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segunda-feira, 25 de maio de 2015

Uma poesia turbulentamente normal





MUNDO TURBULENTAMENTE NORMAL


É hora de voltar ao mundo turbulentamente normal, onde sonhos são apenas sonhos e nada mais; onde vidas são apenas números e nada mais; onde a natureza selvagem fica cada vez mais domesticada em nossas cidades sitiadas.

É hora de voltar ao mundo moderno, onde podemos seguir com nossas superstições e queimar algumas bruxas, para não perdermos o hábito da superstição.

É hora de voltar ao mundo, ó mundo. O mundo que está doente, que adoecemos, que pisamos e nos importamos sem nos importar realmente. 

É hora, sempre é alguma hora para se fazer algo, algo que nunca alcanço, mas tudo bem, pois tenho amigos para rirem de minhas piadas fracas, de minhas roupas gastas, de minhas ideias medianas, de meus pertences que não me pertencem –  nada nunca me pertenceu de verdade.

É, é hora de voltar, de voltar para onde?

É bom, é bom existir, mesmo que por vezes não faça nenhum sentido para mim;

 É bom, é bom existir e saber que podemos levar nossos erros para a sepultura sem culpa alguma, pois os vermes não são puritanos;

É, é bom saber que tudo um dia termina, que o dinheiro termina, e que o mundo continua cada vez mais ensurdecedor, e que os sonhos são apenas sonhos, e que os risos são apenas risos, e que os perdidos fingem se encontrar, e que os líderes fingem se importar.

É hora de seguir nessa estrada turbulenta, com todo o meu afã.


Marcos Martins

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