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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

(Conto) Conversando com minha consciência



Foto da livro 7. Lendária livraria do Recife


- Queria comprar um livro.

- Então compre.

- Não tenho dinheiro. 

- Então roube.

- Mas é errado.

- Então roube e depois peça perdão a Deus.

- E Ele vai me perdoar?

- Tente.

- Não sei, tenho medo.

- Então não peça, nem tente falar com Ele.

- Mas se Ele vê tudo? Vai me ver roubando o livro.

- Vai nada.

- Mas Ele não vê tudo?

- Vê sim.

- Então ele vai me ver e me mandar para o inferno.

- Vai não, vai não.

- Como você sabe?

- Já roubei tantos livros que acabei fazendo com que a livro 7 falisse e Deus nunca me castigou por isso, muito pelo contrário, pôs seus anjos para me indicarem os melhores escritores nacionais.

- Como pode isso?

- São mistérios que não devemos tentar entender.

- Então para que serve nossa racionalidade? Para nos fazer sofrer?

- Não.

- Então para que serve?

- Para não sermos totalmente loucos e acharmos que temos culpa.

- Acho que vou roubar o livro.

- Te dou cobertura.



Marcos Henrique Martins.


segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Há vagas?



Há vagas?
(Marcos Henrique Martins)


Tenho que procurar algum lugar que me encaixe, porque é difícil se achar quando não se pertence a lugar nenhum.

Tenho que entreter meus dedos, então escrevendo até sangrar, escrevo poemas manchados com meu sangue; que nunca serão lidos e se os leram, não irão entender e se entenderem, não irão aceitos-lós e se os aceitaram, irão me crucificar, porque todos procuram mártires.

Tenho que procurar um lugar, pode ser um lugar barato mesmo, para sentar um pouco e poder fumar um cigarro, mas eu não fumo – quem é inocente por inteiro, você? –. 

Tenho que achar um lugar, tenho que encontrar algum lugar, pois estou desesperado e um homem desesperado não precisa justificar seus atos de selvageria.

Preciso, realmente, de um lugar que me encaixe para poder envelhecer e ser respeitado não só por financeiras que querem roubar o que passei a vida toda tentando juntar – sentido para minha existência –.

Preciso de um lugar para encaixar meus pertences, é pouca coisa, mas é tudo o que os que se enquadram no esquema não conseguiram juntar.

Preciso me encontrar.     

Dedicado a Chales Bukowski.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Frase


"Na literatura não há inspiração, no entanto existem momentos inspiradores. Por isso, nunca parem de escrever."


Marcos H. Martins

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Como se cria versos, prosas & poesia




Como se cria versos, prosas & poesia 
(Marcos Henrique Martins)


Gosto de criar histórias em minha mente, o ato de criar possíveis mundos, situações, poder conceber vida, mesmo que seja apenas em minha imaginação é fantástico.

O que me frustra é ter que por tudo o que pensei no papel;

O que me frustra é deixar de ser onírico, ter que aprisionar minhas criações para toda a eternidade, usando tinta de cartucho similar na impressora.

Já Deus cria poesia e solta tudo no firmamento, para que o caos se encarregue de dar vida a sua obra e o melhor de tudo é que não se envaideci do que vez, apenas faz, apenas sorri e acena.

Não sou tão bom criador, pois por vezes me pego envaidecido de minha ode, mas se eu fosse Deus, Ah, se eu fosse Deus me perderia no firmamento e deixaria o caos me mostrar aonde devo ir, em que devo tocar, que lágrimas colher, que árvores devo podar.

É melhor eu ser poeta, pois a onisciência não me faria bem e não deixaria meus versos serem livres, seriam apenas tristes, apenas frases soltas que não tocariam nem meus carrascos, se acaso os tivesse.     

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Quero




Quero
(Marcos Henrique Martins)


Quero sentir saudade de alguém que não vejo há muito tempo;
Quero realizar meus desejos mais íntimos sem ser taxado de subversivo;
Quero poder ver meus filhos crescendo sem temer às ruas inseguras e mal iluminadas de minha cidade;
Quero ter os amigos por perto, para os bons e maus momentos;
Quero sentir alegria, poder sorrir em demasia, poetar-poetar-poetar;
Quero ter orgulho de meu País, não só pelo futebol;
Quero ver o respeito aos sotaques, pois todos nós somos carbono que um dia vai perder-se em um sono longo;
Quero ver o respeito às diferenças, pois todos nós somos carbono que um dia vai perder-se em um longo sono e sem sonhos;
Quero sentir meu corpo envelhecendo para saber que estou vivo, vivendo-vivendo-vivendo, vivo;
Quero ver minha esperança utópica revigorada por algum milagre realizado por uma pessoa comum;
Quero ter um trabalho digno, que alimente minha família e nós dê laser, pois, como diz a letra da música: agente não quer só comida;
Quero poder cantar de olhos fechados, apreciar as frutas nos mercados e a diversidade democrática que os mercados públicos possuem;
Quero poder te tocar e você me tocar, para vermos que não somos diferentes, mas podemos fazer a diferença e nunca mais vender nossa geração;
Quero acabar com a desigualdade, com a miséria, com a intolerância, com a falta de calma que nosso século nos propicia;
Quero que você leia essa poema e faça sua lista, utópica, de desejos bons, pois, sem esperança o homem não é nada;
Quero ter tempo para perder meu tempo em coisas, aparentemente, bobas, mas que nos faz tão bem;
Querer, ainda é possível;
Querer, ainda é mensurável?
Querer é um bem necessário.

