Recolhe teus restos
Recolhe teus restos mortais moleque!
Hoje é dia de suicídio!
Não vê que passam os urubus por longe, tão perto do peito materno sem leite ou afago. Recolhe teus cacos menino sem rosto, com dor do mundo e um olhar de tolo. Sem pernas, sem asas, sem nada se abafa cortinas rasgadas e boca tão murcha.
Recolheu teus restos, moleque asqueroso! Que hoje é dia de suicídio! Pros tolos que rodam a noite sem nenhuma pretensão de ser feliz. Te aclama seu bobo! Que sonhar é para poucos, por isso não basta ficar com a enxada fazendo essas covas que mal cabe meu corpo.
Te acalma menino sem rosto, ainda tens tua alma que é doce e ingênua, igual aos cabelos dos anjos que rasgam o céu sem estrelas de noite sem lua com asas sem paz.
Te aqueta maloqueiro! Que hoje é dia de suicido! Pros loucos que riem sem medo do ontem que foi-se tão cedo, sem medo do hoje da morte que ronda as casas tão cheias do nada.
Se deixa seu besta! Se deixa levar por essa brisa de suicídio, pois, hoje é dia de risos frouxos.
Esse poema foi um homenagem ao escritor Raimundo Carrero e a seu conto "Hoje é dia de Suicídio."
Marcos Henrique.
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