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terça-feira, 18 de novembro de 2014

EM HOMENAGEM A MANOEL DE BARROS - Mais um inspirado no grande poeta Manoel de Barros. Um ótimo fim de ano a todo(a)s!



LÍRICO


Essas horas que não passam quando fico em ócio;
O tempo que me é imparcial, quando minha mãe me acalenta, enquanto cresço sem notar;
Os pedaços de folhas pelo chão – natureza morta que me torna vivo;
O sentido das coisas que para mim não faz o menor sentido, enquanto caminho sem tocar o chão.

As horas que escorregam por entre meus dedos e cai asfalto a afora não têm serventia em meu dia a dia burocrático, então as deixo partir e recomendo que não olhem para trás, assim não me e se apegam mais do que deviam.

O tempo não é teu amigo, 
Teus pais é que são – mas só enquanto tens inocência.

Aumento meu mundo em meus versos;
Aumento a distância entre o ser, ter e o estar – nem sempre estou, mas sempre sou e quero ter sem ter que de mim desapegar.

Em uma poesia, posso me explicar, mas não o quero fazer, pois poesia não se explica, assim como os corações enamorados – poesia não se explica –, nem as razões para se fazer o poetar. É igual ao acalento de mãe, que não precisa de motivos para se iniciar.

Essas horas que não passam quando fico em ócio;
Esse tempo que não se importa se rezo ou choro;
Os pedaços de folhas mortas que decoram o chão;
O sentido do que não é lírico para mim não tem a menor serventia em um mundo cão.

Não sinto por só saber fazer isso.... Poetar, poetar, poesia. 


Marcos Martins.

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