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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Mais uma obra nascendo em minha mente tempestiva

"Eu não tinha grana, não tinha talento, tinha apenas um punhado de milho em minhas mãos e galinhas morrendo de fome ao meu redor, confabulando para me dar uma rasteira e me tomar tudo".


O imaginário desfabuloso de um João ninguém. 
Marcos Martins.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Mais um trechinho meu livro: Lugar Nenhum - Paraíso Distópico


***


Seis horas da manhã, o despertador acha que me desperta, mas dessa vez eu o enganei, não foi preciso, passei à noite em claro, pude ouvir todos os sons da noite, alguns me assustaram.

– Lázaro! Lázaro! Já são seis horas! Acorda cinderela – gritava Tio Paulo da escada, errado dessa vez por achar que eu iria me atrasar como o de costume, dessa vez já estava de pé e sem nenhum sono.

– Já sei Tio, tô indo – gritei do quarto pegando uma tolha.

Vou para o banheiro, tiro toda a roupa, mas mesmo assim me sinto vestido, me olho no espelho do banheiro “Não sou mais um menino”, penso ao ver minha barba por fazer. Apesar de ter pouca idade, minha barba já era completa, apesar de rala não tinha uma única falha.

Abro o chuveiro – nada como uma boa ducha fria para desperta todo o corpo – ao me molhar sinto uma apequena ardência nas costas, estico o braço e toco onde está ardendo, sinto algo, uma protuberância, uma espécie de cicatriz, como se eu tivesse me arranhado em algum lugar. Saio do banho, tento ver no espelho o que é – é uma cicatriz de mais ou menos quatro centímetros, lembra um arranhão feito por uma unha, “Teria sido Ainá”, me questiono. Não podia ter sido ela, pois a cicatriz parecia estar cauterizada.

– Vou terminar ficando louco – digo para meu reflexo – Será que estou doido ou apenas sonhado? Se for um sonho alguém tem que me acordar.

Penso em me beliscar, aproximo meus dedos de meu braço, mas se não for um sonho, se isso tudo pelo o que estou passando for real será uma grande decepção. Você já sentiu como se estivesse acordado, mas com a sensação de estar em um sonho, pois bem, é assim que tenho me sentido ultimamente. E se tudo for um sonho mesmo... Se eu tiver morrido...? E se eu estiver em coma e esse beliscão puder me fazer despertar...? Não, não, não! Sempre que via as pessoas sorrindo para mim elas estavam felizes, mas se tudo só for aparência, se tudo for à ponta de algo tristemente maior... O que posso fazer? Nada posso fazer só esperar que esse tal de Gildo me diga algo que acabe com tudo esse tormento.

– Lazaro! Vai morar ai é menino! – os gritos de Tio Paulo me tiram do transe tempestivo que estou tendo, mas a sensação de estar vivendo um sonho não passa por completo. 

Termino de tomar banho sem coragem de me beliscar e ter a certeza da alguma coisa.            

(...)

Marcos Martins.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Trecho de meu livro: Lugar Nenhum - Paraíso Distópico


(...)

Fiquei deitando na cama por mais alguns segundos, tentava conseguir juntar forças para me levantar. Você tem a certeza que não é dono de si, quando está doente, as enfermidades são ótimas doses de humildade a pessoas soberbas, mas eu não era soberbo e era isso o que fascinava – o verdadeiro socialismo sendo aplicado na prática, de uma forma diferente é bem verdade, mas você pode me dizer que o vermelho que você enxerga pode ser diferente do que eu enxergo, mas no final tudo é vermelho ou foi denominado assim, é o que acontece com as enfermidades, para elas não importa seus status, cedo ou tarde pode acometer qualquer um.

Finalmente consegui ficar de pé, abri a porta do quarto, olhei para o corredor – tudo parecia dentro do normal –, segui para as escadas, andava meio cambaleante, me apoiava na parede e assim consegui ficar quase que totalmente ereto – agora eu já sabia podia imaginar a força que nossos antepassado desprenderam para poderem se tornar homos erectus –. Descer a escada não foi uma tarefa fácil, minhas pernas tremiam como que se forçando a sustentar meu corpo – era uma tarefa ingrata. Ao chegar enfrente a porta, respirei fundo, tentei me por de forma altiva, não queria que Ainá se preocupasse ao me ver naquela situação, abri a porta e fiz um esforço redobrado para manter a pose, tinha que fingir que estava tudo bem, mas não estava.
  
– O que você tem? Parece que viu um fantasma – me questionou Ainá e todo meu disfarce foi por água a baixo, mas no final me senti mais aliviado.

– Nada, entra – respondi já com os ombros caídos.

– Trouxe nosso jantar, mas não sei se você vai querer comer – dizia, com uma caixa de pizza quatro queijo nas mãos. Aquela morena flor de canela ficava linda segurando uma caixa de pizza, mesmo sem estar com um refrigerante, mesmo assim, ela segurava de uma forma tão sensual e angelical ao mesmo tempo, que minhas forças começavam a retornar. “Graças a Deus esse mal estar não danificou meu libido”, pensei.

– Porque você tá me olhado assim – me interpelou de uma forma doce.

Fiquei parado por algum tempo, contemplando-a, não sei quanto tempo, mas o que é o tempo se não um motivo para se comprar espelhos e tinta pra cabelo. Aquela era a visão da perfeição em forma de mulher e eu era um cara de sorte por ela fazer parte de minha vida. Ela me sorriu – sereias encantavam homens com seus cânticos, Ainá, com o sorriso. 

(...)

Marcos Martins.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Mais um trechinho de meu livro, que estou reescrevendo: Lugar Nenhum - Paraíso Distópico



(...)

Mudei de cor ao ouvir a pergunta de Ainá, então não tinha sido um sonho, eu não estava louco, alguma coisa estranha tinha acontecido em meu quarto, algo que me deixou impotente em cima da cama, algo que fez meu coração acelerar ao ouvir a pergunta da Ainá.  
– Então não foi um pesadelo... Você viu o que? – disse segurando Ainá pelos ombros.
– Você tá de brincadeira, não está, Lázaro? – continuou – Quer dizer que você não viu o show de fogos de artifícios dentro do teu quarto, achei que você tivesse instalado aqueles globos que tem em festas e dão um efeito meio que de calidoscópio, jogando luzes pra tudo quanto é lado.

Ela não estava brincando, você sabe quando uma pessoa está brincando e ela, definitivamente, não estava brincando comigo, se ela fosse uma atriz ou política, eu ficaria com o pé atrás, mas Ainá não costumava brincar com coisas sereias, se ela viu, ela viu, e eu senti, eu senti.
    
– Não, não estou de brincadeira – fiz uma pausa para reflexão –. Não sei o que era. Não consegui ver o que era; apenas senti e fiquei imóvel na cama, como um sapo vivo sendo dissecado sem poder abrir os olhos.
– Você não viu aquelas luzes? – perguntou mais uma vez incrédula.
– Juro por Deus que não, Ainá – disse, com os olhos arregalados e as pupilas tremulas.
– Lázaro, você tem certeza de que não viu nada? – ela queria uma confirmação sem hesitação. 
– Juro por meus pais – falei de forma enfática. 

Ainá levou as mãos à boca e comecei a ficar ainda mais nervoso, cheguei a pensar que estava ficando louco, mas se eu estivesse ela também estaria. A única coisa que pude fazer naquele momento foi abraça-la com força e dizer, mesmo que sem acreditar em minhas palavras, que tudo ficaria bem.

(...)