A língua me dá medo
(Marcos Henrique)
(Marcos Henrique)
Me chamo nirvana, vindo do fim para ser o começo do nada, escrevo, não leio palavras. Escuto palavras, me magoam as palavras.
A língua me dá medo, como o que fere tanto nos dá tanto prazer na hora do beijo? Eu falo, beijem sem língua e amaram para sempre.
Sou nirvana, no fim serei o começo de tudo, de todos; o dono do jogo, a roleta russa, os escudo trincado, os rins paralisados.
Não usem a língua, não deliram, sejam livres, sem receio da liberdade, sintam, gozem do gozo da vida, que acaba tão rápido.
Não sou nirvana, não sou começo, não vi o fim só quero um beijo de língua para mim. Com todo o veneno, não me importo se só for assim.
Sem medo eu creio, no que anda está por vir. Na língua sem beijo, não creio que seja assim.
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