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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

A última poesia de 2012!




Que as utopias me preencham
(Marcos Henrique Martins)

Ao amanhecer vou ver, com os mesmos olhos, a nova esperança que se forma.

Ao contemplar o sol, em todo o seu esplendor, me banharei em seus raios e me sentirei mais vivo do que nunca.

Mais um ano, novas esperanças, novos por fazer, novas conquistas a serem buscadas. Novos desafios, novas promessas. Tudo se renova.

O ano novo chega, entra em nossos lares de uma só vez. Mas antes, pega pelas mãos o velho ano que já fez a sua parte, mesmo que não tenhamos feito a nossa, e o leva para junto do fazedor de sonhos, para que o ano que se vai possa repousar por todo o sempre, com o sentimento de dever cumprido, mesmo que não tenhamos cumprindo o nosso.

Encheremos nossas cestas com mais esperanças, promessas e aspirações. É assim que caminha a humanidade, com passos largos que vão se encurtando ao longo do ano, mas que voltam a se enlanguescer junto com nossos desejos e a esperança do por vir.

Sonhos com um mundo melhor;
Sonhos com pessoas melhores;
Sonhos, utopias, paz nascida da consciência.

Vem ano novo!
Chega logo! Sendo convidado ou não.
Nos te receberemos com todo afinco.
Receberemos tua vicissitude da forma que recebemos entes queridos em nosso lar.

O novo se apresenta, preenche o vazio que tenta se formar em nossos peitos fadigados. 

Promessas serão feitas e muitas não serão realizadas, mas não é isso o que nós somos? Sonhadores de um mundo melhor.

Vem novo ano, me acalenta com a fé que deposito em ti.

Início 30.12.12 / Fim 31.13.12

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Conto:O rei está morto



O rei está morto
(Marcos Henrique Martins)

Quando levantei logo cedo e pude ouvir o galo me dar bom dia sorrindo percebi que algo faltava, não sabia ao certo o que era não tinha a profundidade das coisas pequenas embrenhadas em mim. A única coisa que me vinha à cabeça era que - O rei estava morto. 

Fui até a copa, tomei um pouco de água, aquela água descerá como vidro, pois meu estômago, ainda adormecido, não aceitava tomar banho logo cedo. E aquele pensamento voltava a minha razão - O rei está morto -.  Como não planejei meu dia, fiquei meio perdido neste momento inquietante de meu saber das coisas, logo eu, um cético assumido, não poderia acreditar em crendices supersticiosas, ora bolas. Se o rei estivesse mesmo morto como eu poderia saber? Mas a voz aguda e renitente ecoava no fundo de meus pormenores “O rei está morto”.

Cuidei de tomar um bom copo de leite morno, depois do total despertar de meu estômago, que a senhora Vangruber preparara para mim. A senhora Vangruber era uma imigrante que não teve sorte de enriquecer em terras brasileiras, o azar acometera sua vida. Mas que fique claro que eu não acredito em azar ou sorte, acredito nos fatos, em coisas palpáveis e na santa razão dos filósofos iluministas. Apenas citei a apalavra “azar” para replicar as palavras da senhora Vangruber, pois, acho engraçado entregar a vida a coisas de cunho sobrenatural. 

Sempre iniciava meu desjejum com um pouco de leite morno, poderia passar dias falando sobre os benefícios de se tomar leite morno. Todos os males físicos e da alma que essa lactose poderia curar. Nem o mais sábio dos alquimistas poderia dispor de tamanha sapiência das virtudes do leite e no deleitar de suas teorias, a respeitos das coisas da natureza, haveria de concordar comigo que o leite morno é e sempre será a cura para todos os males, físicos, morais, perturbadores de cunho assaz para tudo. Isso sem mencionar as moléstias da alma que tal bebida poderia curar. 

Como falei antes, sou um cético para certos pormenores, porém, estou vivo e suscetível às influências folclóricas que todo ser civilizado está. Farei um dia uma ode a tal bebida pura e simples de se preparar. Um dia farei um ensaio. É isso! Farei um ensaio sobre bom leite morno. 

Mas a voz volte e meia me perseguia “O rei está morto!”. Não me interesso por assuntos das nobrezas, não sou nobre, não por titulação, sou apenas um capataz das coisas burocráticas que ninguém mais ousa fazer. Se ao menos tivesse ouvido os conselhos de minha genitora, mas não. Parentes só nos dão conselhos para nos atrasar a vida, era assim que eu pensava em minha insolente burra e fugaz juventude.

Peguei as ferramentas de meu oficio, coloquei tudo em minha pasta e fui para minha labuta burocrática, que me fazia refém a mais de 10 anos. Minha labuta! Escravidão remunerada, soldo de minha juventude e outros adjetivos não tão nobres que não ouso mencionar. Logo eu, que sonhava em viver no meio do mundo, fui me acorrentar justamente em uma repartição pública, onde o público e o pessoal nunca podem se misturar. 

Com o desembaraçar das horas fui concluindo as etapas tediosas de meu ofício, mas sem que percebesse, soltei em alto e bom tom “O rei está morto!” Todos me olharam espantados, como eu poderia dizer tamanha sandice. Que rei? Que morte? Para que um rei se vivemos numa república? Sorri com rubor e me pus a trabalhar com a cabeça quase tocando a escrivaninha, mas os olhares, ah! Os olhares repúdiosos me incomodavam. Estava refém daqueles olhares que ansiavam em me caluniar, em me achar “doidivanas”. Podia ler os olhos de cada um.

No relógio, marcavam meio dia. A hora que todos esperam no âmago de seu ser, mas para mim não, não naquele dia, não podia me deliciar com os alimentos que repousavam em minha marmita. Não. Não até resolver aquele impasse “O rei está morto”.

