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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Última parte do conto - Contos e Retalhos




A fada dos dentes ri – Vejo que cresceu, ficou lindo e engraçado, porém sinto muito fizemos um acordo além do mais se você se tornar astronauta quem me garante que, em uma de suas viagens especiais você não volte nunca mais e eu perca suas jóias – fala se aproximando da cama e tocando o pé de Pedro com uma mão tão fria quando a de um defunto, fazendo Pedro se arrepiar todo.

- Você não poderia me dar mais um tempo – continua Pedro tentando convencer a fada lhe dar mais tempo ou quem sabe desistir de seus dentes – eu não tenho dinheiro para comprar dentes novos e dessa forma como vou conseguir arrumar uma namorada?

- Sinto muito, mas temos um acordo e preciso dos seus dentes para continuar visitando mais pessoas – a fada se aproxima ainda mais e toca a coxa de Pedro.

Pedro a olha bem nos olhos como se estivesse hipnotizado, a fada se aproxima mais e de súbito Pedro reage, pega o canivete o arma e passa no rosto da fada num golpe certeiro. Com o golpe a fada se afasta e da um grito fino de dor que logo se transforma em gargalhada.

- Você acha que essa faquinha pode me ferir?! – diz a fada com um ar de deboche – Você é mesmo um imbecil! Me dê logo esses dentes moleque, pois estou morrendo de fome – fala a fada que se transforma num ser asqueroso, suas asas que antes se pereciam asas de borboleta se transformam em asas de morcego e seu rosto antes belo como um entardecer na praia fica desfigurado, seus dentes se transforma em prezas disformes, suas mãos ressecadas e enrugadas agarram as pernas de Pedro para tentar imobilizá-lo.

- Socorro! Pai! – grita Pedro desesperado.

Carlos acorda meio desorientado, escutando bem distante o chamado desesperado de seu filho.

- Pai! Pai! Socorro – Continua Pedro com a perna sangrando, as unhas da fada dos dentes o machucam com violência.

Carlos se levanta de uma vez só meio tonto – Muleque! – continua Carlos coçando a cabeça e assanhando seus cabelos.

Os gritos continuam e então Carlos desperta por completo – Pedro!? – diz Carlos e corre para o quarto do filho, o corredor parece mais longo do que antes, os gritos ficam mais altos e Carlos se desespera.

Aporta do quarto está fechada, Carlos arromba a porta com um chute, nem mesmo o velho Carlos imaginava ter tamanha força e para sua surpresa seu filho está todo ensanguentado morto deitado na cama.

- Pedro! Pedro! O que aconteceu meu Deus?! – grita Carlos abraçando o corpo do filho, ele não percebe, mas não está só no quarto.

- Valeu apena esperar todo esse tempo – diz a fada dos dentes se deliciando com sua refeição “os dentes de Pedro”, todos os dentes.

Carlos olha em direção ao guardaroupas do filho e para sua surpresa agachada bem distraída com sua refeição a fada nem nota Carlos a li olhar.

- Quem é você? O que é você!? – pergunta Carlos em choque.

A fada dos dentes se vira para Carlos e com um sorriso de satisfação, lambendo os dedos, se deliciando com a refeição que acabara de fazer.

Carlos olha ao redor do quarto e a única arma que consegue acha é o canivete suíço presente da mãe de Pedro.

- O que você fez sua maldita coisa?! – grita Carlos apontando o canivete para a fada que da uma gargalhada gelando a alma de Carlos.

- Agora ele é seu filho? – continha a fada – eu sou a prostituta que você queria dar de presente ao garoto, só que... – a fada olha para Carlos e volta a se transforma no ser asqueroso que aquele semblante belo esconde - ... Eu cobro antecipado e os dentes de Pedrinho eram tão lindos que não resisti, tive que come-los.

- Seu maldito demônio! Eu vou te matar – grita Carlos e parte para cima da fada, mas como a uma mosca Carlos é lançado ao chão.

- Humano idiota! - continua a fada – não sou um demônio, mas você é uma anta, anta não que é um animal inteligente apesar de sempre compararem um humano idiota feito você a um animal tão inteligente, é uma ofensa ao animal.

- Eu vou matar você, não importa o tempo, eu vou te destruir! – grita Carlos apontando o canivete para a fada que o olha tranquilamente.

- Você acabou de se incriminar estúpido – continua a fada – eu usei esse canivete para arrancar minha refeição da boca de seu filho, e como não tenho impressões digitais, que pena; você é quem vai pagar o pato pela morte do muleque.

- Eu vou acabar com você! – grita Carlos com ódio nos olhos.

A fada olha para Carlos com um olhar de superioridade – estou lhe esperando quando quiser seu trouxa, se pelo menos ele tivesse podido aprender a andar de bicicleta. Vamos ser sinceros era linda aquela bicicleta que eu dei a ele não era?

Como que por mágica a fada some após revelar o segredo de Pedro, Carlos fica atônito, ele não podia acreditar.

- Não, não, não; não!

Passos rápidos são ouvidos na casa – Pedro? Carlos? – uma voz um pouco aflita chama pelos homens da casa.

É a mãe de Pedro, ela conseguiu uma folguinha para comemorar o aniversário do filho e vinha com um lindo bolo para o ele, mas seu coração de mãe ficou apertado o dia inteiro como que prevendo algo de ruim que iria acontecer.

Sandrea entra no quarto já esperando o pior, ao ver o corpo do filho sem vida em cima da cama todo ensangüentado larga o bolo e começa a gritar. Carlos está no canto da cama, sentado com o canivete na mão e se balançando, ele não fala coisa com coisa, apenas se balança de um lado para o outro batendo com a cabeça na parede do quarto de tal forma que já começa a sangrar.

- O que você fez Carlos!? – grita Sandrea segurando Carlos pelos ombros e o sacudindo.

- Meu menino, meu... Ele só queria andar de bicicleta Sandrea – continua Carlos desnorteado – ele era um bom menino, ele era...

- Carlos! Carlos! Olhe para mim! – continua Sandrea pegando o rosto de Carlos e levantando-o para que possa olha para ela – O que você meu; Deus!?

Carlos respira fundo e olha para Sandrea com lágrimas nos olhos – Eu o amava Sandrea, eu o amava – Carlos larga o canivete o começa a chora.

Sandrea fica sem entender, tenta se recompor, olha para o filho ali, jogado sem vida na cama e sai do quarto, Carlos se estica para tentar alcançar as pernas de Sandrea, mas não consegue. Ele liga para a polícia.

- Alô telefonista eu quero registrar um assassinato em minha casa – continua Sandrea com uma voz hora segura, hora vacilante e os olhos marejados.

- De quem senhora? Meu filho. Meu marido o matou.

Fim.

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