Silêncio
Enquanto todos
dormem, o mundo não descansa.
O mundo nunca para
de girar dentro e fora de minha cabeça;
O mundo nunca para
de criar inocentes que choraram.
O mundo não se
cansa de nos fazer perder a fé; de postergarmos nossa fé em algo que nunca se
concretiza por completo (fragmentos de partículas invisíveis de átomos deixados
ao leu – átomos de bóson esquecidos).
O mundo não sonha –
somos um eterno sonho dentro do mundo que não sonha. Um eterno amanhã que não
chega – tormenta onde homens não pensam duas vezes em te fazer ajoelhar.
O mundo não se
importa com o choro dos que acabaram de nascer, com as lágrimas dos que
acabaram de perder quem amava. Na verdade, o mundo é como um daltônico que, ao
invés de não enxergar bem as cores, não nota nossas partículas (pobres dos nós,
seres que nascem em busca de um sentido, uma posição no tabuleiro que Einstein
recusou jogar).
O mundo cria seus
mitos, os motivos e as justificativas para que o certo seja o certo, o errado
seja o errado e o justo seja ao bel prazer daqueles que todos ouvem. Temem.
O mundo só chora –
abre uma exceção – quando um poeta deixa de existir, pois, são os únicos seres
– amaldiçoados – que sentem de verdade, sentem por todos os poros, o mundo que
não se importa quando mais um imortal morre antes de chegar aos cem anos de
vida.
Não ouço o silêncio
do mundo.
Não sinto o
silêncio em mim.
Marcos
Martins.
20.12.14.