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sexta-feira, 18 de setembro de 2015

DOBRAS APRAZÍVEIS



DOBRAS APRAZÍVEIS


Por trás das pálpebras de Alexandrina vi um mundo maravilhoso, com um lindo sol a brilhar;

Por trás das pálpebras de Alexandrina senti toda a emoção em descobrir o mundo novo.

Não tive medo dos corretores de imóveis que ficavam à espreita, para iniciarem suas especulações imobiliária. Só queria curtir o momento assaz aprazível. 

Por trás das pálpebras de Alexandrina vi sonhos nascerem e não vi morte – todos os cemitérios estavam inabitáveis por lá, e os coveiros depressivos por não puderem usar suas habilidades funerárias.

Por trás das pálpebras de Alexandrina tudo faz sentido, todas as cores são vivas e as sopas de letrinhas formam frases poeticamente lindas.

Saí de trás das pálpebras de Alexandrina e não gostei do que vi. Não gostei do que senti. Não gostei da vida devoradora de vidas que presenciei - mastigadora de homens que devoram homens, num movimento antropofágico viciante e cíclico.

Saí dos olhos de Alexandrina e não sei mais como voltar, nem como terminar essa poesia assaz aprazível, devoradora de vidas de homens, maquiavélica e conflitante, como todo ser provido de consciência, que um dia habitou o melhor lugar da terra – as pálpebras de Alexandrina  pôde ter guarida. 


Marcos Martins.

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