Quero-quero-quero, não quero que você se cale diante de toda a insensatez que um dia posamos produzir. 

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Tão peculiar



Tão peculiar
(Marcos Henrique Martins)


Às vezes tenho vontade de arrancar todos os meus dentes;
Às vezes tenho vontade de arrancar meu coração;
Às vezes sinto vontades covardes tomarem meu peito;
Às vezes tenho vontade de deixar de ser tão solidão. 

Não me reconforto.
Não há conforto para eremitas. Tudo, toda vida é um jogo e todos nós, tolos jogadores, somos crentes que não vamos perder. Já perdemos. Mas o que importa é a forma como à derrota nos deleitara.

Às vezes tento contar às estrelas do céu;
Às vezes tento contar carneiros para, tentar, dormir;
Às vezes tento falar, mesmo quando não me escutam;
Às vezes me vem uma vontade de sangrar.

Não aceito.
Não há conforto para quem vê seus amados mortos. Tudo, toda vida um dia finda. É o mesmo jogo, só que com dados diferentes. No fim, sempre perdemos, mas o que importa é forma como vivemos.

Às vezes, tento ser feliz e escrever uma ode;
Às vezes me perco em poemas;
Às vezes escrevo para me perder;
Às vezes tenho sonhos pequenos que de meus olhos brotam.

Não mais tenho.
Não me habita esperança. Tudo se foi pela latrina e o que restou foram árvores de ilusão que teimam em nascer cada vez mais altas em meu quintal. No fim, sempre esperamos por novos dados. E o que importa para mim pode não importar para você, pois enxergamos o mundo de forma tão peculiar.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Uma tragédia não grega



Uma tragédia não grega
(Marcos Henrique Martins)


Ele queria ser intelectual, forçava para parecer inteligente, até chegou a desenvolver um cacoete, que para ele era “ó cacoete” que só intelectuais possuíam. Seu jeito de andar era imponente, como se soubesse responder todas as perguntas do mundo e as que ainda seriam formuladas algum dia. Colocava a mão no queixo, fazendo pose de pensador, mas não estava pensando em nada, era tudo pose, uma forma de aparentar ser inteligente, de ser respeitado, mesmo sendo um fingidor.

Nos finais de semana ia para livrarias e folheava os livros de Kant, Dotoieswisk, Focô, Satre e muitos outros pensadores. Os filósofos gregos eram os seus favoritos, seu ego ficava garboso ao folhear um livro de Platão ou Sócrates, mas o que ninguém sabia era que ele apenas lia os prefácios dos livros, passava horas com um livro de Nietzsche nas mãos, mas nem conseguia escrever o nome do filosofo ou saber onde Nietzsche nasceu. Descobriu-se mais tarde que na verdade ele ficava era contemplando o bigode de Nietzsche, pois tinha vontade de ter um bigode como aquele, achava que se tivesse um bigode feito o de Nietzsche seria idolatrado por gregos e troianos, porém como gostava de tomar sopa, e sua mãe preparava uma sopa como ninguém toda a terça-feira, logo desistia da hipótese de ter um bigode como aquele, respirava fundo e entristecia o olhar.

Na roda de amigos era o rei sempre falava dos filósofos que nunca lera, mas prefácios, esses ele sabia de cor e por isso era idolatrado por uns e detestado por outros também. As garotas lhe desejavam como Eva desejou o fruto proibido e ele sempre se fazendo de intelectual, com uma pose que ninguém tinha. Mas tudo termina um dia e ele foi desmascarado e de tão envergonhado passou a estudar todos os filósofos que fingira ler em sua vida inteira, só que o senhor tempo é imparcial e lhe tirou há vida antes mesmo que dele terminasse de ler a Divina Comédia e Dom Quixote e sua vida permaneceu rasa, e sua morte foi esquecida.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013



Tem resenha quentinha de meu livro "O Lado avAsso - Nornes, o Mago" no blog Resenhando livros de Aldemir Aves. Vale a pena ler a resenha de meu livro, onde misturo seres de nosso folclore como curupiras, caiporas, alamoa e etc, com dragões, elfos, magos entre outros e resenhas de outros livro que Aldemir escreveu.

