SURREALITÉ
Estou sonhado... Estou acordado... Estou sonhado.
Estou existindo dentro de um quadro pintado com tintas frias.
As mãos não servem apenas para criar;
(Servem para expor o mal nos homens)
As mãos não servem apenas para tocar;
(Servem para castrar sonhos).
Ó, doce amuleto que para mim não tem serventia, pois sou um cético incorrigível que ao observar o sol – esse astro rei imponente – vê apenas algo queimando num lugar sem oxigênio, não o belo de algo que nos aquece o corpo e dos poetas o coração.
Estou andando e não sinto minhas pernas – que já não são mais minhas;
Estou dormindo e não consigo mais sonhar – cérebro que não me dá condições de divagar em terras férteis;
Estou vivendo morto por dentro;
Estou destruindo o castelo que construí para morar.
Ao contemplar o céu na noite calma ou de tormenta, não vejo estrelas, vejo apenas pontos tristes – lágrimas amargas –, lembranças secretas que o presente não pode tocar.
Estou sonhando... Estou acordado... Estou chorando... Estou sem estar.
Marcos Martins.
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