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sábado, 25 de janeiro de 2014

Encômio ao ócio



Encômio ao ócio



O relógio avisa-me que são 10 horas da manhã e eu aqui deitado, deitado em meu ócio. Não sinto vontades, nem as fisiológicas, que o amanhecer nos trás, apenas ócio. Fecho os olhos, sinto os olhos a mexerem de um lado para o outro, de um lado para o outro. Contemplo o escuro com toda sua calma, sabedoria e cumplicidade.

O relógio me avisa que são 11 horas da manhã. A cama esquenta, meu quarto esquenta, meu corpo está frio. Terei morrido? Não quero mexer-me para ter certezas. Concentro-me e o ouço o tic, tac, tic, tac. 11 e meia. Não tenho animo, apenas ócio.

Elevo meu pensamento para longe, para bem longe de tudo. Meus quadris doem um pouco, tanto tempo deitado, tanto tempo a refletir sobre tudo, sobre o nada, meu existir, o existir dos outros, das coisas, o fato de EU existir, do Ele existir, o sentido da vida que quero dar a outras pessoas, por não conseguir ter um sentido em mim.

Levantei.

Comi, mas permaneci com fome
Bebi e continuei com sede
Sorri, porém por dentro não me alegrava
Vivi triste com a vida que levava.

Há dias em que existo
A dias em que existo
Adia meu existir.

Por vezes, me tranco mim
Por vezes, deixo meu ócio por meus ossos entranharem-se dentro de todos os questionamentos que vivem mim.
Louvo o ócio
Louco ócio
Ócio, contraditório, que me faz produzir. 



Marcos Martins.
 

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