já entre os adolescentes com 14 a 17 anos, a média também caiu de 6,6 livros para 5,9 livros. Você acha que falta incentivos dos pais e das escolas para os jovens se interessem pela leitura?

FB - Em algumas situações sim, porém, um fato que deve ser pontuado é que ainda existem pais ou responsáveis que se quer são alfabetizados, reféns ainda de tempos difíceis. Outro ponto que faço questão de frisar, é a desestrutura das escolas, principalmente escolas rurais, que faz vergonha e causa tristeza tomar conhecimento. Será também, que em um país onde as heranças escravocratas e ditatoriais estão ainda verdes, não são responsáveis por essa falta de interesse pela leitura? Creio que todos devem lembrar que quando a Revolução na Educação estava para acontecer, com Anísio Teixeira, Paulo Freire, Darcy Ribeiro e tantos outros, veio o golpe militar para que os canalhas da nação transformassem nosso país em um matadouro. Eu diria que esse problema ainda hoje é reflexo de ações desprezíveis dos Governos brasileiros do período militar, que fizeram das famílias destes alunos de hoje, vítimas das suas empreendidas infelizes. O resultado, ainda estamos colhendo.

MM - Nunca se escreveu tanto, como neste século da informação, mas as pessoas, os jovens, tem uma atenção parcial continua para as coisas, eles estão na frente do computador fazendo várias coisas ao mesmo tempo. Apesar de se produzir mais, de se ter mais pessoas escrevendo, pouca gente tem lido livros por ano no Brasil, mas passam horas na frente do computador, conversando em salas de bate papo e etc... Você acha que a internet atrapalha mais do que ajuda ao escritor, ou blogueiro a tentar ser lido?

FB - Em parte sim. Mas é importante observar que a política de incentivo a leitura, a popularidade de preços das obras e uma das coisas que deveria ser mais vista, que é a propaganda, não é prioridade na televisão, que ainda é o meio de comunicação mais popular. Talvez o comercial da coca-cola com promoções que são inscritas via internet, renda mais lucro para os canais de televisão, ou um concurso para ver quem consegue comer mais insetos ou ver quem fala mais palavrão no big-brother e que se pode votar pelo meio virtual ao invés de premiar quem escreva livros relacionados a valores humanos, ou romances envolvendo fatos históricos do Brasil. Na realidade, a Internet atrapalha sim, pois além de nela possuir informações sem limites, é o que o jovem mesmo sem poder muitas vezes ter um computador, aprende a gostar, muitas vezes pela curiosidade, e que acaba viciando. O problema é que antes do cidadão brasileiro virar leitor assíduo, por irresponsabilidade e descompromisso político, surge e se populariza algo que sobrepuja a expectativa dos meios de comunicação, de informação, de formação. A internet ainda fez com que a interface do escritor não conhecido, saltasse de um trampolim local para mundial. Essa é a realidade virtual.

MM - Em sua opinião o que o escritor em inicio de carreira deve fazer para tentar deixar de ser invisível no meio editorial e conseguir ser lido por mais pessoas?

FB - Primeiramente – já que a pergunta se direciona aos “escritores”, como romancistas, cronistas, prosadores e contistas, de imediato –, a minha orientação é que o escritor deve ser narrador do tempo em que ele vive. Não adiantará ele se dedicar a escrever, por exemplo, sobre a seca, em um dado momento, se os problemas que ocorrem naturalmente são as catástrofes climáticas envolvendo deslizamentos e enchentes. De resto, o escritor deve analisar qual público que ele pretende atingir para lançar seus escritos despertando interesse por parte das editoras e consequentemente por parte dos leitores, contudo, mais importante, como falei no inicio, o bom escritor narra sempre a realidade do tempo em que ele se encontra. Já diz o ditado que criei e utilizo sempre: __ “O arquiteto da sua própria casa sempre é bem visto e requisitado”. 

MM - Como você tomou gosto pela leitura e mais tarde por escrever?

FB - Percebi que a leitura seria atividade diária na minha vida a pós conhecer a biografia de Machado de Assis com minha professora de Português Joselita. Logo após, li “Dom Casmurro”, cuja obra me abriu a mente para o mundo da Literatura, onde a mesma me fora indicado por um amigo de codinome Luiz (Luizinho). Depois do fato, pude ver que ler é algo que sobrepõe qualquer experiência que nossa mente possa comportar. Essa foi à semente que me despertou a vontade de ser escritor.

