LÍRICO
Essas horas que não passam quando fico em ócio;
O tempo que me é imparcial, quando minha mãe me acalenta, enquanto cresço sem notar;
Os pedaços de folhas pelo chão – natureza morta que me torna vivo;
O sentido das coisas que para mim não faz o menor sentido, enquanto caminho sem tocar o chão.
As horas que escorregam por entre meus dedos e cai asfalto a afora não têm serventia em meu dia a dia burocrático, então as deixo partir e recomendo que não olhem para trás, assim não me e se apegam mais do que deviam.
O tempo não é teu amigo,
Teus pais é que são – mas só enquanto tens inocência.
Aumento meu mundo em meus versos;
Aumento a distância entre o ser, ter e o estar – nem sempre estou, mas sempre sou e quero ter sem ter que de mim desapegar.
Em uma poesia, posso me explicar, mas não o quero fazer, pois poesia não se explica, assim como os corações enamorados – poesia não se explica –, nem as razões para se fazer o poetar. É igual ao acalento de mãe, que não precisa de motivos para se iniciar.
Essas horas que não passam quando fico em ócio;
Esse tempo que não se importa se rezo ou choro;
Os pedaços de folhas mortas que decoram o chão;
O sentido do que não é lírico para mim não tem a menor serventia em um mundo cão.
Não sinto por só saber fazer isso.... Poetar, poetar, poesia.
Marcos Martins.
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