Eu
(Marcos Henrique)
(Marcos Henrique)
Vísceras podres;
Olhos sem pálpebras;
Lar e saudade de uma casa que nunca estive.
Dos frutos que colhi só os podres me tiveram serventia, mataram minha fome, me matando a alegria.
Um sorriso que me dói ao lembrar, que sorri em demasia por demência, e hoje sei que naquela época esse mau já me acometia.
Saudade da vida, de minha alma alegre que está morta, que está decrépita numa caixa qualquer.
Palavras doces de conforto, não me servem mais, me tornou diabético, os analgésicos que engulo; não me entorpecem mais.
Sonhar e não concretizar seus sonhos é pior que morrer que apodrecer no inferno. Nos olhos de Deus, não sou mais visto, não sou mais eu.
O que sou?
Uma ovelha sem pastor?
Predador, sem presa?
Alteza, sem realeza?
Criatura, sem criador?
Já fui alma tão pura, hoje, sou escuridão, sou podre, azedo, dejeto, vômito de tuberculoso, eu sou o toque do leproso, ânsia que não passa; dia que não nasce; chuva que não vem. Eu sou só, só; eu.
Minha fé tornou-se mínima, é horrível, mas é que sou. Um sozinho entre amigos, que esconde sua dor.
Todas as palavras difíceis de serem pronunciadas são como eu, sem serventia.
O que sou?
O Que sou?
Lágrimas amargas rolam por minha face, caem no chão, inundam meu quarto, mas não me afogam; isso me atormenta ainda mais.
Pedi uma luz e a escuridão se fez presente;
Pedi ajuda. Nenhuma mão;
Pedi paz. Silêncio e ócio.
Sei o que sou, sou só, eu.
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