MM - Você tem um blog. Tem conseguido bons resultados com seu blog, as pessoas estão conhecendo teus trabalhos?

FB - Na medida do possível, sim. Tenho observado que as pessoas que visitam meu Blogger não tem realizado o cadastro, porém, as visitas diárias têm superado minhas expectativas, mesmo porque, hoje (03.06.2012), com apenas 29 postagens e 24 seguidores desde janeiro do ano corrente atingindo 1.368 acessos, significa dizer que isso representa um percentual de 9,12 acessos por dia. Creio que para mim a divulgação está em um bom caminho.

MM -Teu blog é só voltado para a área literária, ou é um mix de todas as suas atividades artísticas?

FB - Muitos pensam que possuo apenas um Blogger para divulgar meus afazeres artísticos, contudo, possuo outros que desassociam minhas linguagens artísticas, como é o caso do ‘Toda Arte do Poeta”,  que é voltado para artes que crio a partir de figuras geométricas. Indico, para os que desejarem conhecer meus trabalhos culturais, acessar meu perfil google ( http://www.blogger.com/profile/03916017243012504468 ) e conferir meus Blogger’s.

MM - Você lembra qual o primeiro poema que escreveu? Isso foi há quanto tempo?

FB - O primeiro poema que escrevi nasceu no ano de 1998. Não me lembro do título, pois nesse ano não costumava registrar a hora de inicio e término nem a data. Só no ano seguinte criei tal hábito.

MM – Você escreve muitos sonetos, e escrever sonetos não é nada fácil. Qual o segredo?

FB - O que posso dizer é que aprendi a escrever sonetos lendo Vinícius de Morais e Florbela Espanca. Creio que o segredo é ler sonetistas renomados como este que acabei de citar.

MM – Você criou uma poesia chamada poesia quântica. O que é essa poesia quântica?

FB - Criei uma maneira de escrever poesias, neste caso, com três estrofes escritas na “Horizontal”, onde ao ler, podemos dividir a leitura tanto na “Horizontal” quanto na “Vertical”, onde a primeira sugestão se lê cada estrofe por estrofe, e a segunda, cada linha de cada estrofe emendando nas linhas das estrofes posteriores. É um pouco difícil de compreender, mas com raciocínio aguçado se compreende.

MM - E os romances, o poeta também se arrisca em escrever romances ficcionais?

FB - Tenho dois inacabados: “Sonho de Retirante”, que aborda a história de uma família miserável através da seca e a realidade social do Nordeste e “Luíza”, que trata da história de uma garotinha órfã criada com cinco tias de personalidades diferentíssimas, onde uma é prostituta, um beata, uma dona de casa sem religião, mas com muita fé em Jesus, uma metida a feiticeira e a outra solteirona meio católica, espírita, umbandista e rezadeira.

MM – Como é o seu processo de criação, existe algum ritual?

FB - Valorizo muito a inspiração natural, mas tenho meus horários de trabalhos literários escritos diariamente.

MM – Quais são suas maiores influências na literatura?
FB - Machado de Assis, Victor Hugo, Fernando Pessoa, Florbela Espanca e Carlos Drummond de Andrade.

MM– Qual o escritor, já morto, que você gostaria de ter conhecido em vida?

FB - Não diria escritor, mas poeta; Gostaria de ter tomado muito café e jogado alguns palavreados com Fernando Pessoa.

MM - Você tem flertado com a pintura, tem umas obras do cubismo. Será que está surgindo mais uma qualidade no artista Fábio de Carvalho?

FB - Com certeza. Essa ideia aflorou quando tentei matar a saudade das aulas de Estudos de Desenhos Geométricos. Posso dizer que após a redescoberta, a minha aura brilhou para o estilo. Tenho criado muitas obras relacionadas ao novo estilo artístico que postarei de maneira gradativa. Para os que quiserem conhecer minhas produções relacionadas à nova veia artística, basta acessar o blogger http://todaartedopoeta.blogspot.com.br/ .

MM – Fábio em 2010, você criou o projeto “Lançando Poetas”. Você poderia nos falar sobre esse projeto e como tudo começou? Foi algo pensado, ou ao acaso?

