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sábado, 28 de fevereiro de 2015

ANALOGIA DO POETAR


ANALOGIA DO POETAR


Fazer poesia que fere;
Fazer poesia que marca;
Fazer poesia que faz refletir a mais atormentada alma.

Um soneto seria bem vindo, mas não tenho a melodia rítmica contida em mim. Não a ponto de fazer um soneto.

Fazer poesia por prazer;
Fazer poesia para saciar o caos, saciar o caos contido em meu espírito cheio de espinhos.

Não me preocupa a métrica, o ritmo, os decassílabos, pois sou ser livre que escolho onde piso.

Fazer poesia mórbida;
Fazer poesia que para alguém faça algum sentido;
Fazer poesia que não faça sentido algum, pois há coisas que devem ser deixadas de lado o significado e sentir, apenas sentir o que vem de dentro, o que vem do mistério em cada um de nós contido.

Fazer, dar a luz e deixa-la seguir, deixa-la ir para aonde outros possam transformar a íris em rios translúcidos de sentimentos que não se possa nomeá-los com certeza.

Fazer uma poesia que me lave a alma e leve de mim todo o mal que um dia em meu corpo esteve contido.



Marcos Martins.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Retomando as atividades. Poema: O HOMEM ENFERRUJADO


O HOMEM ENFERRUJADO


Quando a luz solar adentrou pela brecha do quarto, morbidamente escuro, e tocou as pontas dos meus dedos, senti que ainda fazia parte de algo, que ainda era uma peça no tabuleiro.

Pude notar que meus velhos dedos enferrujados ainda podiam se mexer a minha vontade – por mais escassa que ela houvesse se tornando.

Todos riram de mim quando falei com sinceridade, quando me expus como uma criança que acabara de nascer: sem vestes. Inocente. Pura. Ingênua.

Ei! Meu bem, eu sempre estive aqui, nos bons e maus momentos, sempre acolhi tuas lágrimas, enxuguei tua face e te pus para dormir – você que nunca sentiu.

Não tem sido fácil, mas nunca disseram que seria.

Levantar tem sido tão difícil quanto aceitar todas essas mortes brutalmente sem sentido. Os pratos esperam sobre a mesa por mim que já não tenho paladar. E toda essa poeira que cobre meu corpo, como um manto sangrado (uma manto sagrado em um corpo profano), não me esquenta o coração... Coração? Coração que já não sei o porquê de ainda bater com deveras força. 

Ei! Meu bem, o fogo que queima por dentro não é nada além de fogo, e o amor no fim das contas não vence a razão – não vence o real.

Não sei se não tenho mais forças, ou se não quero mais levantar. Levantar para quê? Lutar por quê?  Lutar, por que sempre tem que se lutar (soldados nunca andam com bandeiras brancas nos bolsos, pois podem mancha-las com sangue).

O melhor seria ficar onde estou, o melhor é continuar sentido a ferrugem corroendo minhas juntas; vísceras; lembranças – partes doloridas de meu corpo.

Deixem que eu enferruje, deixem que me torne uma lembrança vaga, daquelas que não se sabe se é real ou apenas o cérebro pregando uma peça.

Ei! Meu bem, eu sempre acolhi tuas lágrimas e por esse fardo é que me encontro aqui, inerte, diante dessa quarto cheio de vazio, dentro de um corpo desabitado, enferrujando esquecido a mínguam, enquanto o sol, já fraco, ainda se faz presente por entre as brechas dessa quarto que assiste o consumir de um ser, que já não sabe mais se é real ou fora imaginado.    


Marcos Martins.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Devaneios Literários e afins: Tanto tempo fora de mim

Mais uma de minhas crônicas poéticas no site do jornal on-line Folha de Perdões.

O mundo está louco, ou só minha pessoa?

Tenho refletido nesses últimos dias sobre nossa existência e isso me fez lembrar do conto A igreja do Diabo, do Mestre Machado de Assis (mestre com M maiúsculo pois, particularmente falando, Machado foi um escritor singular. Digo isso por ele ser único como escritor. Mas é minha visão pessoal, podem descordar a vontade), no conto, o tinhoso faz uma proposta a Deus, de mostrar ao criador que os seres humanos não são flor que se cheire (não vou contar aqui o conto para que vocês possam lê-lo e não estragar a surpresa).