Quanto mais lutava para me despistar de meus pensamentos irritantes, mas tinha a certeza que não conseguiria ir muito longe, pois era carcerário de meus pensares e, não conheço uma única alma viva que tenha conseguido fugir de seus demônios internos. Foi quando de súbito levantei da cadeira, fui até uma janela - ao menos não haviam nos privado de ar puro -, e gritei a plenos pulmões. 

– O rei está morto! 

Todos pararam. A cidade me olhara de baixo para cima e meu espírito atormentado pode enfim ficar em paz por alguns minutos, mas tamanha era a curiosidades dos olhos transeuntes lá de baixo que me senti como uma rapariga de saias que recebe uma rajada de vento malicioso e lhe deixa exposta em missa de sétimo dia.

As pessoas de minha repartição não gostaram de minha revelação, me chamaram “Anarquista!”. E logo tive que ir vê a autoridade máxima, O chefe. Um senhor de cabelos ralos, bigode bem cuidado e uma vaidade descomunal, mas qual chefe não é vaidoso? Para se chegar à chefia de algo o homem tem que ser vaidoso, se olhar no espelho e se ver em mil.

- Porque gritou aos quatro cantos que o rei estava morto?

- Não sei senhor.

- Como não sabe, por acaso você é algum piadista?

- Não, não sou.

- Então o que o levou a gritar daquela forma, essas palavras sem sentido? Por acaso não sabes que somos uma república?

- Sei, mas....

Todas as frases que se finalizam com um “MAS” são motivos para que todas as terminações nervosas comecem a incomodar o corpo. Um comichão que percorre da parte mais significante a menos insignificante de nosso corpo se inícia, num ciclo mais forte que cotrações de uma mulher prestes a dar a luz quando um “MAS” é proferido dos lábios de alguém.

- Mas... O que?  - perguntou meu algoz.

Pus-me a explicar.

- Acordei logo cedo, como sempre o faço. Tomei meu banho, escovei meus destes, me vesti, calcei meus sapatos, mas antes pus as meias, fui até a cozinha, tomei meu leite morno. O senhor conhece todos os benefícios que o leite pode nos proporciona?

Ele apenas me olhou, incrédulo, e não me respondeu a pergunta, talvez achasse que fosse uma pergunta retórica. Ele passou a mão em seus cabelos ralos e me fitando, perguntou.

- O que isso tudo tem haver com seu delírio na janela?

- Não foi delírio, senhor, foi uma forma de externar o que estava me dilacerando o peito e a cabeça.

- Que rei é esse, você o matou?

Tomei um susto! Aquela pergunta repentina. Queria ele me acusar de assassinato? Queria ele me condenar ao ostracismo das grades de aço e roupas xadrez? Não poderia cair naquele truque, não, ele não iria me incriminar por saber o que todos não sabiam, ou não queriam saber. O rei estava morto, era fato, agora querer me acusar de tamanha barbárie, isso sim, era uma loucura.  

- Não matei rei nenhum, não sou um assassino, meu senhor.

- Então que rei é esse? 

Não sabia o que dizer, então, mais uma vez, gritei a plenos pulmões.

- O rei está morto!

Meu chefe tomou um susto, seus olhos se arregalaram quase que saltam para fora do rosto, se não fosse seu nariz, acho que teriam saltado. Todos correram para a sala do patrão. Uma quase algazarra se formou na porta, todos queriam ver o que estava acontecendo. Não conseguia entender o que diziam do lado de fora, falavam todos ao mesmo tempo, quanto a meu chefe ficou transtornado e me mandou embora para casa, falou que eu precisava descansar e, de um bom copo de leite morno.

Ao seguir para meu lar, via as pessoas andando, levando suas vidas nas costas, todas sem terem a informação que eu tinha “O rei estava morto”. Sorri por algumas vezes, acho que me acharam bobo, mas não ligava, pois tinha a informação que ninguém mais tinha e não deixaria que ninguém ousasse roubá-la de mim. Um homem é uma fortaleza em seu lar, e era para lá que eu estava seguindo.

Ao chegar a minha casa, tratei logo de observar quais eram os cantos mais vulneráveis de meu lar, tratei de fazer os reparos necessários para que nenhum invasor ousasse invadir minha fortaleza. Fiz barricadas, armadilhas com baldes cheios de água com sabão, mas algo faltava. Então, tive a grande ideia. Tinha que informar a todos que “O rei estava morto”. Comecei pela lista telefônica, onde pude selecionar todos os telefones de jornais, do impresso, ao radiofônico e claro a TV, minha esperança era que a TV sabendo de tamanha revelação interromperia sua grade de programação para dar um boletim extraordinário. Toda a sociedade, ou melhor, todo o país teria que saber desse fato. Deixei meu egoísmo de lado e me pus a ligar para todos os meios de comunicação, já inventados, para que a humanidade pudesse descobrir o que só eu descobrira naquela manhã reveladora “O rei estava morto”.

Findado meu dever moral e cívico, pude descansar por alguns minutos, foi então que tive a grande ideia de rever minhas economias para poder comprar um megafone e do alto de minha janela começar a informa a todo o cidadão, descente, assim como eu, que o rei estava morto. Não tardei e, logo estava com o megafone em punho a informar a todos os que passavam por minha rua, e devido ao tamanho da parafernália que adquirira quem sabe pessoas das ruas vizinhas pudessem ouvir minhas verdades.

- O rei está morto! O rei está morto!