FB - Tudo ocorreu sem nenhum planejamento. Durante uma aula de História da Cultura de Pernambuco, indagando aos meus alunos o que poderia, por ventura, ser um engenho, e diante de tantas respostas diferentes, pude perceber que seria possível fazer brotar poesias daquela turma. Não deu outra; nasceu o “Projeto Lançando Poetas” após a primeira composição do poema “O que é o engenho” no dia 14 de agosto de 2010. Hoje contamos com o lançamento de dois livros de poesias onde já lançamos mais de 50 poetas e poetisas da minha terra. O primeiro se chama “Um Tiquinho de Cada” e o segundo “Palavras de Vida”. 2012 promete com o terceiro livro.

MM - Você criou uma oficina de literatura de cordel, nos fale um pouco sobre ela e se você continua com a oficina.

FB - Simples; a oficina de Literatura de Cordel surgiu de uma das ações do Projeto Lançando Poetas. Mediante um concurso de Literatura de Cordel com o tema “História de Cortês” realizado pela secretaria de Educação de Cortês em 2011, realizei a dita oficina para inserir alguns alunos meus no concurso. Conseguimos atingir o 2º, 3º, 4º e 5º lugares. Pretendo realizar a segunda edição da oficina em outubro de 2012 com “temas diversos”.

MM – E o projeto da biblioteca, o sonho está perto de se realizar?

FB - Sim. Tenho trabalhado para a conclusão do sonho, embora não possua a quantidade de livros que uma biblioteca pública possui, porém, a biblioteca se trata de uma ação pessoal, e não pública, dispensando assim escolhas ou exigências alheias que por ventura seriam necessárias para alguns objetivos, e desnecessárias para outros.

MM – Você sabe que viver do que se escreve aqui no Brasil é complicado, as editoras não apostam em novos escritores e se você for poeta a coisa fica mais difícil, porque dizem que poesia não vende. Você é um otimista quanto ao futuro da literatura, em particular a poesia e o soneto, ou acha que a coisa só tende a piorar com toda essa superficialidade das pessoas?

FB - Não podemos criar expectativas otimistas. Se por um lado existe a internet, por outro está à sociedade que não é leitora além de não existir políticas públicas voltadas para o incentivo à leitura como deveria existir. Para resumir, é mais natural conhecer no Brasil um Luiz de Camões, um Wilian Shakespeare, um Júlio Verne do que uma Raquel de Queiroz, um Castro Alves, um Manoel Bandeira, imaginem os que estão se lançando no mercado virtual ou editorial... 

MM – Em 2006, você lançou seu CD voz & violão, tem pretensão de enveredar pelo caminho da música? Pretende lançar mais algum CD?

FB - No momento meus projetos voltados à música se resume ao que chamamos “músicos da noite”, ou seja, no “voz e violão”, coisa que amo e que não abro mão. Pretendo lançar novos trabalhos voltados para o voz e violão, mas não é minha prioridade agora.

MM – O projeto “Lançando Poetas” continua com força em 2012?

FB - Estou preparando as oficinas, que por sinal estão mais recheadas neste ano, porém, dependo este ano de espaço e de apoio, pois durante os dois anos do projeto, não pude contar com tais requisitos, contudo, o projeto caminha. 

MM – Quais os projetos para o futuro na literatura, você está escrevendo algo que poderia compartilhar conosco?

FB - Meus projetos futuros estão relacionados ao lançamento dos meus livros, porém, não considero prioridade, já que o mercado editorial é tão desonesto quando a esposa de um conhecido meu. Com relação aos escritos, estou com vários livros inacabados; destaco aqui “As cartas que eu não escrevi para meu Pai”, “Os Limites da Minha Realidade (Introspecções), “Sonho de Retirante (Romance)”, “Luíza (romance)”, “Poemas de Efigênio Sampaio” (um dos meus Heterônimos) e “Nas Brumas do Tempo - De Memórias e de Saudades” (mais um Heterônimo de nome Luis Fernando Calado), além da organização de Vários Livros de Sonetos e um de Poesia Quântica.

MM – Obrigado Fábio pela entrevista. Você gostaria de acrescentar mais alguma coisa que eu tenha deixado passar despercebido.

FB - Uma mensagem para os que almejam sucesso na Literatura.
"Certo dia eu tive que decidir qual caminho eu deveria seguir... De tanto insistir com a pressa aprendi que o tempo ideal é quando o que se desejou, aconteceu..." (Fábio de Carvalho).
Trecho de “Só Hoje, Depois de Tudo”                       

http://fabiodecarvalhopoetasonetistaescritor.blogspot.com.br/2012/05/so-hoje-depois-de-tudo-autor-fabio-de.html )

terça-feira, 23 de abril de 2013

Uma poesia para os amigos apreciarem nessa terça que se inicia




Cultivando afãs


Te amei; nunca me amaste;
Te toquei; nunca me tocaste;
Sempre te segui; nunca nem me olhastes;
Sempre sofri; tu nunca me notaste.

