acompanhar

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Hoje a noite eu viajo


Hoje à noite eu viajo, parto para nunca mais ser visto, minhas lembranças dolorosas são as únicas coisas que carrego, minha mala é pequena, mas minha bagagem é de peso descomunal.
Sou forasteiro da terra. Do mundo me sobrou a magoa e o choro de dor pela guerra.

A nevoa se espalha, já não posso enxergar com clareza meus sonhos, estão perdidos, estão; Não ligo.

Minha viajem já foi adiada por muito tempo, o trem não pode esperar mais, não posso esperar mais, que ansiedade brutal me corta a face, todos notam, eu não me importo, já tenho as passagens, são só de ida.
Pobre coração efêmero, pobre inferno, podre. Maldito tormento, tu se esvai agora! Não me vencestes, eu escolhi a derrota; pobre criança que chora, podre farsante, inimigo da cor que não é sua.

Eu parto e não deixo rastros, não deixo provas de minha vã existência, que dor no peito agora, e essas lágrimas que por mim rolam, me enchem de saudade desse mundo mal que me tratou tão mau, não entendo os sentimentos, o coração ou o tormento de estar vivo, se pudesse escolher, tinha nascido morto, ou melhor, não teria nem sido fecundado, no vazio a tanto espaço e eu aqui.

A viajem para o tormento me espera, tormento que ouso chamar de minha paz. Minha infância! Para te retorno, para dentro do útero de minha genitora, antes; terei que passar pelo inferno, para dar adeus a quem me acolheu por todos esses séculos.


Um comentário:

Anônimo disse...

Sim, provavelmente por isso e