Dá uma pulinha lá, é só um click: Resenhando livros

 

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Desnudo



Desnudo
(Marcos Henrique Martins)

Vem à calmaria, me sinto bem, mas antes passou a tempestade que me tirou toda a inocência. Um poeta disse certa vez que perdera a inocência no dia em que soube que iria morrer um dia. Perdi a minha antes de ter 32 dentes. 

Veio à calmaria, mas não me senti bem com ela, me acostumei ao caos, me acostumei aos urros das grandes cidades, das mazelas, dos homens sem rotos que caminham - sem rumo -, que pedem esmolas e lhes são negada. Como todo o mais em suas vidas, pois Deus, Deus não os enxergar, talvez se tivessem lepra, quem sabe. 

Pensei que a calmaria fosse me trazer paz, mas me trouxe dor, desassossego, medo e pensamentos conflitantes.

Sempre que acordo tenho que ouvir uma foz me suplicando para levantar, tomar minha cruz e seguir no deserto das possibilidades, que para mim se apresentou como um mar do impossível. Se ao menos soubesse caminhar sobre as águas.

Chegou à calmaria e ficou sem graça por me ver desolado no canto de uma parede cheia de mofo. Não sei o que fazer nessa calmaria, foram muitos anos sendo disciplinado no caos.

Tiro minhas vestes, fico nu, porém não é o suficiente, então tiro a pele que me habita, fico com os músculos expostos. Ainda assim não me sinto nu por inteiro. Me dispo de meus músculos; de meus órgãos, vísceras, veias, fico apenas com meus ossos e meu coração, pois ele, ainda me deixa ser demasiadamente humano.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Por todo o sempre eu me vi, porém não me enxerguei




Por todo o sempre eu me vi, porém não me enxerguei
(Marcos Henrique Martins)


Sempre existirão pessoas estúpidas que acham que podem fazer tudo, que acham que podem humilhar quem quer que seja, ou pisar no rosto de qualquer um;

Sempre existirão perdedores, pessoas que sonham e não realizam seus sonhos, que esperam, esperam, esperam e nada. Nada além de esperanças falsas vão se formar durante sua existência diminuta;

Sempre existirão pessoas com boas intenções, que matariam por essas boas intenções sem hesitar um só minuto, e fariam você sangrar se for de encontro às boas intenções que idealizam;

Sempre vai existir o amanhã e o depois do amanhã para termos esperança, mesmo que seja uma esperança fraca e obtusa;

Sempre existirão massas manipuladas e pensadores que sabem questionar como ninguém, porém, seus questionamentos não serão ouvidos por quem faz a diferença.

Existirão mais e mais pessoas lendo o Manifesto Comunista e achando que podem salvar o mundo. 

Sempre existirão os que leem O Príncipe e os que nunca o lerão;

Sempre existirá perseguição às minorias e a imposição dos mais fortes, por mais leis que um jurista possa criar;

Sempre existirá o amor, a ilusão no amor, e alguém que chora e mata por amor, como se o amor fosse dominação não um querer bem. Mas os homens não lutam por amarem seus ideais? Não matam por ideais?

Sempre existirá a miséria e pessoas tentando acabar com a miséria, mesmo que seja uma luta perdida, pois assim como o diabo que sabe qual o seu fim, na visão cristã, pessoas vão continuar lutando pelo fim da miséria que vai continuar vencendo-os no final;

Sempre existirão os existencialistas, os pessimistas, incrédulos, céticos, os fervorosos, os que se acham santos e o que são santificados por imposição;

Sempre existirá a dúvida.

Sempre existirão guerras e velhos caducos para contar aos mais novos como tudo aconteceu. E isso vai encher os corações desses anjos inocentes para que achem que da guerra nasce à paz;

Sempre existirá o vazio nosso de cada dia, preenchido por momentos artificiais, alguns bons, mas passageiros, pois fomos forjados na dor;

Sempre existirá vida, por mais que tentemos liquida-la, por mais que almejemos o fim;

Sempre existira poesia.

Sempre existirá o tempo, com toda a sua imparcialidade e justiça, pois a única coisa justa que já foi inventada é o tempo e dele ninguém escapa, nem os impérios e os bancos.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Um bom lugar



Um bom lugar
(Marcos Henrique Martins)


Te dispo te teus pudores;
Te dispo de tuas veste castas;
Te exponho ao meu mundo;
Te corto e misturo teu sangue ao  meu, és minhas, sou teu.

Somos loucos, somos únicos na diversidade dos mundos que podemos idealizar; que podemos sonhar e nunca, nunca tocar para não destruímos. 

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Eu recomendo!



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