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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Quantos dias mais eu serei menos?

(Marcos Henrique)

Se minha fúria poética pudesse me ajudar, pudesse me dar todo o carinho que sempre sonhei, mais o que me fez a vida? Um louco desvairado que não sabe onde começa ou terminam os dias felizes. O que eu quero é tão simples, tão lógico que não entendo, tudo que faço para ser notado se transforma numa forma de repreensão. Quantas vezes já fui julgado sem um júri sério ou justo.

Sou uma criança que nasceu sem cheiro então me entorpeço de nicotina para ter um cheiro, sem uma identidade para ser...
O que eu sou?

Pedi um afago, recebi um tapa, implorei por palavras doces, me cuspisse a cara, eu não sou como você porque não me orgulho de você, eu odeio amar você, eu odeio falar só por falar, eu odeio sentir sua falta, eu odeio chorar. Trago para esquecer que talvez não possa ganhar mais esse jogo, todos nós perdemos, todos nós ficamos estéreis.

Eu sou profano, eu sou o que de impuro sai de você, eu sou culpado por você não ter me instruído?! Eu sou culpado por teu amor?! Amor? Sou culpado por te odiar?! Foda-se! Mas me dê sua benção, não sou culpado por estar vivo, mesmo sofrendo, mesmo fingindo...

Mãe! Não me odeio por ter sujado seu útero, por ter urinado lá, não odeio meu genitor por ter sujado seu útero com seu gozo porque você também gozou, todos nós não temos culpa por termos culpa. Me cansei de culpar Deus, me cansei de matar Deus, me cansei de tudo, de todos, de meu esgoto, de minhas lágrimas com um sabor azedo, cansei de minha tosse de tuberculoso solitário com meu tesão, cansei de meu masturbar, de meu gozo solitário que trepa com o tédio.

O punhal continua encravado em minhas costas me matando cada dia mais, cada dia mais; tenho um dia a menos. Já não tenho grades e ainda me sinto prezo, se antes eu chorava por medo, hoje eu choro por estar livre e só; e a única coisa que eu sei dessa porra de vida é que eu sou apenas um garoto que sabe fumar.

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