(...)

HABITA-ME


HABITA-ME

Esse ser que me habita, faz-me escrever em transe;
Esse ser que me habita, faz-me experimentar sensações constantes;
Esse ser que me habita, embriaga-me para fazer amor comigo sem culpa por me embriagar;
Esse ser que me habita, torna-me caverna platônica viva;
Esse ser que me habita, faz com que eu escreva essas linhas sem saber aonde vou pousar.

Ser que me habita, sempre podes entrar e eu mim fazer morada, és parte de mim – mistura complacente, meu ser inconstante.

Habita-me;
Consome-me;
Deleita-se em meu existir, pois sem ti nada sou – nem verbo, nem substantivo, nem em adjetivos posso estar contido.


Marcos Martins.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Mórbida aspiração



Mórbida aspiração



Quero ser teu parasita;
Quero roubar tua alma;
Quero roubar tua vida;
Tudo o que você tem e sonha em conquistar.

Quero roubar teu presente, passado e o por vir;
Quero roubar tuas alegrias, teus olhos, tua angustia, dor, anseios, medo, morte, razões e porquês;
Quero roubar tua forma de ver a vida.
Quero ser o mundo como você vê.

Sou teu parasita, vivo em tuas vísceras, me alimentando de teus desejos, de toda tua luta para sobreviver nesta, e se existir outra, vida.
Eu sou teu parasite. Quero roubar teu céu, sonhos, sons que te ninam, todas as idéias que idealizas; projetos concretizados, aplausos bem sucedidos, sorrisos, teu suor a métrica em tuas poesias.

Quero sugar a alma que enxergo em tuas retinas, ser o parasita que te habita, pois, sem você em mim, não há vida, nem há razões para meu ser.




Marcos Martins.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

1° Antologia da VEC e eu estou nela!


Começando bem 2015! Um de meus poemas está na primeira antologia do grupo Academia Virtual de Escritores Clandestinos, quem quiser adquirir o livro é só dar um ciberpulo no site. Tem na versão impressa e em e-book.



sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Longo adeus




Longo adeus



Sentado aqui do teu lado, posso sentir tua dor. Teus olhos estão fechados, entretanto, posso ver como são belos e quando olham para mim sinto-me em casa. Não me deixes meu amor, não faça sentir-se só, estou aqui e você não toca minha mão.

A escuridão é densa, mas podemos nos tocar. Não importa. Sinto teu espírito a buscar meu afago como lembranças de um sonho bom. Você já me confortou tanto e agora não sei o que fazer, a não ser, pedir para que você não se vá. Esse é o pedido de meu egoísmo, eu sei.

Você não pode me ver; talvez só me sinta, então, não se vá. Nossas vidas estão eternamente cruzadas. Nem a escuridão por mais forte que seja poderá nos afastar por muito tempo. Onde você estiver, serei sempre seu, sempre teu.

Que caia a chuva, não me importo, ela não pode apagar tudo o que somos. Segure minha alma com delicadeza, tente, sei que se tentares podes alcançá-la. Sinta o que eu sinto quando estou contigo, tua presença me faz tão bem. 

À Noite me abre os olhos, sei que o tempo está por acabar e todos os momentos pedem socorro, sufocados num canto eles lutam por você e por mim. Esperança vã. 

A enfermidade não teme nosso amor e isso nos levara a ruína, mas o que importa para mim é o agora. Longas vidas interrompidas, longa jornada, o dia nasce e outro termina só para me tentar fazer infeliz, amar é deixar ir. Do fundo de meu egoísmo, não se vá.  


Marcos Martins.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Escolhas

Escolhas


Escolhas certas;
Escolhas erradas;
Escolhas que mudaram o mundo;
Escolhas que mataram meu mundo.

Sempre escolhas a fazer, sempre por fazer...

Ficamos entre escolhas boas, más, fracas, fortes, impensadas, erradas, malditas, santas e sem querer machucar.

Tudo é escolhido e ficamos torcendo pelos contos de fadas, torcendo pelo “Era uma vez” que faz tudo dar certo no final eternamente feliz.



Marcos Martins.