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sábado, 6 de junho de 2015

Do instinto


Do instinto


Olhos que não posso roubar;
Lábios que não posso tocar;
Corpo que não posso desejar.

És doce – sem nunca ter te provado;
És rosa bela – com espinhos para mim machucar;
És tudo – sou mínimo.

Teu sorriso quero guardar em minha caixa de pertences valiosos, para que sempre que a solidão me abata possa contemplá-lo (De todos os quereres que um ser pode desejar, escolho o que não posso almejar).

Olhos perolados sempre a mim fitar;
Lábios carnudos que nunca ei de provar;
Corpo labiríntico que nunca poderei desvendar.

Perco-me em teu sorriso;
Prendo-me em meu racionalismo.
Sou apenas um só sem rumo, sufocando esse rubor no peito aberto em prantos que em vão tento abafar.

Olhos, doces olhos;
Lábios, desejáveis lábios;
Corpo, absintico corpo.

Desejos que não cessam;
Desejos que me cercam;
Desejos que não ouso confessar.

Razão! Entorpecem-me a vontade do instinto.


Marcos Martins.

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