De forma, incansável, me pus a informar a todos, alguns nem se importavam com minhas revelações - pobres diabos - outros paravam a frente de minha casa e contemplavam as verdades que ecoavam de minha voz amplificada por meu megafone. Foi então que a conspiração se formou. Uma rede ultrassecreta de agentes de algum órgão decidiu me interpelar e mesmo com toda a proteção que havia criado, minha fortaleza foi invadida, saqueada, e eu, levado como prisioneiro para ser torturado, ou sabe-se lá Deus o que fariam com minha pessoa para que a voz da verdade que saiam de minhas cordas vocais findasse.

- Que lugar é esse – perguntei, sem ter uma resposta satisfatória. Na verdade não obtive resposta alguma. 

Depois da alguns momentos de reflexão percebi um ambiente, hora hostil, hora cercado de demência e olhares vagos para um horizonte imagético. Foi então que percebi um homem se aproximar, ele me olhava com olhos da verdade, uma verdade oculta que poucos podem perceber. Como eu era astuto e grande conhecedor dos gestos humanos, sabia que ele me escutaria e talvez fosse à única pessoa na terra que me ajudaria a iniciar um movimento libertário, uma nova revolução disseminativa e decisiva, pura, que todos iriam compartilhar da verdade absoluta que entranhava em mim.

- Você fuma? – me perguntou.

- Não, mas preciso de sua ajuda – respondi.

O homem me olhou de cima a baixo e com um gesto tímido, acenou positivamente para mim. Era disso o que eu precisava, de um fiel escudeiro para me ajudar a propagar tudo o que eu sabia.

- O rei está morto, sabia? – perguntei.

Foi então que percebi que não conseguiria revelar ao mundo minhas certezas. O homem me olhou tortamente e num momento de fúria, começou a esbravejar.

- O rei está morto?! Mas isso é impossível! Quem está levantando inverdades a meu respeito?! Guardas! Guardas! Descubram quem anda inventando calunias sobre mim e cortem-lhe a cabeça!

Era óbvio eles queriam que eu caísse no descrédito, queriam me transformar num sandeu para que a verdade nunca fosse revelada. O rei estava realmente morto, porém, colocaram um impostor, um proletário para usar a coroa que só pertencia ao verdadeiro monarca. 

Que o bom Deus nos ajude-se nessa hora de conspiração.                                

Bom dia! Em primeira mão, a primeira primeira poesia de uma séria que comecei a escrever. Nessa primeira fase vou falar do tempo. Mas outros estão por vir, aguardem e confiem.



Tempo para se descobrir
(Marcos Henrique Martins)


Não nasci velho, foi o tempo que me moldou.
Não nasci taciturno, foram às castrações naturais da vida que me moldaram.
Não vivia nas sombras dos pensamentos das pessoas, foi à poesia que me fez penetrar no âmago dos seres racionais que dessecam tão bem sapos.

Não. Nem sempre fui um tolo. Sim, já fui um sonhador, um homem que aceitava tudo. Do natural ao sobrenatural e não questionava nada, mas agora já com meus cabelos agrisalhando-se e caindo em estradas da perdição, passei a ser um contestador de voz baixa que não é ouvida por ninguém. Nem por sua sombra.

Não nasci para sofrer, nasci por um plano que nunca me alcança, nem quando paro para respirar, ou assoar o nariz. 

Não. Não nasci para a vida burocrática, para ter que apertar mãos a cada dois minutos e sorrir como se estivesse tudo bem. Minha angústia não permite isso.

Não nasci com todos os fios de cabelos, é bem verdade. E os que conquistei comecei a perde-los ao longo dessa estrada cheia de postos de pedágios que cobram pedaços de nossa alma sem dor nem piedade.

Não. Não desaprendi a sorrir, apenas não quero o fazê-lo, pois sorrir, sorrir faz com que eu tenha câimbras em minha face, faz com que eu tenha pesadelos nas noites quentes do Recife.

Não. Eu não nasci sabendo andar. Na verdade nem engatinhar aprendi, então tive que começar a rastejar muito cedo, muito novo, muito puro e ter medo.

Não. Eu não nasci, fui obrigado a nascer, fui obrigado a viver, me foi imposta a grandeza e a derrota; a vaidade e a humildade; os sorrisos e a dor; o perdão, a ilusão e o ódio.

Não, não nasci velho, foi o tempo que me moldou assim, a imagem e semelhança de alguém que nunca toquei com minhas mãos pequenas.


*Dedico essa poesia ao velho safando Charles Bukowski, poeta e escritor da geração da contracultura.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Bom dia, boa tarde ou boa noite. Abraços natalinos em todos.




O conto de natal que não fiz
(Marcos Henrique Martins)


Eu só queria escrever um conto de natal para que todos pudessem se abraçar, mas nem tudo saiu como eu imaginava, pois sempre tinha alguém me lembrando de que existem pessoas falsas no mundo.

Eu só queria parar de tentar controlar minha vida por uns instantes e poder fazer um conto de natal, para que todos tivessem motivos para sorrir, mas alguém me falou que o Papai Noel era invenção de grandes corporações, no entanto eu só queria escrever esse conto para que se lembrassem dos dias felizes e de serem bons uns com os outros. Se não o ano todo, pelo menos nesse pedacinho do tempo.

Eu só queria escrever um conto de natal que pudesse fazer com que as pessoas se olhassem no espelho e notassem o que eu vejo, mas sempre tinha alguém me mandando ser rápido e deixar um recado feliz em meu mural. Mesmo quando eu estivesse triste.

Eu só queria contar essa história, mas ninguém queria ouvir, estavam ocupadas de mais perdendo tempo por entre os dedos com coisas pequenas. Por menores que sejamos sempre existirá algo menor que todos nos juntos numa forma untada que tirará nossa noite de sono, com sonhos tranquilos.

