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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Mais um trechinho de meu livro, que estou reescrevendo: Lugar Nenhum - Paraíso Distópico



(...)

Mudei de cor ao ouvir a pergunta de Ainá, então não tinha sido um sonho, eu não estava louco, alguma coisa estranha tinha acontecido em meu quarto, algo que me deixou impotente em cima da cama, algo que fez meu coração acelerar ao ouvir a pergunta da Ainá.  
– Então não foi um pesadelo... Você viu o que? – disse segurando Ainá pelos ombros.
– Você tá de brincadeira, não está, Lázaro? – continuou – Quer dizer que você não viu o show de fogos de artifícios dentro do teu quarto, achei que você tivesse instalado aqueles globos que tem em festas e dão um efeito meio que de calidoscópio, jogando luzes pra tudo quanto é lado.

Ela não estava brincando, você sabe quando uma pessoa está brincando e ela, definitivamente, não estava brincando comigo, se ela fosse uma atriz ou política, eu ficaria com o pé atrás, mas Ainá não costumava brincar com coisas sereias, se ela viu, ela viu, e eu senti, eu senti.
    
– Não, não estou de brincadeira – fiz uma pausa para reflexão –. Não sei o que era. Não consegui ver o que era; apenas senti e fiquei imóvel na cama, como um sapo vivo sendo dissecado sem poder abrir os olhos.
– Você não viu aquelas luzes? – perguntou mais uma vez incrédula.
– Juro por Deus que não, Ainá – disse, com os olhos arregalados e as pupilas tremulas.
– Lázaro, você tem certeza de que não viu nada? – ela queria uma confirmação sem hesitação. 
– Juro por meus pais – falei de forma enfática. 

Ainá levou as mãos à boca e comecei a ficar ainda mais nervoso, cheguei a pensar que estava ficando louco, mas se eu estivesse ela também estaria. A única coisa que pude fazer naquele momento foi abraça-la com força e dizer, mesmo que sem acreditar em minhas palavras, que tudo ficaria bem.

(...)

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