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sexta-feira, 7 de novembro de 2014

AO VENTO


AO VENTO


Hoje, tentei chorar por você, porém lembrei que não lembrava mais de seu rosto – tanto sentimento reprimido em meu peito, tanta força, dor, lamento. 

Hoje tentei chorar por você, porém lembrei que não havia mais tempo; senti uma dor em meu peito, dessas que queimam e não passa, é como um sentimento reprimido uma dor aguda, prisão, lamento.

Hoje tentei chorar por você, porém minha vida-carrossel não me tirava da rota de colisão e já não havia mais palavras, mais vocábulos, sinônimos, parônimos, adjetivos que pudesse usar – tudo secou, assim como o manadeiro do velho Chico, tudo secou.

Hoje, que dia é hoje? Isso importa? Não, não mais, pois o que importa deixou de ter importância e o agora não tem mais serventia, porque todos os dias se parecem com o ontem e o eterno retorno é uma prisão psicológica que deixa marcas profundas.

Hoje tentei chorar por você, mas você não se importa com poesia, porque sabe que não tem serventia – rimas não preenchem teu vazio.  

Hoje me libertei e não importa-me tuas lamurias, pois hoje sou um livro com páginas ao vento, que não podem ser domadas.


Marcos Martins.

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