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quinta-feira, 16 de outubro de 2014

DE VOCÊ QUERO APENAS OS ESPINHOS


DE VOCÊ QUERO APENAS OS ESPINHOS


Fique com as flores que colhi para você. Não, não me importo se as pétalas já estão murchas.

O fogo não queima mais, mas as brasas, essas malditas, ainda consomem vagarosamente meu coração tomando por pus (todo esse corpo que me encarcera).

Fique com tudo, não me devolva absolutamente nada. Não quero os sorrisos bobos, os sabores que experimentamos juntos, as danças, os sonhos compartilhados, as conversas sobre o futuro – como se houvesse um –, nossa musica ou os amigos que conhecemos. Não quero. Não quero nada que já foi tocado por você – todos te imaginam com mãos de Midas...

Fique com as festas de aniversários, os filmes baixados de forma indevida, todos os livros de filosofia que li e não entendi nada. Tudo é teu. Tudo é seu.

Fique onde está.
Fique com os sentimentos entorpecidos; com os beijos sem gosto de saliva; os abraços apertados; o calor dos corpos atrelados, tudo o que um dia me fez lembrar, agora que quero esquecer.
  
Fiques onde estás.
Fique onde não posso tocar – os poemas que angustiam e não afagam me consolam (coxa de retalho que desune).
Fique com as flores que colhi para você; com as pétalas das rosas, pois me sinto mais a vontade entre os espinhos que dentro de você. 


Marcos Martins.

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