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sábado, 29 de setembro de 2012

Espasmo




Espasmo
(Marcos Henrique Martins)


Quero poder poetar nos quatro cantos do mundo
Poder gritar um: “Puta que o Pariu!”, sem chocar os puritanos, que não se chocam com guerras que dilaceram inocentes e castram sonhos.

Quero poder poetar livre do preconceito, livre do medo dos olhos de Deus - Somos doutrinados a temer Deus, não a amá-lo -.

Quero viver livre das correntes da poesia feita em cartórios;
Quero viver livre da vida burocrática, puritana, hipócrita e camuflada em que nos encontramos. Lixo, puro lixo!

Quero poder voar, mesmo sem ter asas;
Quero poder sentir minha alma, poder tirá-la de mim, lavá-la com sabão amarelo, e recolocá-la em meu corpo; livre dos pecados que me acumulam, ao longo da existência. 

Quero poder sentir todos os sentimentos, todas às lágrimas, tudo ao extremo. Sentir sem ser censurado ou tachado de louco. Sentir sem ser morto porque não compartilho da visão do mundo dos déspotas que nos guiam para intermináveis firmamentos.

Quero poder correr;
Quero poder ter pernas;
Quero poder correr;
Quero poder dar um sentido, uma direção às minhas pernas;
Quero, quero, quero. Sempre queremos coisas que nem sempre nos servem. Mas quero.

Somos gafanhotos vorazes, somos e nada somos; apenas achamos que somos, e dessa forma, somos iludidos, a acharmos, que ainda, vivemos.


OBS.: Fiz esse poema devido a crescente violência e imposição da visão religiosa no mundo. 

"Ninguém pode obrigar um homem a ser livre".

Albert Nolan.

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