Eu só queria escrever um conto de natal para poder dizer – Eu te amo –, sem ter que explicar porque te amo sem desejo sexual, mas alguém me falou que o amor só é bom quando temos motivos para acender um cigarro entre os rins da noite.

Eu só queria escrever um conto de natal para lembrar a todos que não moramos no centro de nossos umbigos, mas todos estavam limpando seus umbigos para darem a festa em comemoração ao fim do mundo.

Eu só queria escrever um conto de natal para mostrar que somos homens de pouca fé. 

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Que bom que o mundo acabou



Que bom que o mundo acabou
(Marcos Henrique Martins)


Que bom que o mundo acabou. Agora não teremos mais que nos preocuparmos com a miséria que nos assola. Não teremos que observar pessoas sofrendo nas ruas por não terem um lar, ou porque nossos governantes fingem se emocionar com mensagens de fim de ano.

Que bom que o mundo acabou. Só assim não nos mataremos por divergirmos das crenças religiosas dos outros. Não teremos mais que jogar na cara do outro que o nosso Deus é melhor que o deles. Não precisarei temer mais Deus algum.

Que bom que o mundo acabou e com ele todo o tipo de corrupção que o ser humano possa participar.

O mundo acabou, estamos livres das amarras! Não precisamos mais fingir!

Que bom que o mundo acabou, pois não precisaremos mais nos preocupar com as drogas que arruínam vidas, não precisaremos mais fingir que gostamos de alguém, nem sorrir em fotos de família.

Que bom que o mundo acabou. Só assim não vou mais precisar desejar feliz ano novo a quem não desejo nada. Não precisarei dormir depois da meia noite cumprimentando pessoas que acho ser piores do que eu. 

Que bom que o mundo acabou, porque não precisaremos mais nos preocupar com as emissões de gases poluentes, ou com o massacre de filhotes de focas. Não precisaremos mais assistir a massacres em escolas e tentar encontrar explicações onde ela não existe.

Que bom que o mundo acabou e com ele toda nossa imaturidade, todo nosso preconceito; nossa soberba; ignorância; barbárie; nossa incompreensão do que é ser humano. E os sorrisos falsos. Detesto sorrisos falsos. 

Que bom que o mundo acabou. Agora não teremos mais que nos chatearmos em engarrafamentos quilométricos ou ficarmos irritados porque perderam nossas malas nos aeroportos lotados em época de férias na Disney.

Que bom que o mundo acabou. Não precisamos mais ter superstições, apostar em profecias fantasiosas de civilizações que nunca viram um computador, ou tiveram um perfil criado em uma rede social.  

Ah! Que bom que tudo acabou e com ele todos os problemas, dos menores aos maiores, dos insignificantes aos mais significantes para cada um de nós.

É o mundo acabou, que bom. E a vida, há vida continua.       

21.12.12            

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Lúdico



Lúdico
(Marcos Henrique Martins)




Guardado não posso quebrar
Preso em casa, na frenta da velha TV, me deparo com meu reflexo no tubo de imagem entre um canal e outro. Noto meus olhos. Que triste, que triste.

Se continuar aqui não tem como me machucar. É o que todos pensam em seus mundos.

Pássaros dormem a noite, apenas predadores observam.
Outro dia conversei com Deus e o que ele me falou continua sendo um mistério para mim até hoje.

Quero um conhaque, quero um abraço amigo e ouvir alguém afinando um violino.
Quero voltar a sentir você.
Quero voltar para dentro de um útero.
Quero sair, mas perdi o jeito. Desaprendi como caminhar por entre as nuvens.
Quero um copo d’água dada por você, cansei de tomar vinagre e de sangrar para quem não olha mais para mim.

Cansei de escrever versos sem sentido para mim. Cansei de matar, de ser morto, questionar, de ter que posar para fotos de família sorrindo.
Cansei de olhar o infinito e de sempre afinar meio tom abaixo meu violão que, de tão velho, não pega mais afinação.
Cansei de ser homem feito que anda só, de mãos dadas, com o menino destino.  


sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Quarta



Quarta
(Marcos Henrique Martins)

Quarta, hoje é quarta-feira, eu sei.
Mas de que vale uma quarta-feira quando o sol esquenta apinho um pouco do que restou de meu frágil juízo?

É, tudo bem para você que não conta os dias, mas para mim...
Hoje é sexta, duas coisas me deixam louco: perder e viver sem viver.
É, tudo bem para você que não conta os dias, mas para mim...

Vou relaxar um pouco e fumar um cigarro. Droga! Lembrei que parei de fumar depois que Deus curou meu câncer. Tudo bem as melhores promessas são aquelas que não podem ser cumpridas.

Que dia é hoje?
Que horas são?
Será que ela veio por mim ou pelas contas atrasas?

Seus olhos não me disseram absolutamente nada, logo eu que sei ler almas. 
Quarta, hoje é quarta-feira, eu sei.
É, tudo bem para você que não conta os dias, mas para mim...
Ok, tudo bem, não sou religioso, te perdoo. Tenho bom coração. 

"Dedicada a meu grande amigo e inimigo literário César Vice". rsrsrsrs. Tu sabe que te quero bem.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Algumas micro-crônicas de minha autoria




Felicidade 3.0

Troco felicidade por tablet usado. 

***

Marcas 

Minha alma tem mais marcas que os corpos mais tatuados dos homens da Yakusa.

***

Sentido 

Porque tudo tem que ter um sentido, se há dias que nem me sinto. 

