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sábado, 31 de janeiro de 2009

Tédio de mim




Sinto saudades de ser feliz, já faz tanto tempo e o tempo me é imparcial, ignóbil e abrupto. A doces dias de verão, doces dias de minha infância esquecida, das brincadeiras sem preocupações, do corpo suado de tanto correr; há juventude sem maldade. Risos fáceis já não são mais dados, os dados; o jogo da vida, a ímpia doce morta e frigida vida, como te sinto mais, aqui em meu peito deprimido e murcho, bombardeado por lembranças alegres que me fadigam na tristeza. De tudo o mas, o menos me toma, me sufoca, me acha mais sem “entretantos...” Os navios não restam no porto da saudade, porque envelhecer foi à vingança de Deus sobre a maldade humana, sobre minha índole opaca, que sofre com sanguessugas que a chupam e a vomitam, só por maldade. Das entranhas de uma velha estéril, está lá; bem quieta, minha doce juventude que não me é mas. Marcos Henrique

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Tristeza do poetar (II parte)


D menos



Teus olhos me foram negados, teu corpo por mim nunca será tocado, é triste, mas eu sei que é isso mesmo que falo; sou triste, mais um dia no teu olhar sonhei com meu mundo claro.

Eu lamento, eu lamento meu lamento, lamento por ter culpa sem culpa.

Olhares que não mais se encontram. Descontentamento; sou seu eleito, sou seu melhor atormentado.

Estou com os olhos cheios de oceanos; mas mortos, sem vida, sem brilho, sem reflexo do belo, são meus olhos.

Não te culpo por te amar, não te culpo por meu sofrer, fico agora aqui em meu mundo, meu quarto escuro, regando com minhas lágrimas o que restou do meu coração.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Osculo


Tentei e tentei, mas o fracasso teima em me persuadir; Corri o mais lento que pude, só para tentar ser notado; Morri por mil vezes e deixei-me enfeitiçar; Pedi ajuda a anões que só enxergavam trabalho; Furei-me numa roseira; Deixei os cabelo crescerem e me tranquei na torre mais alta; Tudo foi tão em vão que quase me esqueci de mim, esqueci o quanto me desvalorizei, tudo por isso e agora que o tenho não o quero mais. Quantas línguas, quanta saliva, quanta facilidade, vejo que hoje não foi só a lua que perdeu seu brilho, que perdeu sua mágica, espero que os tempos que estão porvir melhorem isso, acho que não, mas a fé ainda continua forte e nisso me apoio, até quando? Ela tocou em minha face pela última vez e me fez sentir vida, os céus ainda guardam seus heróis puros, tudo o que quis foi isso por muitos anos, mas vejo que minhas pernas são mais longas, doce querida sem lábios, doce e ao mesmo tempo aguado, futilidade sem novidades sem rima para o que acabei de fazer, agora que o tenho não o quero mais, nem descreverei mais o que tento busquei em te, pois o que fizestes não se faz, era só meu assim dissestes, não é justo enganar quem tento foi sincero, não se engana lábios puros, que tua boca seque e tua língua cole em teu céu impuro, para que não possas fazer mais isso com ninguém e ninguém lhe queira mais tocar. Agora vou para onde nunca deveria ter saído, vou para meu verdadeiro lar, o útero de minha mãe me espera e lá nunca serei enganado. P.S.: morra!

Henrique Martins.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O outro lado do mundo



O outro lado do mundo fica tão perto , fica tão rápido, é tão seguro como o estável , é tão seguro e associavel. O outro lado do mundo fica embaixo , está tão perto do centro como o trânsito , está tão perto de tudo e é tão rápido , o outro lado do mundo , o outro lado do mundo , o outro lado do mundo. É limpo , é flácido , é egoísmo , é tudo pálido, o outro lado da curva é mais uma curva desse lado , o outro lado de tudo , é outro lado, é nada , o outro lado do nada é o que resta do outro lado do mundo , do outro lado, bem ao teu lado. Bem ao teu lado é tão fantástico ,como o massacre da vida e o estupro do verso e o amarra do cadarço , que é o outro lado dos pés ,que andam tão rápido.

O outro lado do fim é o começo do acaso. O outro lado do mundo fica ao lado do quarto.


Autor: Marcos Henrique