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sábado, 16 de agosto de 2014

Poema 86



Poema 86


Não gosto quando fico assim - sem medo da morte, entregue a sorte que nunca me fez sentir-se seguro.

Não gosto quando olho para o horizonte e apenas enxergo neblina, tão densa, sem vida. Nessas horas, apenas o silêncio do escuro pode guiar-me, me leva seguro pelas beiras do mundo sem que eu caia, então paro e espero que tudo volte a ser como eu idealizo - e não alcanço. Idealizo e nunca alcanço.

Por vezes, meus olhos não enxergam as entrelinhas do livro da vida, meus poros não absorvem as partículas de vida que são invisíveis ao olho humano. 

Meu tato, meu paladar também não sentem, porém está lá, em algum canto, bem guardado, e só posso ter fé no escuro que continua a me levar pelos precipícios do mundo, com a esperança de que não caia num vazio frio e profundo, onde a morte possa me alcançar. 

Marcos Martins.

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