***

Realização 

É no abstrato, no intangível, no incompreensível que me sinto em casa, que posso voar sem medo de cair num chão cheio de espinhos.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Poesia, poetar, poema, poesia




Poesia, poetar, poema, poesia
(Marcos Henrique Martins)


O que não é meu, não é de mais ninguém. Nem de Deus ou do diabo, nem de quem se julga cético, filosófico, poeta ou ateu.

O que não é meu é desse mundo tangível, desse mundo que fede a mazelas incontáveis, obscurecidas pelos óculos escuros, comprados por dez contos de reis nas feiras populares de minha terra, pois no Recife todos andam de óculo escuro - baratos ou não –. O sol do Recife é quente; é seco e quando toca o chão queima nossas íris. 

O que não é meu, não é da burocracia, aristocracia falida do velho continente que junta dinheiro com os bolsos furados e a cueca remendada na bunda. Não é do capital ou do proletariado que surge tipificado por classes, como se fossem castas, como se fossem espécies em extinção e em ebulição, loucas por viver, loucas por estarem morrendo, ou simplesmente loucas. Loucas, apenas isso. Loucas.  

O que não é meu, não é de você que me quer sentir por dentro de teu existir que acabou de mudar para sempre, mesmo depois de não me entender, mas que sentiu, olhou, me viu refletido nos olhos de um garoto sofrido que reza com sua lata de cola nos lábios rachados da vida sofrida que vive. Vida? Não, não é vida e sim mera existência.

O que é meu me perguntam? São os vícios, verdades duvidosas, dúvidas existencialistas, falta do que fazer em noite de feriado prolongado e todas as coisas indesejáveis que deixamos debaixo dos tapetes imaginários que se formam no fim de cada ano e, na esperança do novo ano que nasce aos prantos de nos chamar pelo nome, antes mesmo de aprender a caminhar. 

O que é meu é o dom da palavra e isto nem que me roubem a alma, não vendo, não troco, nem dou.

E mesmo que a poesia não tenha mais serventia, vou continuar essa jornada, mesmo que não chegue aos Jardins Suspensos da Babilônia, pois me sinto poeta e esse fogo que queima, aqui em meu peito, nem um dilúvio pode apagar.  

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Na Praça Maciel Pinheiro, vi Deus



Na Praça Maciel Pinheiro, vi Deus
(Marcos Henrique Martins)

Quando o fim do mundo chegar, deixarei um canteiro com flores diversas para que ninguém possa aproveitar seu aroma. Parece egoísmo de minha parte, mas qual ser humano não é egoísta? Você? Eu?

Quando o fim do mundo chegar, poderei descansar a cabeça no chão duro, neste asfalto que guarda segredos, impressionistas, que ruborizam até os querubins.

Quando o fim do mundo chegar, ficarei sentando num banco, em qualquer praça do centro Recife, ou melhor, ficarei sentando na Praça da Independência, que se tornou a Praça da Desesperança, devido ao número de prostitutas, desocupados, desempregados e mendigos que por lá perambulam. Não ficarei na Maciel Pinheiro, pois lá não existe visibilidade e todos já estão mortos para sociedade.

Assistirei todo o pânico dos transeuntes, em meio ao caos, junto com os que vivem a margem da sociedade. Ficarei calmo, pois a desesperança cessará para aqueles miseráveis acostumados com um amanhã sem possibilidades. Me sentirei em casa e apertarei a mão de todos, até darei abraços efusivos em alguns, mas só nos miseráveis que por lá sempre estão.

Quando o fim do mundo chegar, vou rir; chorar, questionar Deus, culpar a ONU, negar meu fim, me reconciliar com Deus e aceitar o fim definitivamente, pois, ao reconciliar-me com Deus saberei que sou infinito. Não é isso que pregam? A negação da impossibilidade. A negação da obscuridade do “fim” com um ponto e a esperança do “fim” com reticências?

Quando o fim do mundo chegar, vou torcer para que tudo, definitivamente, acabe, pois não suporto mais esse mar revolto de possibilidades, essa calmaria que finge chegar, essa humanidade obtusa a qual faço parte, que trai com beijos, que se arrepende com lágrimas de crocodilo, que pede aos deuses que matem sem misericórdia, que pedem aos deuses que tudo acabe, que pedem, pedem e pedem, mas esquecem dos miseráveis que estão na Praça Maciel Pinheiro ao lado da igreja da Boa Vista onde já vi Deus, em um sermão cansativo, cochilar.


***

Ontem fiz um poema em prosa sobre a Praça Maciel Pinheiro (Recife-PE), que está sofrendo com o descaso das autoridades. É prostituição, consumo de drogas e assaltos, tudo à luz do dia, mas ninguém enxerga a Praça. o interessante é que o jornal Folha de Pernambuco também conseguiu notar a praça e fez uma ótima reportagem sobre a mesma. Esse é o poema em prosa que fiz para a Maciel, a praça de minha infância. Era raro o dia em que não passasse por lá e me deslumbrasse com aquele chafariz jorrando água e os bombos que por lá moravam.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Não me conhecem




Não me conhecem
(Marcos Henrique Martins) 

Os sentimentos escuros da alma, os gestos falsos que corta e matam. 

Emoções suicidas percorrem meu corpo que já foi puro um dia;

A quem recorrer?

Para quem gritar?

O socorro um dia vira?

A esperança um dia acabara?

E minhas lembranças, minhas meninas sem nomes, vocês são fortes e eu fraco.

Levantar já foi mais fácil, e hoje o que temos?

Apenas versos sem sentido e esperança que um dia a inocência vai regressar.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Micro-crônicas


Ofício

Criar poemas talvez só não seja mais difícil que criar filhos, pois os poemas quando nascem e viram poesia saem de casa, mas os filhos, esses ainda ficam a parasitar por um bom tempo. 

