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domingo, 20 de setembro de 2015

RAÍZES POÉTICAS


RAÍZES POÉTICAS

O que me resta é torcer para que meus versos possam ir mais longe que meu corpo cansado (morei a vida toda na mesma casa e agora nessa faze crepuscular ele já não é mais familiar).

Quando menino morria de medo de cemitérios, achava que ao entrar em um não conseguiria sair nunca mais – e viver com os mortos me assustava, não por todos estarem mortos, mas por não quererem trocar experiências de vida comigo.

Se um dia a morte deixasse de nos tocar seria bom? Ou toda a humanidade entraria em depressão profunda por não poder mais morrer? A indústria farmacêutica iria lucrar ainda mais com isso; psicolocos, psicanalistas e psiquiatras também, mas os manicômios viveriam lotados – mais cheios que nossas cadeias.

Preocupo-me mais em conseguir por um título descente em uma poesia do que com regras gramáticas “A língua é viva”, dizem os linguistas a plenos pulmões e alguns gramáticos de forma balbuciante.

O que me resta é torcer para que meus versos possam ir além-mar, além-mudo – meu mundo – e que possam sair de minha casinha e encontrar; e tocar almas humana; e tocar os que desaprenderam a chora, como eu desaprendi depois de descobrir que quem amamos também se vão – da mesma forma como os que odiamos. 

O que me resta é torcer para que me achem agora que já joguei as sementes nesses campos e que sejam polinizados em todos os cantos, rochosos ou não, pois já vi flores nascerem no asfalto duro das grandes cidades e sensibilizar os corações mais rígidos.    

O que me resta é torcer para que minha poesia crie raízes fortes e que toque de forma sutil todos os que ela um dia sentir.


Marcos Martins.

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