Esses olhos
Não sou tão bom quanto me olham.
Esses olhos que me julgam;
que me machucam de forma silenciosa.
Não sou o messias que o mendigo julgou ser por ter lhe dado três moedas que dormiam no fundo de meu bolso;
Não sou o poeta que tem as verdades certas, para as vidas incertas - sou tão vazio quanto um verme -.
- Não. - Essa foi a primeira palavra que aprendi, antes mesmo de aprender a andar e a sorrir.
Não sou tão bom, melhor, não sou bom, sou uma fraude, uma fraude que precisa passar verdade, que precisa dizer aos outros o que ninguém mais consegue. E isso me causa ulceras.
Não quero que tenha pena de mim;
Não quero que tenha simpatia por mim, nem antipatia, nem nada, apenas me deixe fingir tentar.
Mas sabe o que quero?
Quero poder fazer Fabrícia sorrir;
Quero poder tocar Fabrícia, sem quebra-la, e fazê-la sorrir para mim;
Quero que Fabrícia saia de minha mente, de minhas idealizações e passe a existir.
Não sou tão bom quanto me olham.
Esses olhos que me seguem;
Esses olhos que, quando querem, me ignoram.
Marcos Martins.
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