***

Pergunta incomoda 

Para que serve um poeta nesse século da Atenção Parcial continua?

***

Brasileiro II

Deixei de contar os dias, agora só me preocupo com os feriados que caem às quintas.

***

Mundo

Sem assunto fico mudo e o mundo não se importa se lágrimas brotam de meus olhos cansados. Não importa, pois por um breve momento, com as lágrimas em meus cílios postiços, pude ver o mundo embaçado e isto me reconfortou por horas.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Um dia



Um dia
(Marcos Henrique)

Um dia a mais e eu me fiz menos;
Um dia a mais – Nuvens borradas e falsos segredos –;
Um dia a mais – Tudo é o nada em vidas curtas –. Vidas? Tolos pensamentos;
Um dia a mais – Segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sempre –;
Um dia a mais – Meus sonhos, sonhos pequenos –;
Um dia a mais, menos fome, mais vida, menos vida, mais fome;
Um dia a mais para que eu possa ter todos, absolutamente, todos os entendimentos que não vão me servir para nada quando meu dia se fizer menos;
Um dia a mais, só um dia qualquer com versos de efeito, métrica imperfeita, esperanças renovadas, ilusões refeitas, apenas um dia a menos para se comemorar mais um dia.

sábado, 10 de novembro de 2012

Poema 47



Poema 47
(Marcos Henrique Martins)


Sabe, é triste levantar-se de manhã bem sendo e saber que muitos dormem até tarde para enganar a fome. 

Saber que tantos morrem e, não sei se renascem para a vida eterna melhor.

É difícil ter esperança vaga quando se tem revolta como guia. 

É horrível se sentir impotente, não poder girar o mundo ao contrário, não poder salvar quem se ama, não conseguir conter as lágrimas que teimam em brotar,

Mas o que é mais triste do que tudo isso, é ver o resumo de uma vida sem rumo, é ter a bússola nas mãos e ser um errante sem norte, sem direção, sem porto, sem mãos que lhe conforte.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Algumas micro-crônicas de minha autoria. Bom dia a todos!




Politicamente correto II 

Não, obrigado, parei com as drogas.

***

Politicamente correto III

Por favo, tirem essas flores murchar de meu velório.

***

Obrigações 

Uma coisa que me entristece é ter que sair em fotos, sorridente, mesmo quando não estou sorrindo.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Algumas micro-crônicas de minhas autoria




Horas 

Tempo! Não me tire o prazer de viver. 


***

Contraditório

A morte sempre me inspirou a criar personagens com vida em seus olhos


***

O mundo

Sem assunto fico mudo e o mundo não se importa com meu mundo. 


***

Levante-se

Sou um perdedor persistente, fazer o que eu nasci assim.

domingo, 4 de novembro de 2012

Bom dia, boa tarde ou boa noite!




Mais um trecho de meu livro: O Lado Avesso – Nornes, o Mago. Que está a venda na livraria cultura e no site da Editora Baraúna.
Para quem ainda não conhece o livro onde misturo seres do folclore brasileiro com Elfos, dragões e etc... Dá um ciber pulo aqui, aproveita e da uma curtida na página.

Obrigado e abraços virtuais!



(A grande viaje da esperança rumo ao desconhecido)


À medida que vão saindo, as tochas vão se apagando, deixando para traz apenas saudade.

Os cinco já estão do lado de fora ainda tristes por Caliel ter ficado, por incrível que pareça Eder é o mais triste, pois ninguém confiou nele como Caliel o fez. Passado um tempo Caliel já o considerava como um da família.

- Onde estão às bolas, Apuã? – pergunta Theo.

- Estão aqui – responde Apuã, tirando-as de sua mochila.

- Então é só enterrar e pronto, eles nascem? – fala Ary.

- Suponho que sim – diz Apuã.

- Então dê uma a cada um e vamos enterrar distantes umas das outras, para que eles tenham espaço – fala Mikay, todos concordam e cada um pega sua bolinha e enterra na entrada da caverna.

Nada acontece para a decepção deles e quando todos menos esperam eis que surge da escuridão Caliel

- Monjoco! – grita Caliel, todos olham para traz, Apuã toma um susto que quase da um pula.

- O que faz aqui, Caliel? – pergunta Theo, surpreso, mas feliz com a aparição repentina do hainuru.

- Não podia deixá-los ir sem mim, e além do mais Nornes esqueceu de mencionar a palavra mágica que faz com que os dragões negros dispertem. – continua Caliel – Prometi a ele que depois que salvássemos a pricensa, voltaria para começar meus estudos com ele.

- É bom que esteja aqui, senhor – fala Eder visivelmente alegre.

A terra começa a tremer e um a um os dragões começam a sair dela.

– Eles são lindos – fala Apuã – Realmente são criaturas belíssimas. Todos negros com os olhos verdes, apenas um tem os olhos de duas cores diferentes: um olho verde e outro azul; esse vai logo para perto de Theo e o toma como condutor. Apuã e Ary dividem o mesmo dragão, enquanto os outros tomam suas montarias.

- Então é isso! Vamos partir – fala Caliel.

- Caliel! – grita Mikay – Vejo dragões vindo para nossa direção, mas acho que eles estão vindo para destruir Zoltany.

- Não podemos deixar! - fala Theo.

- Mas Nornes falou que esses dragões não podem entrar na guerra, eles são os últimos – fala Apuã.

- Eles podem ficar invisíveis, não podem? - pergunta Theo.

- Não, Theo... Nem pense nisso – fala Apuã.

