Uma poesia antes da meia noite
Agora já posso ir
dormir.
Não me preocupa mais
o mundo, não me preocupa mais o fim da novela que todos assistiram, menos eu.
Agora já posso ir
dormir.
Não tenho mais que
tomar esses remédios que me entorpecem – esses pedaços do paraíso em capsulas
que me fazem perder o chão.
Agora já posso ir
dormir, porque sei que os moradores de rua já foram alimentados hoje – a única
refeição digna para eles do dia.
Agora já posso tirar
o “já” da poesia e ir dormir como os justos. Mas como posso dormir como os
justos enquanto os justos queima o mundo em nome de suas verdades?
Perdi o sono – o que
devo fazer?
Perdi o sono e não
quero ver TV hoje à noite;
Lerei um livro, é,
lerei um livro, mas não quero me transporta para outro mundo, já não me sinto
livre nesse que existo.
Agora já posso ir
dormir, já que nada posso fazer, a não ser fechar os olhos e torce para que
minha pequenez se agigante algum dia e o mundo seja um local melhor, cheio de
rosas a perfumar tudo e todas, absolutamente todas, estejam livres dos
espinhos.
Marcos
Martins.
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