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domingo, 27 de dezembro de 2015

O CORAÇÃO É TEU INIMIGO



O CORAÇÃO É TEU INIMIGO 



Não escuta teu coração – esse verme que engana até o mais cético dos céticos.
Não, não escuta esse órgão demoníaco que só serve para nos enganar.
O cérebro, esse sim, é um amigo verdadeiro que não te trai não te leva a abismos infinitos.

Não, o coração não é um bom lugar para se estar em noites de chuva, em noites com luar, prefira um café quente ou dançarinas de cancan, nunca esse órgão a lhe esmurrar.

Não, não queira ter amizades com ele, não lhe dê liberdades, nem regalias, queira distância, não o cumprimente pela manhã, deixe-o fazer seu trabalho e só.

Quem quiser ter um dia péssimo se socialize com esse sujeito, por isso eu digo, reafirmo e reafirmo: Não escuta teu coração, porque ele te leva a lugares perigosos, a pistas sem faixas para pedestres ou semáforos, a tormentas que não findam.

O coração foi inventado para que nos sintamos sós. Deus poderia ter colocado um relógio, uma pedra ou um caroço de manga em nosso peito, mas não, preferiu esse músculo que nos esmurra por dentro. 

O coração é meu pior inimigo;
O coração é o que de mais temo dentro dos meus extintos;
O coração, esse lugar desprotegido que me faz agonizar nas noites só de domingo.
Coração, coração, coração, inimigo que me habita, inimigo que me mutila, inimigo da razão.

Marcos Martins.

domingo, 20 de dezembro de 2015

É APENAS POESIA


É APENAS POESIA


Não se assuste querida é apenas poesia.
Não, não tenha receio de me dar à mão e juntos pularmos por sobre a lua.
Não tenha medo querida é apenas meu Eu lírico gritando essas coisas sem sentido, dizendo que está morto e se sente vivo apenas quando está dormindo.

Não, não sou a poesia que escrevo, mas sinto dor, medo e tenho lampejos, mas é tudo controlado – assim como os parnasianos faziam.
Não quero uma bebida, se bem que um bom vinho cairia bem.
Não se assuste querida é apenas a poesia saindo de meus poros. Sim, o poeta é um fingidor, mas a dor é deveras que respingar na alma.

Não sei por que meus dedos doem, não sei por que escrevo se poesia não é lida e se ninguém quer lançar um poeta vivo.

Tudo bem vou ter cuidado ao atravessar aquela rua sem semáforo, prometo olhar.
Não posso deixá-lo ir, onde ele habitaria?

Não amo mais meu Eu lírico que você querida, mas é de cumplicidade que estou falando, não de fluidos.

Tenho que continuar escrevendo, não importam os motivos, não sou eu é meu Eu lírico.

Não sei como vai terminar essa poesia e para falar a verdade não me importo, pois o que importa é fazer nascer à poesia, nada mais importa.


Marcos Martins.