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sexta-feira, 21 de março de 2014

Uma poesia antes da meia noite


Uma poesia antes da meia noite



Agora já posso ir dormir.
Não me preocupa mais o mundo, não me preocupa mais o fim da novela que todos assistiram, menos eu.

Agora já posso ir dormir.
Não tenho mais que tomar esses remédios que me entorpecem – esses pedaços do paraíso em capsulas que me fazem perder o chão.

Agora já posso ir dormir, porque sei que os moradores de rua já foram alimentados hoje – a única refeição digna para eles do dia.

Agora já posso tirar o “já” da poesia e ir dormir como os justos. Mas como posso dormir como os justos enquanto os justos queima o mundo em nome de suas verdades?

Perdi o sono – o que devo fazer?
Perdi o sono e não quero ver TV hoje à noite;
Lerei um livro, é, lerei um livro, mas não quero me transporta para outro mundo, já não me sinto livre nesse que existo.

Agora já posso ir dormir, já que nada posso fazer, a não ser fechar os olhos e torce para que minha pequenez se agigante algum dia e o mundo seja um local melhor, cheio de rosas a perfumar tudo e todas, absolutamente todas, estejam livres dos espinhos.



Marcos Martins.

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