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sexta-feira, 23 de maio de 2014

A moral das coisas, ou não




A moral das coisas, ou não


Hoje à noite eu me encontrei com minha morte e meu espírito estremeceu. Ela me pediu um copo de água, perguntei-me: "Para que água?" Então como se tivesse lido meus pensamentos e pudesse ver todas as minhas dúvidas me respondeu: "Quero lavar tua alma".

– Lavar minha alma? - questionei.

– E saudades.

– Saudade de mim? 


– Claro,  mesmo sabe que não tens mais alma e és oco.

– Não tenho, a vendi, sou oco? Mas se minha alma não vivi mais comigo, então não lhe tenho serventia.

– Eu sei. Você a vendeu numa noite de devaneios, mas queria lhe ver mesmo assim.

Só após aquelas palavras me toquei que não tinha mais alma.


– A vendi? Como assim? Quer dizer que a vendi ao diabo?

– Não, pior que isso. (a coisa era mais seria do que eu imaginara)

– Pior? O que poderia ser pior que isso?

– Você a  vendeu a um banco.

– Um Banco? Impossível! - questionei.

– Também achava, pelo menos até ela ter que dormir num cofre escuro e frio.

– Qual foi o banco?

– E isso importa?

– Claro que importa, porque quero recupera-la.

– Não pode mais.

– Claro que posso!

– Não, não pode, porque hoje você vai chorar a sua morte e não haverá um final feliz para nós dois.

Moral da história... Porque tudo tem que ter uma moral se somos tão imorais na maior parte de nossas vidas?

Histórias imprecisas, contos inimagináveis
(Marcos Martins)

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