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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

A VIDA TODA



A VIDA TODA

Quem deixa o ventre materno sempre vai sentir saudades de casa, de um tempo que ficou marcado, não só na mente, mas em todo o corpo; tatuado na alma.

O ventre é o céu, o paraíso que Michelangelo nunca ousou pintar.

Quando faço nascerem meus versos, sinto que saem de meu ventre e com a ruptura um trauma se forma, pois nem sempre os versos, a poesia está pronta para ao mundo, porém, como pai zeloso que sou, finjo ser mais forte, finjo não chorar – mas choro as escondidas – e as protejo com a vida.

No ventre, não temos problemas, não desenvolvemos transtornos, há apensa calmaria, segurança, paz. É Assim que deve ser.

Quando fui expulso do ventre que habitava, chorei feito um louco porque sabia que terreno pedregoso iria pisar.

Quando deixei o ventre, vi que apenas os poemas que cultivava poderiam me salvar de toda a sandice que os homens de boa fé iriam impor-me há vida toda.

Marcos Martins.

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