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segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

SURREALITÉ



SURREALITÉ 



Estou sonhado... Estou acordado... Estou sonhado. 
Estou existindo dentro de um quadro pintado com tintas frias.

As mãos não servem apenas para criar;
(Servem para expor o mal nos homens)
As mãos não servem apenas para tocar; 
(Servem para castrar sonhos).

Ó, doce amuleto que para mim não tem serventia, pois sou um cético incorrigível que ao observar o sol – esse astro rei imponente – vê apenas algo queimando num lugar sem oxigênio, não o belo de algo que nos aquece o corpo e dos poetas o coração.

Estou andando e não sinto minhas pernas – que já não são mais minhas;
Estou dormindo e não consigo mais sonhar – cérebro que não me dá condições de divagar em terras férteis;
Estou vivendo morto por dentro; 
Estou destruindo o castelo que construí para morar.

Ao contemplar o céu na noite calma ou de tormenta, não vejo estrelas, vejo apenas pontos tristes – lágrimas amargas –, lembranças secretas que o presente não pode tocar.

Estou sonhando... Estou acordado... Estou chorando... Estou sem estar.  


Marcos Martins.

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