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terça-feira, 18 de outubro de 2011

Enterrado com os sentidos ativos (do meu livro Clamor)

Não consigo mexer meus ombros, está tudo escuro, tão escuro...

Não posso respirar ou me levantar, o que está havendo? E todos esse vermes que me devoram e vomitam em mim.

Aqui é frio e úmido. Quanto excremento repousa em mim;

- O que eu fiz meu Deus?!
- O que eu fiz para ficar assim?!

Vejo uma luz lá longe, sinto que posso ir até lá, mas temo, temo que lúcifer esteja guardando a porta, guardando meu lugar, talvez tenham demônios esquentando meu lugar e a imundice de seus corpos irão me tocar e me devorar.

Filosofia de cemitério, maldita filosofia! Já posso enxergar, vejo um rosto tão belo, um semblante triste e ao mesmo tempo belo, quero lhe tocar mais que tudo. Quero senti-lo.

Quando clamo pelo nome de Deus ele chora sangue, sinto pena e desejo em lhe consolar. É tão mitológica a face de lúcifer, a forma que nos é ensinada. Quando o vejo só me vem pena no pensamento. Expulso de casa, agora vaga livre e ao mesmo tempo prezo, eu lhe sinto, mas percebo que não sou como ele, não minto como ele, nem faço tentações, não sou um servo fiel, mas mesmo andando, mesmo que de longe de Cristo eu o sigo.

Lúcifer me perdoe, mas não posso atravessar as portas que guardas para mim, continuo aqui, prezo, continuo aqui em meu sepulcro esquecido, te desejo do fundo de minhas víceras paz de espírito.

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