Theo sorri.

– Você tem flechas suficientes para matar alguns ciclopes, Mikay?

- Poderiam derrubar um exército inteiro – responde o elfo, já com o arco na mão.

- Só espero que possamos nos enxergar – fala Theo e arranca com seu dragão ficando invisível no ar.

- Droga! Ele sempre faz isso – comenta Apuã, e é o segundo a seguir Theo.

Todos partem e ficam invisíveis, porém podem se ver por eles; estão invisíveis apenas para Zoltany e os soldados de Basef.

O alarme toca em Zoltany e todos correm para seus postos. Os dragões de Basef vêm com tudo, queimando tudo que encontram pela frente, mas não contavam com os dragões negros de Apuã.

- Tentem não acertar nos dragões; eles estão sobre efeito de um encantamento! – grita Theo e o primeiro ciclope cai com uma flecha certeira de Mikay.

Os ciclopes não sabem o que está acontecendo. Um a um vão caindo os soldados sem vida; nem os soldados de zoltany entendem e ficam apenas olhando tudo.

Golpes de machado, espada, garras de dragões, mordidas e flechas invisíveis vão abatendo um apor um, ciclope por ciclope. A corneta com o toque de retira é tocando e todos fogem sem saber o que aconteceu realmente.

Mais uma batalha vencida, mais uma vez o exército de Basef sentiu o gosto da derrota. Os dragões reaparecem depois que o exército de Basef foje e todos de zoltany conseguem ver seus salvadores. Todos juntos gritam de alegria ao virem Caliel e seus amigos nas costas dos dragões dando um voo rasante pela cidade.

- Dragões negros?! – fala o mestre Wagno sem acreditar no que está vendo – Vai, Theo! – grita o elfo armeiro, sentindo o sangue ser bombeado para o seu coração com mais força, com mais calor.

Eles voltam a ficar invisíveis e partem para a Ilha dos Amaldiçoados, para salvarem a princesa Ariel e restaurar o clã dos cavaleiros.

- Preciso de mais fênixs mensageiras. Todas as milícias devem saber disso – fala o mestre Wagno e corre para escrever mensagens para todos e se apegando a um fio de esperança. A primeira fênix a ser lançada é a do general Vlamir.

(Continua....)


O lado Avesso é de fácil leitura. Optei por escrever um livro cheio de dialogo, para dar mais agilidade a trama e patriamente uma história pulp, cheia de aventura e emoção.  

Você encontra no e-book do livro por apenas R$ 17,90 nos links abaixo e o s livros físicos por R$ 38,90 na livraria cultura e R$ 34,90 no site da editora:



quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Meu mundo



Meu mundo
(Marcos Henrique Martins)

Olhos cheios de olheiras 
Pálpebras baixas
Olhos secos, sem vida.

Paro, me olho, respiro e penso:
“Que bom que existo, mesmo que quem me lê não entenda esse sentimento que eu sinto. Que bom que existo”.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Bom dia, boa tarde ou boa noite e ótima segunda! Algumas micrônicas




Becos
(Marcos Henrique Martins)

Aqui não passa ninguém, nem à saudade. 


***


Verdade tímida
(Marcos Henrique Martins)

Quando me perguntaram por que queria ser escritor, respondi: “porque não suporto viver com o vazio em minhas vísceras”, mas na verdade queria ter dito: “porque sou masoquista”. 


***


Medo
(Marcos Henrique Martins)

O que me dá medo são os homens de boas intenções.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

A três passos da loucura



A três passos da loucura 
(Marcos Henrique Martins)


Três linhas
Espaços em branco.

Sono
Sonho
Insônia

Dor
Horror
Gestos esperançosos 

Feto
Afeto
mãe que não dorme nunca

Esgoto a céu fechado, sem trancas ou chaves, porta ou teto
Prisão em céu aberto
Céu, meu céu amarelo, com nuvens vermelhas e virgens de saia, sem roupa intima por baixo.

Três linhas não deram, ultrapassaram os três espaços em branco de minha cabeça.

O sono não veio 
O sonho se foi 
Não durmo nunca mais

Insônia me guia para ser imortal, dentro dos três espaços vazio de minha cabeça.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Crucificado

 
Crucificado
(Marcos Henrique Martins)

Hoje, acordei cansado. Comecei o dia ansioso pela noite que se recusava me tocar, pois me traria o sono e o sono me levaria ao mundo dos que sonham. Fiquei à noite interia, em claro, com a esperança de ser visitado pelo senhor Morpheus, mas ela já deveria estar dormindo feito um anjo. Fiquei e
m claro esperando por mais um dia de fadiga, dessa sensação de perda e claustrofobia que minha impotência causa.

Hoje, acordei cansado com os olhos inchados de tanto chorar, com a boca seca e a garganta áspera de tanto orar. Pedi, em dado momento implorei, neguei o silêncio, por fim aceitei o vazio.

Hoje, descortinei as entrelinhas da vida, percebi o quão só somos; o quão poeira somos; o quão tolo somos. Existência passiva. Vida cativa, ordeira, que me causa náuseas, este mal estar.

Hoje, pude ver, com os olhos cheios de olheiras, como somos ovelhas nesta terra de raposas, raposas que se camuflam tão bem, fingem ser vegetarianas e adorarem brócolis e espinafre.