Quero um colo, mas não vou fugir de casa; iria para aonde?

Você só aprende na vida com suas dores – nunca vou descobrir porque tem que ser assim -.

Gosto de sorrisos doces, límpidos, verdadeiros, singelos; todos se escondem de mim.

Te amei com toda minhas forças, protegi tuas pegadas para que soubesses o caminho de casa – nunca te importastes em voltar -.

Poderia dizer que meu coração clama, doe, sangra por te, mas não o farei, pois os fatos me fizeram forte. E disso não abro mão.

Algumas pessoas precisam de felicidade para vive, outras, apenas vivem feito máquinas. Eu preciso apenas de poesia, de versos, não importa se estão com ou sem rimas.

Não preciso de afagos, do toque que arrepia a alma, dos lábios com gosto de jasmim, dos olhares complacentes que sorriem na busca de reciprocidade. Preciso apenas de poesia, não de amor. Mas como ter uma sem ter a outra?

Como ser banhado por versos secos, se nem os parnasianos conseguiram o fazer? Mesmo que não assumam. Não adianta só me resta continuar cultivando tuas pegadas rasas, na esperança de que um dia encontrem os sentimentos tolhidos que tenho por ti. 

Continuo aqui;
Continuo assim... 

Marcos Martins.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Porque não um poema para essa sexta? Poetar, poetar, poetar!




O lar que me aflige


Estou em tua casa – prisão –;
Estou em tua casa, então sigo tuas ordens – por mais medievais que sejam –;
Estou em tua casa e me privastes de escreve poesias que não contivessem rimas;
Estou em tua casa, porém me sinto perdido em um vale cheio de sombras com interesses próprios.

Livros que são lidos;
Livros que leem apenas determinados capítulos;
Livros que um dia foram proibidos de serem lidos. Capítulos inteiros, sujos com sangue dos que interpretaram de forma diferente; ou questionaram o que estava escrito.

Estou em tua casa, me deste abrigo, me deste de comer, tentaste me afagar, tentaste me fazer ver. E em troca, tinha que renunciar os instintos que nasceram comigo.

Viver em perdição, andar por sete dias e se banhar em sangue.

Estou preso em tua casa como hospede acorrentado.
Me deste tudo, menos o poder de escolher o que, para mim, era certo ou errado.       


Marcos Martins.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Tem conto para vocês lerem

Bom  dia, boa tarde e boa noite!

Tem conto novo na aba de contos de meu blog, deem uma lida. click aqui para ler o conto


O LIVRO SOBRE UM CORPO DESNUDO


O home nu, deitado em sua cama de casal, tinha apenas um livro para cobrir a nudez. Parecia em paz consigo, mas o mundo explodia lá fora. Ele não podia fazer nada, apenas ficar deitado em sua cama, há mais de três dias desfeita, e deitado, nu, com o livro a cobrir o sexo, podia refletir, enquanto o mundo explodia lá fora. (...)

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Meu poema - Fim do tempo -



Fim do tempo

Quando parei de contar os dias, meses, anos e a idade que tinha e a por vir, finalmente, pude sentir-me imortal, mesmo sem ter plantado uma árvore, escrito um livro ou ter tido filhos.

Quando parei de me preocupar com o tempo que nos aprisiona, finalmente, me senti mais leve, livre, em paz comigo e com a terra.


Marcos Martins.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Você já observou a vida das formigas? Poesia para degustação




Degustação

Produzo, produzo, produzo, mas sei que não há ninguém para mastigar meus doces, apenas formigas esfomeadas, apenas formigas que sabem o que deve ser feito - o fazem sem hesitar -, sem a culpa que nos é imposta assim que os cordões umbilicais são cortados e todos os sonhos começam a morrer.

Mas as formigas, essas não sonham – dádiva maravilhosa que Deus pode conceder a um ser - e isso faz toda a diferença, moldando o caráter, a fé, esperança, desesperança, vitórias e derrotas de cada um que come e não tem tempo para sentir os sabores, todos os sabores, ficando apenas os dissabores para serem degustados e digeridos, tenha fome ou não.


