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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Lembranças e recordações de ontem





Não percebia, mas era um feto, não notava que seria concebido.

Já se fazia um ano e não tinha noção que estava vivo.


Uma infância linda, um sorriso maroto, rosto corado, paz de espírito.

Aos dez, era puro, aos dezesseis era tolo, aos vinte, esperançoso e agora o que me resta?


Das brincadeiras, que vivi - mau me sobram lembranças - dos amores que senti, só ficou lembranças mortas e lágrimas que me afogam nesse mar de lembranças frigidas que me mutila, me engole e depois me cospe, como fez minha esperança.


O crescer pode ser belo, mas pode ser também só, doloroso e marcante como o ferro que fere o coro do gado ou um poema inacabado.



Marcos Henrique.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Quantos dias mais eu serei menos?


Se minha fúria poética pudesse me ajudar, pudesse me dar todo o carinho que sempre sonhei, mas o que me fez a vida? Um louco desvairado que não sabe onde começa ou terminam os dias felizes.

O que eu quero é tão simples, tão lógico que não entendo, tudo que faço para ser notado se transforma numa forma de repreensão. Quantas vezes já fui julgado sem um júri sério ou justo.

Sou uma criança que nasceu sem cheiro, então me entorpeço de nicotina para ter um cheiro sem uma identidade para ser...

O que eu sou?

Pedi um afago, recebi um tapa, implorei por palavras doces, me cuspisse a cara, eu não sou como você porque não me orgulho de você, eu odeio amar você, eu odeio falar só por falar, eu odeio sentir sua falta, eu odeio chorar. Trago para esquecer que talvez não possa ganhar mais esse jogo, todos nós perdemos, todos nós ficamos estéreis.

Eu sou profano, eu sou o que de impuro sai de você, eu sou culpado por você não ter me instruído?! Eu sou culpado por teu amor?! Amor? Sou culpado por te odiar?! Foda-se! Mas me dê sua benção, não sou culpado por estar vivo, mesmo sofrendo, mesmo fingindo...

Mãe! Não me odeio por ter sujado seu útero, por ter urinado lá, não odeio meu genitor por ter sujado seu útero com seu gozo porque você também gozou, todos nós não temos culpa por termos culpa. Me cansei de culpar Deus, me cansei de matar Deus, me cansei de tudo, de todos, de meu esgoto, de minhas lágrimas com um sabor azedo, cansei de minha tosse de tuberculoso solitário com meu tesão, cansei de meu masturbar de meu gozo solitário que trepa com o tédio.

O punhal continua encravado em minhas costas me matando cada dia mais, cada dia mais; tenho um dia a menos. Já não tenho grades e ainda me sinto prezo, se antes eu chorava por medo, hoje, choro por estar livre e só; e a única coisa que sei dessa porra de vida é que eu sou apenas um garoto que sabe fumar.


Marcos Henrique.

OBS.: Esse poema é uma homenagem a um grande amigo que não se entendi com sua genitora.
Infelizmente muitas pessoas não têm o privilégio de sentir amor de família

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Feliz Natal!!!



Época em que estamos tão sensíveis e alegres...

...que contagiamos a todos,
e que podemos refletir sobre nossos verdadeiros amigos.

Fazemos um balanço de nossas vidas,
somamos todas as alegrias,
e subtraímos as tristezas.

Gostaria que nessa noite de confraternização,
nossos relacionamentos, se estreite ainda mais,
e que nossa amizade, que perdure para sempre.

Ter você como amigo, é uma dádiva,
sua companhia nos momentos mais difíceis,
faz tudo ficar mais leve.

Que o seu Natal, seja repleto de alegria e paz,
sinceramente é o que eu desejo e todos.

FELIZ NATAL!

Marcos Henrique

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Trecho de meu livro: Gol de Mestre


Em 1994 ouve a copa mais esperada de todas, seria ela aquela que transformaria o Brasil no primeiro país do mundo a se tornar tetra campeão mundial. Todos só respiravam futebol.

“Quase todos”.

Gol de Mestre ©

2002, Marcos Henrique, todos os direitos reservados.

Proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem o consentimento do autor.



Gol de mestre

Marcos Henrique



<...10 dias antes...>


Marcos caminha pelo corredor da penitenciaria com um sorriso no rosto é seu último dia na cadeia, ele está livre. Vozes eufóricas se misturam no corredor.

- É isso ai marcos você conseguiu!
- Juízo garoto! Cuidado lá fora!
- Vê se não volta cara!

Um policial com cara de poucos amigos vai levando Marcos até a saída.