Hoje, acordei e por um breve momento não quis levantar. Mas aquela voz dizia-me:
“Vai! Levanta para sangrar por mais um dia.”
“Vai! Levanta para chorar por todos e por você.”
“Vai! Levanta para lutar por teu pão, sacrificado, de cada dia.”
“Vai! Levanta e vai viver a tua vida.”
“Levanta e vai viver, pois na vida não há tempo para lastimar!”
“Vai! Crucifica-te por todos e por quem não te enxerga, nesta multidão ocupada com seus mundos particulares.”

terça-feira, 9 de outubro de 2012

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Meu livro na livraria Saraiva



Amigos, no site da livraria Saraiva vocês encontram o e-book de meu livro: O Lado Avesso - Nornes, o Mago. Onde criei uma estória em que misturo seres de nosso folclore, como curupiras, caiporas, alamoas, com dragões, elfos, magos e etc...

O e-book custa apenas R$ 17,90 

click aqui é vá para o site da livraria Saraiva 

Você também encontra o livro, em seu formato físico nos sites da Livraria Cultura e no site da Editora Baraúna.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Pensamentos

Crescer é um trabalho descomunal e te deixa cicatrizes, dentro e fora do corpo, mas as melhores cicatrizes são às que te marcam a alma.

Marcos Henrique Martins.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Não, não




Não, não
(Marcos Henrique Martins)


O não, não me castra;
O não, não me magoa;
O não, não me maltrata;
O não, não me diz nada;

O não me fortalece;
O não me faz agir de forma cautelosa, quando piso em pontas de facas;
O não é um advérbio, mas é visto apenas como recusa;
O não deixa lágrimas em teus, meus, olhos;

O não me faz formular possibilidades e realidades alternativas;
O não é a luta do pecar contra o ser humano que realmente somos;
O não marca mais que sins frigidos;
O não. Como forma de negar verdades incautas.

O não, repetido de forma vertiginosa;
O doce não, saído dos lábios das mães zelosas.
Dois nãos e a certeza de uma possibilidade. 
Teu não me castra; me sega nesta estrada vaga; me sufoca; me azeda; me marca.

Teu não me mata.

sábado, 29 de setembro de 2012

Espasmo




Espasmo
(Marcos Henrique Martins)


Quero poder poetar nos quatro cantos do mundo
Poder gritar um: “Puta que o Pariu!”, sem chocar os puritanos, que não se chocam com guerras que dilaceram inocentes e castram sonhos.

Quero poder poetar livre do preconceito, livre do medo dos olhos de Deus - Somos doutrinados a temer Deus, não a amá-lo -.

Quero viver livre das correntes da poesia feita em cartórios;
Quero viver livre da vida burocrática, puritana, hipócrita e camuflada em que nos encontramos. Lixo, puro lixo!

Quero poder voar, mesmo sem ter asas;
Quero poder sentir minha alma, poder tirá-la de mim, lavá-la com sabão amarelo, e recolocá-la em meu corpo; livre dos pecados que me acumulam, ao longo da existência. 

Quero poder sentir todos os sentimentos, todas às lágrimas, tudo ao extremo. Sentir sem ser censurado ou tachado de louco. Sentir sem ser morto porque não compartilho da visão do mundo dos déspotas que nos guiam para intermináveis firmamentos.

Quero poder correr;
Quero poder ter pernas;
Quero poder correr;
Quero poder dar um sentido, uma direção às minhas pernas;
Quero, quero, quero. Sempre queremos coisas que nem sempre nos servem. Mas quero.

Somos gafanhotos vorazes, somos e nada somos; apenas achamos que somos, e dessa forma, somos iludidos, a acharmos, que ainda, vivemos.


OBS.: Fiz esse poema devido a crescente violência e imposição da visão religiosa no mundo. 

"Ninguém pode obrigar um homem a ser livre".

Albert Nolan.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Quero falar de Paz



Gostaria de compartilhar com vocês essa poesia, que denuncia toda essa violência que vemos todos os dias, dentro e fora do País.  



Quero falar de Paz
(Marcos Henrique Martins)


Não escutem minha voz rouca; meus versos tolos;
Não leiam esse poema, pois vai falar de paz, essa palavra tão démodé para este século marcado pela violência. Marcado pela luta em nome de criadores do mundo que, destruímos a cada dia.

O século XXI tem cheiro de sangue, tem gosto de sangue, tem cor de sangue. Unifiquemos nossas diferenças no sangue.

Sangue, sangue, sangue, que não consigo conjugar.
  
O sangue que circula por minhas veias ferve, mas teme manchar carpetes novos e ser protagonista de uma luta que ceifa vencedores e vencidos.

O sangue de pessoas mortas, em violentas vidas, coalha em cantos onde já cresceram flores. Cães lambem esse chão vermelho em brasa, para matar a sede. Se pensassem, aceitariam a sede.

Quero falar de paz, mas meus olhos não têm forças para procurar o belo, pois o vermelho de teu sangue não sai de minhas mãos, não sai de minha impotência, minha voz rouca, meus versos tolos, violência que não tenho como justificar.


22.09.12
18h37.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Um de meus poemas de meu livro Álbum de Lembranças



Vontade de Voltar
(Marcos Henrique Martins)

Já escrevo sem me preocupar com os dias, com as datas, com o que o tempo pode me dar de bom, ou não. Lembro-me de quando era jovem e puro. Hoje, continuo jovem, mas com ossos que viram pó e se partem com tanta facilidade.

Não faço rimas lindas e alegres, meu punho doe quando escrevo, queima quando escrevo; cego quando escrevo ou tento escrever rimas belas.

Ó! Doce placenta onde te escondes? Por que foges de mim, não tenho nojo de te, vem e encobre todo o corpo, sei que não tenho mais lanugem, mas ainda sou teu garoto, sou teu garotinho que chora quando cai ao chão e sente fome por não encontrar mais seu cordão umbilical.

Nada é mais como antes, antes da realidade do existir.