Marcos Martins.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

O tempo passa, a poesia fica e as flores, nos dias de hoje, morrem sozinhas sem serem contempladas da forma que deveriam




Flor no asfalto


Uma flor nasceu no asfalto. Todos ficaram chocados com tamanha audácia, mas começaram a parar suas vidas rápidas para notarem o quão linda estava à flor. De cor cintilante, nascida na selva de pedras, onde predadores com número 40 e salto agulha poderiam furar-lhe as pétalas nasceu à flor no asfalto.

Uma flor nascida, não se sabe como, nem o porquê, pois tudo tem seu porque – Não importa sua cresça, ou as razões para se fazer sangrar -.

Foi feito um referendo e todos os homens de gravata e paletós caros decidiram acatar o pedido da população, com suas vidas rápidas, e matar a flor que lhes distraiam e fazia com que parecem para por em prática a ociosidade da contemplação.

Foi arrancada do chão a flor que nasceu no asfalto cinza, de uma cidade cinza, com homens que calçam 40 e mulheres de salto agulha. 

Nasceu onde não devia a flor do asfalto, e por isso mesmo, foi morta como todos desejaram.

E a falta de amor seguiu;
E a falta de tempo seguiu;
E todos seguiram e sentiram-se mais seguros, sem uma ameaça que pudesse distrair os que seguem, na cidade dos não lugares.        


Marcos Martins.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Trecho de meu livro - Memórias de uma vida morta - onde conto a história de Banjamim, uma cara que começa a viver depois que morre




- É lindo sim. Sabe, fico imaginando se um tsunami viesse para cá, seria o fim desses arrecifes, do parque das esculturas, do marco zero – falava enquanto deslumbrava a paisagem - A propósito, me chamo Azrael sou um transportados, um anjo, mas pode me chamar de Malak, é mais fácil de se pronunciar.

Foi se apresentando e me estirando a mão para me cumprimentar. Por uns instantes relutei em apertar sua mão, mas ao cumprimenta-lo senti uma mão macia e que emanava um calor que nunca avia sentido antes.

- O que me aconteceu, como você sabe meu nome, como vim parar aqui, você é um anjo mesmo ou eu estou sonhando?

- São muitas perguntas Benjamim, vou te responder a mais importante, ok.

- Ok.

- Você morreu Benjamim, não foi uma morte honrosa, mas depois do século XX, são raras mortes honrosas.

Não podia acreditar no que acabara de ouvir, me senti tonto, o estomago embrulhou um pouco, achei que fosse desmaiar. 

- O que? Eu morri! Acho que vou vomitar.

- Não se preocupe isso sempre acontece com os marinheiros de primeira viagem – ele tocou em meu ombro e tentava me reconfortar.

- Como é que você diz uma coisa dessas para alguém, assim de uma vez só?

 - Gosto de ser direto – continuou - Vamos, vamos sair daqui, só espero que você não enjoe em barcos, temos que atravessar para o outro lado; temos que pegar o bonde.   

- Bonde, mais que bonde?

Ele não me respondeu e foi andando sem me dar atenção.

- Você tem dinheiro para darmos ao barqueiro? – perguntou-me.

- Dinheiro? Não sei se você notou, mas eu estou morto - não sei como pude dizer isso, pensei.

Enquanto Malak se afastava, para pegar o barco, eu podia sentir o mar, as ondas quebrando no paredão de uma forma diferente, era como se elas cantassem para mim uma música desconhecida, mas que me reconfortava.
  
- Droga! Já estou devendo uma grana pra esse barqueiro – falava Malak em vos alta, enquanto tentava fazer nascer um sorriso em seus lábios.

Um barco se aproximou e um senhor com um semblante alegre, que guiava o barco a motor, olhou para mim e deu um sorriso simples, porém cativante.

- Vai para o outro lado, Malak? – perguntou o barqueiro.

- Estou tentando ir, meu velho.

- São quatro reais.

- Meu amigo, você poderia deixar na conta?

- Você já vem com essa conversa há tempos, no dia em que você me pagar sua divida, eu me aposento.

- Quebra esse galho, meu velho. Não tenho culpa se eles sempre aparecem sem nenhum um tostão, mas prometo que te pago tudo no fim do mês.

- Tudo bem, mas que fique bem claro, se chegar o fim do mês e você não me pagar, vai ter que atravessar nadando.

- Vamos Benjamim, você tem que pegar o bonde. (...)