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domingo, 16 de novembro de 2014

A TI MANOEL DE BARROS - Poesia a Barros


Poesia a Barros


Apaixonei-me por um homem de 97 anos que não foi feito de barro e sim de argila, com uma anomalia única em seu ser - ser poeta. 

Apaixonei-me pela poesia exalada de seus poros, que me colocou dentro do infinito para que eu pudesse ver, bem quietinho, o belo das coias pequenas que passam despercebidas, que se escondem debaixo das pedras que aprisionam o silêncio, que alargam os horizontes e gravam o cântico dos peixes pela manhã.

Hoje, não preciso mais de olhos para ver o sol, é só fecha-los e contemplar o calor que me aquece e me alimenta, perpassa meu corpo, acalenta meu eu.

Essa paixão foi amor à primeira frase, ao primeiro verso, e logo se espalhou por todo meu corpo, dentro de meus rios - transportadores de liquido vermelho vivo.     

Manoel de Barros, que só mente em seu poetar dez por cento, o restante inventa e cria sua poesia impar. Manoel é a poesia materializada, pulsante, viva e infinda. Uma criatura dessas não pode ter sido feita do barro – apesar de levar no nome pluralizado-, foi feito de argila, que possui profuso uso – inclusive medicinal. Manoel é isso, poesia que cura a alma, que produz vários artefatos poéticos – todas, peças únicas e insubstituíveis.

Manoel de Barros, único ser poético em tempo integral, que ficou a toa à vida toda, comprou o ócio em prol da poesia, para o bem de quem se deixa tocar a alma.



Marcos Martins.
                       

Essa poesia é uma homenagem ao Grande (com G maiúsculo) poeta Manoel de Barros, nascido à beira do rio Cuiabá em 19 de dezembro de 1916, falecido no último dia 13 de novembro 2014.

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