- Cinco anos em cara, vê se toma juízo e não invade mais nada, mas uma coisa, eu tenho que admitir, você deixou aqueles gringos doidos quando fudeu com bolsa de valores deles – disse o policial com cara de poucos amigos que levava Marcos até a saída.


- É, mas me aposentei, hoje sei que o capitalismo vai salvar o mundo - responde Marcos.

- Quem está te esperando do lado de fora é seu primo Ricardo?

- É sim – responde Marcos.

- Cuidado, Ricardo é um ladrão de carros filho da mão, não se junto a ele, isso ainda vai acabar te fudendo.

Ricardo o espera do lado de fora da cadeia, num carro lindo, porém roubado.

- Vamos nessa cara, você tá livre agora – diz Ricardo para Marcos pegando suas coisas e colocando no carro.

- Como Vai Ricardo? – pergunta o policial.

- Estou ótimo – responde Ricardo com uma voz cínica.

- O pessoal aqui sentiu sua falta – diz o guarda, com certa malícia.

- Meus amigos devem ter sentido, sim, muita falta minha – fala Ricardo se referindo aos presidiários.

- Não estou falando de seus amigos perdedores – continua o guarda – estou falando de meu pessoal.

Ricardo dá um sorriso amarelo – vamos nessa primo, temos muito o que fazer ainda hoje.

- Lembre-se do que eu te falei Marcos, não deixe sua vida ser uma bosta, andando ao lado desse deliquente.

- Não se preocupe guarda Belo, vamos todos ficar bem – fala Ricardo pegando as coisas de seu primo.

- Marcos, lá fora vai ser mais difícil agora, mas não desista, você não é uma má pessoa – fala o policial tocando o ombro de Marcos.

- Obrigado. Eu vou me cuidar - diz Marcos apartando a mão do policial e se despedindo.

Ricardo começa a ficar impaciente, ele não gosta de prisões, mas vive na corda bamba e por pouco não passa uma temporada em uma.

- Vamos logo cara, cê quer ficar aqui pra sempre, servindo de mulher pros presos? – fala Ricardo num tom irônico

Marcos se despede do policial, entra no carro e pela primeira vez, depois de muito tempo, respira um ar tão livre quanto ele.

(continua...)

sábado, 11 de dezembro de 2010

Poema de meu livro Eu, meu corpo & Minha Poesia



Jaboatão, triste dia, ano importuno.


Cada dia mais perto, mais próximo, já me falta vontade para escrever, já me falta vontade de viver, como queria chorar de alegria, chorar de tristeza não mais me alivia.

Os últimos passos de um homem...

Para mim a inspiração sempre veio em forma de depressão, agora só há depressão, acho que minha alma vai se perder em meu corpo (labirinto). Não quero mais lutar, vem morte! Vem me buscar! Faz-me o bem que eu não me fiz.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Como eu escrevo, ou não


Um amigo me falou certa vez, que às vezes não entendia muito bem o que minha pessoa queria dizer, mas que sentia alguma coisa quando lia meus poemas em prosa, eu disse, mais é isso mesmo o que eu quero com meus versos, quero que as pessoas sintam alguma coisa, independente do que seja não importa a sensação, o que importa é que sinta, sinta alegria, tristeza, ranço, ódio, amor, dúvidas, viagem mesmo, para qualquer lugar, de dentro para fora.

O finado lidar do Nirvana, Kurt Cobain, certa vez falou: Toque sua guitarra, bata como se fosse um tambor. foi mais ou menos isso. O que ele queria falar com isso? Acho que ele quis dizer, coloque para fora todos os seus demônios, assuma as rédeas de sua miserável vida e faça valer a pena para você, se encontrar no caminho pessoas que compartilham do mesmo ar poluído que você, que bom, pois você não está só e terá mais razões para ser você e fazer sua arte, isso ninguém pode tomar de você.

Então é isso, acho que é isso, talvez seja isso, o que importa? O que importa é que você pode ser você quando escreve e pode dizer ao mundo: foda-se ou gosto de sua companhia e do jeito que você dorme. Entenderam? Não? Que bom, esse é meu mundo, entre sem bater.


Porque coloquei tudo isso nessas linhas tortas? Não sei, só queria externa, o que estou sentindo agora.

Eu escrevo em devaneios, pois a técnica me entendia e me deixa brocha. Que Flaubert me perdoe, mas Bukowski era bem mais foda, pois dentro de todos nós, sempre há um velho safado querendo espirrar em nossa cara e apalpar nossos escrotos e vulvas.

As pessoas dizem que a arte de escrever é uma coisa solitária, masturbação também é, mas é tão prazeroso, não?

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Um castelo;
Dois castelos;
Três castelos;
Quatro, cinco, sete, melancólicos castelos, onde virgens princesas não podem se masturbar e vivem a desejar um príncipe que nunca vai chegar, pois está na taverna, onde lindas mulheres mostram suas anáguas e o que tem por baixo delas, nenhum homem ousa não tocar [...].

...Quero o que você deixo para trás, quero de todo o mais, menos, de todo o mau, o melhor veneno, arte fraca e roca que é meu poetar [...].

Um saco bem fundo me ajudaria agora nessa hora tão triste que foi o acordar [...]

Levanta e vai viver! [...]

Os dias não importam, nunca importaram, apenas tiram o que de mais precioso nós temos, nossos amores, e em troca, nos deixam rugas, que hoje só servem para fazermos empréstimos consignados e tomar conta de netos que no futuro serão desajustados, por nossa falta de dizer “não”.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Felicidade

(Marcos Henrique)


A chuva radioativa cai lá fora e eu aqui dentro não posso ir embora, meus pulmões estão com pus, mas eu não pus a culpa em você.

A radiação clareia tão bem a aurora, quase vejo os corpos queimados, só sinto o cheiro de corpos sem formato, ouço os gritos de agonia como um badalar de sinos me estourando os ouvido que já sangram.

As crianças choram porque nascem vivas. Tantos cabelos caindo pelo chão. Um olho olha para mim sem dono, quem perdeu a visão? Quem apertou o botão? Meus dentes caem pelo chão, minhas feridas não saram; estou bem, estou tão feliz, meu filho nasceu morto.
Não sei porque, mas acho que a terra chora, não sei se Deus se foi ou se nós o mandamos embora, não choro mais; estou tão feliz, minha mulher morreu, só falta eu agora.

Não a mais comunicação! Somos tão iguais agora; estão todos como eu, podres por dentro e podres por fora, que sorte a nossa, á morte vem e nos consola.
Estou tão feliz, sinto que vou morrer agora.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Niilismo

(Marcos Henrique)



Os dias são dias?
As horas são horas?
A loucura por acaso é o paradoxo entre Deus e o nada?
Que é o nada? Ele existe?
Poucas coisas são pobres pensamentos?
A sociedade para que serve?
Qual sua função social verdadeira?
O fanatismo, a vida, doces sobre a mesa, bolo que espera esfriar para ser degustado, qual a diferença entre essas coisas? Qual lei do raciocínio impera em raciocinar?

A verdade incondicional é mentirosa, não existe!

sábado, 4 de dezembro de 2010

do Livro Inspiração de Terceiros




V ato

Ignoro-me, sou tão louco, sou tão compulsivo, tolos!
Não há intrigas, não há discórdia em mim; sou meu próprio amigo moribundo que espera atenciosamente.

Justas essas frases insolentes não são, insolência também não. O fruto que tanto busco, ficou podre de tanto me esperar, não posso voltar, minha sentença já me foi dada.

Sou louco?

Sou louco!

Tolos, não!
Marcos Henrique.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Você teme?

(Marcos Henrique)


Eu paro e ouço por uns minutos o som do silêncio me cortar, me incomodar. Não quero.

Ouço os gritos dos cristãos, não ouço os mortos, não ouço a voz celestial, gostaria de ouvi-las, mesmo que para me repreender, mesmo que para me desdizer.


Os cemitérios são tão úmidos e o cheiro da morte fica cada vez mais forte, sufocando, queimando as narinas.

Quando se sente às células morrerem, notasse a impossibilidade que o egoísmo nos oferece.

Quando se sente eu temo, vocês temem?

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Os heróis estão no chão


Os heróis estão no chão


Deus está zangado comigo, por termos esgotado seus pedidos;
Sua cruz não pesa mais, seu sangue azedou. Os heróis estão no chão e sujos de sangue ruim.

Eu não posso voltar, eu não quero ir.
*Você morreu por mim, e por todos que sorriram, todos estão aqui.

Também posso levitar ao pensar, também posso ter um jardim, todos os gestos forçados em nome de te, todas as mortes em nome, de mim.
O gosto do amanhã é amargo, o sol não brilha mais aqui, sua cruz não pesa mais, desça e vamos queima-la.

Eu não posso voltar, eu não quero ir.
*Você morreu por mim, e por todos que sorriram, todos estão aqui, sonhar destrói os sonhos.


Marcos Henrique